"Às vésperas de seu casamento, tudo o que Harry quer é uma última escapada de seu noivo monótono e basicamente sem graça. Sua chance de ouro surge quando sua melhor amiga lhe dá a despedida de solteiro dos sonhos, até que Louis, o noivo chato, resolve se meter..."
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Harry iria morrer.
Definitivamente.
O tédio mata e o pobre Styles seria sua primeira vítima. Mas ele tentava lutar com unhas e dentes enquanto sorria com suas covinhas adoráveis e balançava suas botas douradas de bico fino para frente e para trás, fingindo não estar morrendo por dentro ao que Louis insistia com a confeiteira que as flores de glacê do bolo estavam no tom errado de amarelo.
O que pra início de conversa nem era a cor que Harry tinha sugerido, mas Tomlinson, como a coisinha chata e meticulosa de sempre reclamou que rosa era uma cor muito clichê e que amarelo, este sim era o ideal. Harry revirou os olhos e acabou concordando, porque ele tinha muita preguiça e francamente, discutir sobre as cores das flores de glacê era uma puta perda de tempo e olha só onde eles se encontravam, às vésperas do bendito casamento deles.
Louis estava em pé, com as mãos espalmadas na bancada. Um vinco profundo entre suas sobrancelhas, os óculos de armação grossa e preta caindo pela ponte do nariz, os sapatos e calças sociais combinando no mesmo tom de cinza e a camisa de listras estava meio amassada após Styles puxa-la de dentro de suas calças porque isso já era passar dos limites, Harry só tinha vinte e quatro e parecia prestes a se casar com um senhor com o triplo de sua idade e não alguém apenas dois anos mais velho.
Porém Louis Tomlinson sempre foi assim, ele era velho, na alma, sabe? Não sei se faz sentido, mas ele era aquele tipo de pessoa que usava sapato social bem engraxados no lugar de ALL STAR encardidos como qualquer outro adolescente, preferindo estudar em seu quarto, recluso do mundo ao invés de sair e beber igual todo mundo. Ele era diferente e tinha várias manias e costumes esquisitos, pirava com bobagens e era muito nervoso, não do tipo furioso que sai arrancando portas e sim daqueles que ficam roendo unhas e tremendo como um pinscher. De alguma maneira aquele garoto pequeno e cafona que andava pelos corredores com o rosto enterrado nos livros chamou a atenção do cestinha do time de basquete depois de ter levado uma bolada acidental. No momento em que Harry correu para ajuda-lo, repetindo inúmeros pedidos de desculpas pelo óculos quebrado no chão, com a lente rachada que deixara um corte superficial no nariz de Louis foi que a magia aconteceu, ou qualquer baboseira que eles dizem quando o amor acontece.
Seus olhos se cruzaram e ambos coraram, ninguém prestou muita atenção na ocasião, contudo, um mês depois todos já sabiam que o impossível tinha acontecido e o garoto esquisito que ninguém sabia o nome estava namorando com o melhor jogador do time. Não foi uma aventura e não foi passageiro, durou o resto do colegial e sobreviveu a faculdade e há exatos dois anos eles viviam juntos e há oito meses estavam noivos e este estava sendo o momento de Louis, que só falava e pensava nisso.
Bom, Harry só precisava aparecer, esta era a sua única obrigação e estava okay pra ele.
Ele só se lamentava por não estar tão empolgado quanto achou que estaria quando o grande dia se aproximasse. Ao invés disso preferia contar as manchas escuras sobre o granito da bancada, sem dar palpite ou coisa alguma.
— Senhor Tomlinson, eu lhe dou a garantia de que este erro será reparado. — Bárbara dizia convicta do outro lado do balcão, apertando as mãos contra o peito, aparentando estar arrasada.
Louis correu os dedos pelos fios impecavelmente penteados para o lado direito. Ele tinha uma franja que raramente deixava despenteada, Harry sentia falta de agarra-la. Na verdade ele vinha sentindo falta de muita coisa, os arranjos para o casamento e o cargo de editor-chefe no jornal onde Tomlinson trabalhava vinham corroendo todo o seu tempo e não restava muito para o noivo.