LITTLE DEATH

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" Harry é um rico herdeiro que acaba de ser abandonado no altar. Querendo esquecer da humilhação e afogar suas mágoas vai a um bar onde encontra Louis, um homem que todos evitam, mas para Harry ele é o único que pode ajudá-lo..."


O motorista dirigia a horas sem um destino certo, o homem grisalho de tempos em tempos checava a gasolina. Aquele tour pela cidade já tinha esvaziado quase todo o tanque, passava das 23:30 e seu chefe continuava no banco de trás, taciturno e pensativo.

Harry não era do tipo calado, mas especialmente hoje não haviam palavras que pudessem expressar seus sentimentos atuais. Bem, ele sabia que não era o homem perfeito, contudo estava convicto de ser o melhor namorado que Rachel já teve em toda a sua vida, ele era atencioso, um ótimo ouvinte, lhe enviava flores, assistia todos os filmes ruins que ela sugeria – nem ao menos adormecia durante a seção de tortura, pelo amor de deus – e a respeitou totalmente quando ela decidiu que eles só voltariam a transar depois do casamento, o que levou três anos até se concretizar.

Correção; nada se concretizou. Harry viveu em celibato por três malditos anos à toa, porque por algum motivo misterioso a bela Ray acordou e olhou para todas as flores e damas, canapés e o vestido fodidamente caro e achou que nada daquilo era pra ela, que era jovem demais pra se prender a alguém daquela forma e sem sequer deixar um bilhetinho jogou coisas aleatórias em uma mochila e pegou um avião para o Marrocos.

A noiva dele estava no Marrocos e ele no altar, ainda alheio a mudança radical de planos. Não é preciso dizer que foi no mínimo constrangedor quando Niall se esgueirou para dentro da igreja sem trazer a porra da irmã no braço, o que servia de dica mais do que direta, mas ele precisou chegar mais perto e sussurrar no ouvido de Harry – nada baixo, o que acabou piorando a situação – Anne e Desmond ouviram de primeira e fizeram um show daqueles, afinal, não era só vergonhoso para Harry, como também para o nome da família Styles. Eles eram milionários, a elite inglesa não podia ter seu herdeiro levando um pé na bunda com cobertura da imprensa e tudo mais. E foi enquanto todo mundo enlouquecia que o cacheado sequestrou o motorista da família e o mandou dirigir pra qualquer lugar.

Em algum momento Harry se esqueceu que cabia a ele escolher o qualquer lugar.

Remoendo a raiva, frustração e angústia porque, bem, eles não eram alma gêmeas, estavam mais para melhores amigos que se beijaram uma vez e decidiram namorar. Ser marido de alguém não estava na sua lista de sonhos, mas parecia certo quando decidiram e embora arrassado também se sentia aliviado. Como se tivesse sido impedido de cometer um grave erro.

No fundo estava grato a Rachel por ter tido a coragem para fazer aquilo que ele não conseguiu.

Foi só quando Owen, seu motorista pigarreou que se deu conta de onde estava. Havia deixado sua mente vagar enquanto observava as ruas movimentadas de uma sexta feira à noite através da janela.

— Senhor, temos um destino? — Indagou com seu tom cordial e o sotaque acentuado de sempre.

Harry estava se convencendo de que era melhor voltar para o seu apartamento. Agora era apenas seu, mesmo que tivesse um bilhão de rastros dela por cada milímetro dele.

Era uma decisão quase certa quando se assustou com o barulho de buzinas passando bem ao seu lado, eram dois carros que passavam acelerados, cheios de jovens enérgicos e bagunceiros, eles desceram e rumaram para um bar grande com letras néon piscando em roxo o nome Purple Night, ele nunca havia estado em um lugar como aquele. Não parecia grande o suficiente para uma boate, estava mais para um bar.

Um bar de estrada com todo o tipo de gente, definitivamente não o seu tipo. De repente, beber algo pareceu atraente demais pra dizer não.

— Owen, acho que vou ficar por aqui, pode voltar. Depois eu pego um táxi. — Disse, voltando a vestir seu sobretudo sobre o smoking e ajeitar os longos cabelos cacheados de maneira que caíssem harmoniosamente por seus ombros.

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