Infância roubada

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(Dois anos antes da Revolução das Máquinas)

... Lee Felix ...

Enquanto trabalhava, Felix assobiava alegremente uma música de Natal, ocasionalmente arriscando uma reboladinha para seguir o ritmo. Demonstrava uma calma incomum diante da situação, preenchendo os sacos com notas de dinheiro e algumas barras de ouro. O alarme soou alto, indicando que era hora de deixarem o banco, pois a polícia estava prestes a chegar.

Como filho de um hábil e astuto assaltante de bancos, Felix aprendeu desde cedo a arte de sobreviver no mundo do crime. Ele nunca foi uma pessoa violenta, muito menos cometia assaltos contra trabalhadores comuns; no entanto, se havia algo que sua consciência permitia, era roubar bancos.

Seu pai perdeu a vida durante um desses assaltos quando Felix tinha apenas doze anos. Sua mãe já havia falecido quando ele era criança, e, portanto, suas únicas lições de vida foram aquelas que seu pai, de forma dissimulada, transmitiu a ele.

Apesar de agir com aparente despreocupação durante os assaltos, Felix tinha plena consciência do que estava fazendo e seguia meticulosamente um plano que havia sido cuidadosamente elaborado meses antes.

Ele não se limitava apenas a assaltos a bancos para obter renda. Sua aparência angelical enganava muitos empresários carentes em busca de uma noite de prazer, e Felix sabia muito bem como se safar dessas situações, arrancando ainda uma boa quantia de dinheiro de homens gananciosos. Em seu meio social, era costumeiro apresentar-se como alguém meigo, inocente e carente, uma persona que definitivamente não condizia com sua verdadeira personalidade. Felix costumava dizer a todos que era apenas um jovem tímido, com problemas de dicção, que trabalhava como contador em uma pequena empresa de empréstimos bancários.

Aquele era apenas mais um dia comum para Felix e sua equipe, fugindo de mais um assalto ao banco. Eram quase duas da manhã quando corriam pela estrada, buscando despistar qualquer vestígio de sua presença no banco. Ao atingirem um determinado quilômetro na rodovia, fizeram a troca de carros e seguiram em direção a uma pequena cidade, lá, eles alugaram um quarto para passar a noite.

Logo pela manhã, Felix dirigiu-se a uma loja de conveniência, sentindo uma urgência por café, já que sua cabeça latejava implorando por cafeína. Ao entrar na loja, deparou-se com uma pequena fila formada no caixa, com apenas uma atendente, o que causava impaciência em alguns clientes.

Um homem corpulento desferia grosserias contra a atendente, enquanto Felix observava a atitude desagradável do sujeito à distância. Outro homem se aproximou, tentando apaziguar a situação. Felix examinou-o de cima a baixo; ele era alto, bonito, robusto, com cabelos claros. Apesar da feição marcante, o homem ostentava um sorriso contagiante que acentuava as covinhas em suas bochechas. No entanto, o senso de moda dele era terrível, as roupas escolhidas lembravam as de um avô.

O "gostosão antiquado", como Felix o apelidou mentalmente, persistia em tentar acalmar o homem enfurecido, mas seus esforços eram em vão. O sujeito continuava a gritar furiosamente, agindo como em um verdadeiro espetáculo de raiva. Quando o homem avançou na direção da atendente, o outro, de sorriso encantador, tentou contê-lo, mas acabou recebendo um soco preciso no estômago. Felix deu alguns passos à frente, observando atentamente a situação.

— Meu caro amigo! — Disse Felix para o homem que socou o outro — Que bom vê-lo por aqui.

— Você está me confundindo, baixinho. Saia daqui se não quer apanhar como aquele idiota ali — Disse o homem com asperaza.

Felix observou o homem bonito ajoelhado no chão, tentando se recuperar do soco. Notou o crachá que ele usava, indicando que era um professor de uma universidade próxima dali. Explicava a abordagem pacífica dele na tentativa de resolver a situação. Contudo, diante da ineficácia dessa abordagem com o indivíduo enfurecido, Felix se aproximou silenciosamente e encostou sua arma nas costas do homem, que instantaneamente congelou.

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