Mirela
Volto pra área da piscina com minhas pernas tremendo e a minha mente gritando pelo que eu acabei de fazer. O meu cérebro só tá conseguindo assimilar o meu grito interno em um "NÃOOOOOOO".
Foi bom, bom pra caralho, mas eu não devia ter feito essa merda. Meu Deus véi, é o cara mais puto que eu já conheci na minha vida, os comentários sobre ele não são os melhores que eu já ouvi sobre um homem.
Sem contar que ele é sínico, nem ia falar meu nome pra ele porque eu quero que isso fique por aqui mesmo, esse momento não pode ser relembrado no chapadão e o que eu puder fazer pra evitar, eu vou fazer. Vou continuar correndo dele, me escondendo porque como eu sempre digo: "Quem não é visto, não é lembrado".
Jogo o cabelo pra trás quando chego perto da minha irmã que me olha desconfiada. Ela estreita os olhos na minha direção e eu arqueio a sobrancelha tentando disfarçar que tô devendo até minha alma agora.
Mariana: Tava aonde, Memê?- pergunta já sabendo que eu tava no banheiro.
Mirela: No banheiro ué!- ela concorda com a cabeça passando a língua no lábio.
Mariana: Fazendo o que que demorou isso tudo?- encosta no murinho e eu reviro os olhos .
Mirela: A onda bateu errada, Mariana, fui vomitar, pode não?- respondo já querendo fugir do assunto e ela rir debochada chegando mais perto.
Mariana: Pode, Claro que pode!- balança a cabeça em confirmação.- Mas eu até acreditaria em você se não estivesse com cheiro de sexo e seu pescoço não tivesse todo marcado.- eu passo a mão no pescoço me entregando e ela olha pro homem que passa atrás de mim.- E acreditaria também se ele não estivesse voltando do mesmo lugar que você tava, e com o abdômen todo arranhado.- gargalha me deixando sem graça.
Mirela: Para de pagar de doida, euem!- olho pra frente jogando o cabelo pelo pescoço na intenção de tampar as marcas que a minha irmã disse que tinha.
Mariana: Sonsa demais.- ela rir bebendo do copo dela.- Sonsa nao, se faz!
Nego com a cabeça olhando pra onde o filho da puta tá conversando com o Juca enquanto olha pra mim. Ele dá um sorriso de lado sabendo que eu me arrependi, mas mostrando que não se arrependeu nenhum pouco.
Mirela: Tu não falou que a gente ia embora?- pergunto pra Mariana e ela confirma.- Então vamo ué.
Mariana: Tô esperando nossa carona.- e como se tivesse lendo meus pensamentos ela aponta pro cara.- Ó ele ali, bora!
Eu sigo minha irmã indo até o carro do cara e seguimos viagem até a favela, lugar no qual eu nem queria ter saído, ou melhor, não DEVIA ter saído.
(...)
Duas semanas trabalhando na lanchonete da dona Eva cobrindo a funcionária dela que foi ganhar neném e que precisa ficar de "licença maternidade". A velha pediu pra eu ficar no lugar dela e me ofereceu um valor favorável pra alguém que não tá em possibilidade de exigir nada porque tá desempregada.
Desço a ladeira pela segunda vez no dia depois de ter almoçado e ter a vontade de dormir a tarde toda. Passo pela praça pra dar um alô na minha irmã que tá cuidando da filha da amiga dela pra ganhar um trocado e levar a marmita pra ela.
De longe vejo as motos descendo e a Xre vermelha se destacar entre todas, com o homem alto, moreno e gostoso encima dela. Os cordões de ouro brilhando por cima da pele tatuada e a bermuda branca marcando embaixo. INFERNO DE HOMEM!
Ele olha de relance pra rua que eu tô e estreita os olhos reconhecendo. Meu coração acelera, meu cu tranca e minha boca seca quando ele passa da rua e seguindo seu caminho, mas aí eu desmorono quando ele volta na minha direção.
Eu devo ter jogado 300 pedras na cruz de Jesus, batido num mendigo e dado rodadas de um deficiente, por que não é possível alguém ser tão azarada como eu.
Ele acelera um pouco e para do meu lado colocando a moto voltada a direção que eu tô indo me acompanhando. Continuo com minha atenção à frente fingindo que ele não está ali e ele continua esperando que eu olhe pra ele, mas não acontece.
Sheik: Vai falar comigo não, Mirela?- debocha quando fala meu nome e meu sangue ferve junto com o fogo no meio das minhas pernas que tá ali desde a hora que ele parou do meu lado.
Mirela: Olha que lindo, ele lembra meu nome!- debocho de volta agora olhando pra ele que dá um sorriso cafajeste de lado.
Sheik: Não foi só do seu nome que eu não esqueci!- eu travo a respiração sentindo o tesao me consumindo indevidamente e fecho a cara pra ele.
Mirela: Pois é bom não esquecer mesmo não, porque não vai passar de lembranças!- ele gargalha achando tudo muito bom e rebate.
Sheik: Vou pagar pra ver então.- acelera a moto só pra fazer barulho e mede meu corpo dentro da calça jeans e a blusa masculina.
Mirela: Tu é um safado mesmo, né não?- ele concorda me deixando indignada do jeito que ele tá me irritando.
Sheik: Eu gosto de ser assim, e tu também gostou pô!- eu gargalho com a falta de vergonha na cara desse cara.
Mirela: Gostei, não nego não, mas foi coisa de momento e da onda!- ele desvia o olhar dessa vez.- Mas parece que tu gostou mais, já que não esqueceu.
Sheik: Não esqueci porque foi inusitado, dentro do banheiro, sabe como é né? Prefiro encima de uma cama, mais confortável.- reviro os olhos com raiva por ter imaginado eu e ele em uma cama.- Se quiser experimentar, sabe que pode falar comigo.- puxa meu cabelo e eu bato na mão dele.
Mirela: Passo a proposta!- ele concorda como se soubesse que eu vou voltar atrás.
Sheik: Mas namoral, Tu tá fazendo o que por aqui?- eu gargalho por saber que tudo que eu fiz pra não ser notada por ele tinha dado certo.
Mirela: Eu moro aqui!- ele fecha a cara e me olha confuso.
Sheik: Aqui?- pergunta ainda confuso e eu confirmo.- E como eu nunca te vi aqui?
Mirela: Tava me escondendo.- ele me encara sem acreditar.- Tá dando mole em, bandidão, não sabe nem quem mora na tua favela.
Sheik: Tá sabendo demais tu então, garota, sabe até minhas funções.- para a moto e eu paro de andar olhando pra ele.
Mirela: E não é sua função saber disso?- ele nega.- Ahan, tá.
Sheik: Mas é bom saber, vai ficar mais fácil de te convencer a me dar de novo.- debocha de novo.- pensei que ia te ver só nas festinhas.
Mirela: Nem me vendo todo dia tu vai conseguir, gatinho.- apresso os passos vendo minha irmã sentada no banquinho.
Ele gargalha e eu atravesso a rua sem me despedir dele, mas como senão bastasse me perturbar o caminho todo, ele solta um grito pra todo mundo ouvir.
Sheik: Tchau, Mirela, pensa na minha proposta!- eu congelo no lugar virando e dando dedo pra ele que acelera a moto rindo e me viro pra minha irmã que tá me olhando confusa.
Eu sento do lado dela e prendo o cabelo pensando nessa merda e espero a reação dela que ainda me olha confusa.
Mariana: Que porra foi essa?- pergunta estática.
