"Durante o verão Louis viaja até Derbyshire, onde fica a casa dos Styles. Ele atua como jardineiro e cultiva uma amizade de longa data com o caçula da família. Porém, quando chega percebe que o doce e puro Harry não parece mais tão inocente..."
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A paisagem campestre era a predileta de Louis. Ele adorava ver o verde vibrante na grama e no topo das árvores frutíferas, os canteiros estavam exuberantes com cores diferentes se mesclando naquele belíssimo espetáculo florido. As flores eram a sua grande paixão e era elas que ele gostaria de estudar quando fosse para a faculdade no fim das férias de verão.
Seus planos consistiam em uma bolsa integral para Cambridge, por isso tinha se dedicado ainda mais aos estudos no último ano do colegial, sua família era muito humilde e arcar com todos os custos seria impossível. Então, desde os onze anos ele vinha com o pai até a mansão dos Styles a cada temporada, afim de aprender o ofício de jardineiro e mesmo depois que Mark conseguiu abrir o seu próprio negócio e se estabelecer em Doncaster, Louis continuava a viajar todos os anos e trabalhar durante os três meses, para sua poupança, mas dizer que ele o fazia apenas por dinheiro seria uma grande mentira.
Após seis anos consecutivos estava mais do que apegado aquelas pessoas. Anne era uma mulher extraordinária, doce e amorosa e o tratava como um filho, indiferente a enorme diferença social que os separava, ela sempre foi ótima, o mesmo podia ser dito de Desmond que embora fosse um homem muito ocupado estava presente em sua recepção em todos os anos e encontrava um tempinho em sua agenda para poder conversar com Louis, perguntar sobre a família, escola e planos futuros, foi ele quem incucou o desejo de Louis de estudar em Cambridge. Desmond o garantiu que faria uma carta de recomendação em seu nome ao reitor da universidade, o que acarretaria de forma positiva para sua aprovação. Gemma era a única filha da família, dona de uma beleza encantadora, tal como seus gestos e palavras, ela era muito tímida e surpreendeu Tomlinson no verão passado quando se confessou apaixonada por ele e lhe roubou um beijinho acanhado. Foi doloroso ter de afastá-la e dizer que, infelizmente, não podia retribuir aos sentimentos puros e verdadeiros da garota, quem sabe se não houvesse Harry.
Harry.
Este era o nome que assombrava e ao mesmo tempo adocicava os sonhos de Louis. Harry Styles sempre fora uma figura bastante peculiar e singular dentro daquela família e porque não dizer do mundo.
Quando Louis pisou na casa de campo, ainda muito jovem e ignorante, teve um sério problema para assimilar que o serzinho de cabelos cacheados e grandes olhos verdes que usava uma tiara cor de rosa e vestido rodado não era uma menina e sim um menino, um menininho muito especial que gostava de coisas bonitas e delicadas que as pessoas insistiam dizer ser exclusivas para meninas, mas Harry nunca quis saber. Ele era um garoto que se sentia muito mais bonito de saias do que de calças e não havia problema algum com isso, contanto que se restringisse as férias.
Quando a temporada acabava eles sempre retornavam para Londres, onde Desmond desempenhava um papel de grande importância como o primeiro-ministro da Inglaterra e as aparências precisavam se manter impecáveis, Harry teria de voltar para Eton e usar seu uniforme padrão, trocando as sapatilhas pelos sapatos pretos lustrosos que o faziam vagar por aí tristonho. Mas ele sabia que não podia fazer nada quanto a isso. Seu maior consolo durante os meses em "cárcere" era se corresponder com Louis por cartas, uma vez que todas as ligações eram registradas e ele não queria que pensassem errado quando vissem o quanto ele conversava com outro rapaz.
Louis adorava receber a correspondência, lendo vagarosamente cada linha no papel rosa com perfume de morango que o fazia lembrar de anéis de cachos enrolando-se em seus dedos enquanto deitavam sobre o gramado, observando o céu estrelado e confessando seus tolos segredos.