"Olá, caro leitor(a)
O relatório de número sete que você irá acompanhar contém relatos exclusivos retirados do diário pessoal de Do Kyungsoo. Esse foi um dos poucos que conseguimos recuperar.
Eu aviso de antemão que o relato a seguir contém detalhes violentos que podem causar algum desconforto a quem tiver um estômago muito sensível. Para nós, não é nada de novo dentro da unidade.
Fica ao seu critério continuar, mas lhe asseguro que aqui contém informações importantes sobre a cronologia de nossa história."
♜
"... Deixei o salão sentindo meu coração começar adoecer.
O caminho até a casa dele foi silencioso, já não havia mais nevasca, porém a melhor forma de chegar até lá era pelo helicóptero. Penso que Sehun devia achar que eu estava tremendo de frio quando me deixou em frente a porta, mas tudo que eu sentia era medo.
Não tinha lembranças boas da primeira vez que estive ali e não fazia muito tempo, mas ainda havia hematomas espalhados pela minha costa.
Estranhei quando uma senhora apareceu quando Sehun bateu na porta, não lembrava dela da última e ele também não tinha batido na porta.
— Prepare ele. — Ordenou.
A senhora não disse nada, apenas pegou minha mão com delicadeza e me puxou para segui-la. Ela tinha o cabelo preto misturado com fios brancos e ele estava preso em um coque bem alinhado, ela era tão magra e pequena que pensei que poderia quebrar se apertasse sua mão com força. Olhei para trás esperando que Sehun fizesse algo, não sei porque tive essa esperança em relação a ele, mas apenas desejava que me ajudasse.
Enquanto caminhava, prestei mais atenção do que na última vez e percebi o quão grande ela era contendo vários cômodos, pintada na cor bege como se fosse um creme, fiquei impressionado quando passei pelo quintal onde uma flor de cerejeira estava no meio dela coberta por neve. Porém, o que me chamou atenção foi um quadro em particular.
Jongin estava ao lado de um rapaz, talvez alguns anos mais velho que eu, usando uma roupa militar enquanto o outro estava de terno preto, não sorria, mas isso o tornava mais atraente.
— Entre. — Disse a senhora quando paramos em frente ao quarto dele.
Engoli a seco.
Queria poder me negar a entrar, mas meus pés não obedeceram e eu deixei ela me levar até o banheiro onde tentou me afogar da última vez. Em silêncio, ela retirou minhas roupas enquanto me colocava na banheira, enchendo com água quente, relaxando cada um dos meus ossos doloridos e meu nariz fraturado.
— Ai! — Exclamei de dor quando ela veio limpar meu rosto.
— Foi o senhor Kim quem fez isso?
Concordei com a cabeça abraçando meu corpo até juntar minhas pernas ao meu peito liso, parecia uma criança indefesa. Esperei que ela fosse dizer alguma coisa, mas apenas deu de ombros continuando seu trabalho de me limpar, esfregando meus braços com força até a pele se tornar vermelha, marcada.
— Quem é aquele rapaz? — Perguntei depois de um tempo em silêncio.
— Que rapaz?
— Aquele no quadro grande que estava na entrada.
A senhora me olhou nos olhos pela primeira vez desde a hora que Sehun me trouxe e pareceu ponderar se me contava ou não.
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Gaiola
RomanceVítima dos próprios desejos, escravos dos próprios prazeres. É assim que se inicia um romance sombrio entre dois espiões coreanos.