Relatório número dez

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"Tudo que eu lembro era da escuridão e do som do vento forte do lado de fora, meus pulsos doíam e meu corpo inteiro tremia de frio ao ponto dos meus dentes baterem um no outro.

— Socorro! — Era a palavra que eu mais gritava — Sehun!

Sehun tinha me deixado na porta da mansão e, para minha surpresa, ele não entrou comigo como sempre fazia, ao invés disso fui recebido por um homem que era o dobro do nosso tamanho.

— Pra onde o vão levar? — Sehun perguntou quando me puxaram para dentro do lugar.

Ele parecia realmente preocupado.

— Isso não é da sua conta. — O homem respondeu com impaciência e fechou a porta fazendo um sonoro estrondo.

Meu coração estava acelerado, mas a adrenalina causada pela raiva também circulava pelas minhas veias. Estava prestes a perguntar sobre o que iriam fazer comigo, mas não tive oportunidade de abrir a boca para soltar uma única palavra. Tudo que vi foi escuridão e quando acordei foi o mesmo.

Por horas senti meu pulso doer enquanto meus braços eram puxados por algo de cada lado, já tinha perdido a sensibilidade devido ao frio, desmaiei seguidas vezes e por um instante achei que ali seria meu fim.

Como sempre, estava errado.

A porta a minha frente se abriu iluminando, pela primeira vez, aquele cômodo. Era um quarto com uma cama de solteiro, o colchão parecia tão velho que poderia se tornar pó caso tocado e havia uma janela bem no alto, igual a do meu primeiro dormitório, ela estava aberta e era por onde a neve caia.

Para complementar, duas cordas, uma de cada lado, puxava meus braços.

— Desde a primeira vez que te vi... — A voz de Jongin preencheu meus ouvidos, assim como os passos em minha direção. — Comecei a imaginar você desse jeito.

Seu olhar era cínico, perverso, mesmo já estando despido na sua frente, parecia que ele conseguia ver muito além da minha carne.

— Seu filho da puta, me solta!

Não tive muito tempo para raciocinar quando senti meu rosto ser chutado pelas botas de combate de Jongin, o gosto de sangue rapidamente invadiu minha boca, me fazendo cuspir aquele líquido que veio com o dente da parte de trás.

— Não é assim que se fala com o seu Superior, Kyungsoo. Exijo respeito e ainda mais do que fiz por você.

Minha cabeça girava e zumbia ao mesmo tempo, o sangue parecia não querer parar de inundar meus lábios. Fez por mim? Aquilo me fez rir mesmo naquele estado.

— F-foi você que o matou... não eu.

Ele se agachou na minha frente e puxou meu cabelo, levantando meu rosto, esse contato sempre me fazia sentir que uma febre fulminante envolvia meu corpo.

— Eu o matei porque você deixou que ele te tocasse. — Jongin me culpou, seu olhar e tom de voz deixava isso muito claro. — Mas isso não vai voltar a se repetir.

As mãos de Jongin pareciam querer brincar com meu rosto, limpando o vestígio de sangue dos lábios, o polegar dele acariciava aquela parte ao mesmo tempo que seu olho me encarava com aquele mesmo brilho de quando tomou meu corpo pela última vez.

Virei o rosto desejando me afastar daquele toque, aquilo me assustava, esse brilho em seu rosto quando me encarava. Eu o odiava. Pude ouvir uma risada da parte dele, enquanto se levantava.

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