Relatório número dois

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"Olá, caro leitor(a)

Vejo que voltou para continuar de onde páramos. Não sei se acho corajoso da sua parte ou apenas burrice em se envolver no assunto tão perigoso desse nível, mas, a cabeça é sua.

Após aquela revelação de Chanyeol em manter Kyungsoo - contra sua vontade - na KD. Sua chegada ao dormitório de unidade foi silenciosa enquanto era arrastado pelos dois homens que eram o triplo do seu tamanho, não disse uma única palavra, seus olhos observaram cuidadosamente o caminho por onde era levado. Paredes todas feitas de metal, como da sala de interrogatório, o elevador tinha vários andares e todos usam uma farda preta com a insignia da mamba negra bordada.

Sua mente não parou de pensar um segundo sequer desde que ficou sozinho no seu mais novo quarto. Havia uma cama de solteiro do lado direito, lençóis brancos que pareciam nunca ter sido usado, também tinha uma escrivaninha de madeira junto de uma simples cadeira, uma lata de lixo no canto, um banheiro a esquerda e para um completar, apenas uma "janela" do tamanho de uma passagem para cachorro, porém ficava tão que era impossível de ver qualquer coisa além do céu escuro lá fora.

Era como ser um pássaro.

O garoto sentia seu corpo tensionado, a voz de Chanyeol ecoava pela sua mente quando disse que sua mãe havia trocado tudo para lhe renegar como filho, dizendo fazer parte da KD e naquele silêncio agoniante sentiu vontade de gritar. Grito este que ficou engasgado na sua garganta. Precisava de respostas do porquê estava ali, o que seu irmão tinha feito? O que havia acontecido com ele? E quem deu a ordem para lhe manter aqui?

"Eu só sigo ordens." Foram as palavras de Chanyeol, então, isso significava que alguém o queria ali.

Uma lembrança passou pela sua mente de quando estava no frio rigoroso do Norte, usando casacos que eram o dobro do seu tamanho, no jardim de casa enquanto observava sua mãe limpar as calhas e o seu irmão mais velho fazendo bolas de neve com as mãos jogava na sua direção. Não era nada forte, quase não encostavam em si, mas estava obcecado pela forma como seu irmão se empenhava em lhe fazer brincar porque era uma criança de quatro anos peculiar para sua idade. Diferente do primogênito que conseguia fazer todos se encantarem pelo seu jeito humilde e sorriso espontâneo. Kyungsoo pensava ser um daqueles pássaros que cai do ninho, com algum erro.

Seus pés se moveram por conta própria onde deixou seu corpo cair naquela cama estranhamente macia, encarou para o teto branco desejando que tudo isso não passasse de um pesadelo, daqueles que você é obrigado a ver até o fim, mas algo dentro de si dizia que isso continuaria mesmo que abrisse os olhos.

— Acorda.

Parecia que o garoto tinha piscado e já era outro dia.

Notou estar deitado de lado na cama e ainda usando seus sapatos, piscou confuso, quando foi que caiu no sono? Esfregou os olhos com a mão esquerda ao mesmo tempo que se sentava na ponta da cama ainda sendo o observado pelo homem parado no meio do quarto.

— Quem é você? — Kyungsoo indagou, sua voz pela manhã ficava mais grossa e arrastada.

— Sou o responsável pelo grupo de segurança, me chamo Oh Sehun. — Este se apresentou sem demonstrar nenhuma emoção na sua voz como se já tivesse decorado aquela frase varias e várias vezes.

Ainda assim ele lhe encarava de um jeito curioso, como se soubesse que não pertencia aquele lugar. O adolescente analisou Sehun e pensou que ele devia estar por volta dos seus trinta anos, tinha cabelos pretos com um risco do lado direito, um maxilar protuberante, corpo em forma como os demais, seus lábios eram finos e uma possível tatuagem escapava pelo pulso mesmo usando o uniforme. Observou ele desviar do seu olhar e estalar os dedos fazendo com que outro homem, entretanto mais jovem, entrasse no quarto segurando uma espécie de bolsa.

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