ONE

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*ESTE TRAILER NÃO ME PERTENCE. 

*ESTÁ HISTÓRIA CONTÉM INCESTO.


RMS Titanic, Porto de Southampton,

– 10 de Abril de 1912 –

. . .


Nossas acomodações eram as melhores que o dinheiro poderia comprar. Havia uma lareira, provavelmente servindo de adorno, mas não me surpreenderia se de fato houvesse funcionalidade, as camas eram largas com lençóis de seda e bordados de fio de ouro, ao menos era o que dizia nas etiquetas que eu poderia ou não ter conferido. As paredes de veludo vermelho, candelabros e portas de madeira maciça, lembravam-me de aposentos reais. Nem o rei George V deveria desfrutar de tamanho luxo, as uvas frescas estavam sobre o aparador e duas garrafas do melhor champanhe da Bretanha estavam repousadas em um balde de alumínio repleto de gelo. Apenas as taças de cristal de mamãe e papai estavam em uso.

 Anne passou os dedos pela costura do terno sobre os meus ombros.

— Este tecido é divino! — Disse com um sorriso encantador, seu cabelo escuro estava preso em um penteado elaborado e o vestido de musselina azul marinho viera no dia anterior de uma encomenda de Paris. Meu pai não poderia ter escolhido mulher mais bela para repor a ausência da minha adorada mãe. Sei que em seu repouso eterno ela se regozijaria com a segunda mãe que me foi dada.

Sorri pequeno, um tanto acanhado, tocando as lapelas. A gravata bordô era deveras extravagante ao meu gosto discreto, mas me caíra bem.

Meu pai concordou, enquanto desfrutava do champanhe e examinava cada centímetro de nossa cabine.

— Essa é definitivamente a embarcação mais suntuosa na qual já estive. — Mark comentou aparentando estar realmente impressionado. O que era raro para um homem de sua estirpe, papai já deveria ter estado por toda parte, nascido em berço de ouro e um membro admirável da alta aristocracia britânica. Ansiava pelo dia em que seria metade do homem que ele é.

— Não é à toa que o chamam de Navio dos Sonhos. — Anne concluiu, ajeitando minhas abotoaduras. Dois pequenos tordos em cada punho.

— De fato. — Assentiu, pescando no bolso do paletó seu estojo de charutos, tirou um de lá, cortou a ponta e o acendeu logo dando um trago demorado. A fumaça incomodou meus olhos, mas não dei uma palavra a respeito — Devemos um jantar de agradecimento aos Calder. Foi deveras gentil nos dar as melhores acomodações do navio.

— Eles disseram que são amigos de longa data do dono do navio. Não lhes deve ter custado uma libra.

— Seja como for, Anne, devemos mostrar toda a boa educação e cordialidade dos Tomlinson. — O observei surgir as minhas costas, sua imagem imponente refletida no espelho diminuía em muito a minha, uma de suas mãos pesou sobre meu ombro direito — Demonstre um pouco de gratidão a adorável Eleanor.

Engoli em seco.

— Sim, papai.

— Exatamente, irmão, demonstre toda a sua educação enquanto deflora a adorável Eleanor contra os botes no deck. — Ouvi meu irmão dizer ao fundo, jogado de forma nada cavalheiresca no divã marrom, com os saltos de suas botas arranhando o tecido absurdamente caro — Aliás, alguém notou que há pouquíssimos botes?

Mark, ao passar por Harry, bateu com a bengala em suas pernas em uma clara ordem para que ele arrumasse sua postura, ao invés disso o de cabelos cacheados optou por puxar a bandeja de castanhas da mesinha de vidro e trazê-la sobre seu estômago, mastigando até mesmo de boca aberta em provocação a todas as normas de etiqueta e é claro, nosso pai.

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