Sonho

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Karol

Já deve ter se passado umas quatro ou cinco horas que estamos aqui nessa sala, Júnior se recusa a falar qualquer coisa sobre o ocorrido.

Ruggero já lhe fez mal de todas as formas possíveis, mas mesmo assim ele se mantém calado e com um semblante neutro, como se não sentisse dor alguma.

Karol: rugge, acho que por hoje chega, ele não vai falar nada, vamos para a casa. Digo chegando perto de ti.

Rugge: tudo bem, amanhã voltaremos, não vou desistir tão fácil. Diz soltando o alicate em cima da mesa.

Saímos da sala T e fomos andando pelo corredor, até chegarmos ao centro do galpão.

Rugge: vigiem ele o tempo inteiro, se ele tentar algo, matem.  Diz para um dos seus homens, que apenas concordou com a cabeça.

Saímos do lugar e fomos direto pra casa de Ruggero, era por volta de 19:00 da noite, ainda bem que avisei para dona Sara que chegaria tarde, se não a essas horas, ela já teria chamado a polícia, com certeza.

Agus: cara, eu vou dormir aqui hoje, meus pais viajaram, não estou afim de ficar sozinho.

Rugge: ma maison et ta maison, mon ami.

Agus: valeu, cara. Diz fazendo um toque com ele. - eu vou ir pro quarto de hóspedes, preciso de um banho. Diz subindo as escadas correndo.

Rugge: você também vai ficar?. Pergunta se jogando no sofá.

Karol: não, tenho que ir pra casa, afinal, segunda tem aula e eu não estudei nada pra prova de química, vou tirar o dia pra fazer isso amanhã. Digo simples e me sento ao seu lado.

Rugge: okay, quer que meu motorista te leve ?

Karol: já chamei o Jorge, logo ele vai chegar. Ele apenas acena em confirmação com a cabeça.

Rugge: Karol.

Karol: sim ?

Rugge: você está bem ? Digo, depois de tudo o que você viu eu fazendo hoje e... O interrompo.

Karol: tá tudo bem, não sei porque está tão preocupado com isso.

Rugge: me estranha você não sentir nada ao ver aquilo tudo, geralmente as pessoas ficariam assustadas.

Karol: eu estranhamente gostei de ver aquilo, e isso sim me assusta, não era pra mim gostar, mas... Eu não sei explicar a sensação.

Rugge: veja pelo lado bom, você queria se envolver comigo, digo, com a máfia. Diz sem jeito. - então pelo menos com umas das piores partes que é a tortura, você não se sente tão mal. Diz simples.

[...]

Já estava em minha cama, pronta para dormir, já tinha jantado e tomado banho, assim que cheguei em casa, me deitei para dormir já tem mais de uma hora e eu não consigo de jeito nenhum, apesar de estar com muito sono.

Pego meu celular na escrivaninha e olho as horas, estava marcando 01:33 da manhã, coloco o celular no lugar de antes e me levanto da indo para o banheiro.

Acendo a luz e me olho no espelho, os olhos meio vermelhos por conta do sono e lábios levemente ressecados e sem cor. Pego um pouco de água da torneira e levo até a boca, faço um gargarejo e cuspo a água na pia.

Olho pra mesma e vejo minhas lâminas jogadas no canto, faz tempo que eu não as uso, as pego e levo para o quarto comigo, me sento no chão ao pé da cama e fico as olhando.

Desde que comecei a conviver mais com Ruggero que as deixei de lado, isso é uma coisa boa, mas será que meu corpo não esteja sentindo falta disso? Antes eu me cortava e logo depois caía no sono. Obviamente, pela perca de sangue, mas era bom, um sono pesado e sem pesadelos.

Arregaço a manga do meu pijama e pego uma das lâminas, a passo lentamente sobre minha pele, e logo um filete de sangue começa a surgir, e assim se segue por mais alguns cortes, não foram tão fundos, mas já foi o bastante para o sangue começar a sair sem controle.

Vejo o sangue escorrer e me lembro do que aconteceu no dia anterior.

A tortura

Aquilo me pareceu algo tão normal, tão natural, como se eu já tivesse acostumada, como se eu já tivesse vivido com aquele tipo de coisa, será que eu estou ficando doida de vez ?

Karol: sim Karol, você está ficando totalmente biruta. Digo balançando a cabeça e me levanto indo até o banheiro, lavo meu braço na pia com um sabonete, ajuda a fazer o sangue parar de escorrer...  E volto para o quarto, a perda de sangue já estava começando a fazer efeito.

Limpo o pouco sangue que pingou no chão e me deito em minha cama, fecho os olhos e durmo sem nem perceber.

Sonho on

Estava em uma casa diferente, eu ainda era pequena, acho que tinha uns 5 anos, não era a casa onde cresci, essa era mais rústica e meio escura.

Eu estava andando por alguns corredores, parece que eu conhecia muito bem aquele lugar, andava com a maior naturalidade, segui por um corredor até chegar a uma sala, não uma sala comum, mas sim uma cheia de armas, facas e tudo o que podia se imaginar.

Pai: filha, já disse que você não pode entrar aqui. Diz assim que atravesso a grande porta de madeira clara e dou de cara com papai e um outro homem, um pouco mais velho, torturando um senhor que tinha por volta dos 60 anos.

Karol: mas papai, eu gosto de ver. Digo fazendo carinha de cachorro sem dono.

Xx: ela já nasceu pronta para o nosso mundo, irmão. Diz sorrindo satisfeito.

Pai: Raul, você sabe que eu não quero ela envolvida nisso. Diz com cara reprovadora para o homem.

Raul: mas que tipo de tio eu seria, se não a incentivasse?

Pai: um tio que respeita a decisão do irmão e quer ver a filha salva e não presa a isso tudo. Diz sério e volta a me encarar. - filha, vai lá ver o que a mamãe tá fazendo, ouvi dizer que ela está na cozinha fazendo aqueles bolinhos de chuva que você adora. Fiz sorrindo.

Karol: Eba, eu amo ajudar ela, tchau papai. Digo dando um beijo rápido na bochecha do mesmo e saio correndo pelo corredor.

Sonho off

Acordo assustada e suando frio, que sonho mais louco, olho para os lados e meu olhar logo atinge a janela, onde os raios do sol começam a atravessar a cortina mal fechada.

Karol: meu plano de não ter pesadelos, não funcionou. Digo frustada.

Me levanto da cama e vou ao banheiro, faço minhas higienes e vou ao closet, pego uma calça de moletom branca e uma blusa fina de mangas compridas, verde clara. Penteio meus cabelos e saio do quarto em direção a sala de jantar.

Tenho um longo dia de estudos pela frente.





Capítulo de hoje.
Espero que gostem.




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