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Parte 3 - Bolinho de bacalhau

Parte 3 – Bolinho de bacalhau

Não havia um motivo real para Jimin ter vindo para terra. Ao que tudo indicava ele vivia tranquilo no mar, sem pais opressores ou sem paixões inexplicáveis por humanos ou terra. Resumindo, não tinha nada que prendesse Jimin ali – talvez mariscos com limão e leite de banana, sua nova paixão. E isso preocupava Jungkook dia e noite porque Jimin poderia sumir de suas mãos a qualquer dia, sendo que ele estava desastrosamente apaixonado pelo serzinho de cabelos cor de rosa.

Ele nem precisou de bolinho de bacalhau pra confessar aquilo, pontos para Jeon Jungkook.

Então seu coração diminuía de tamanho, dolorido e choroso, enquanto observava Jimin se aventurando cada dia mais no mundo dos humanos. Uma hora aquilo iria perder a graça para ele e sabia que seria o dia da despedida. O pequeno iria partir e deixá-lo ali, em um bangalô velho, sozinho, com alguns wons no banco e conchinhas no bolso. O que ele poderia oferecer além de companhia e aulas desastradas de "como ser humano"? Talvez sobras de champong, alguns mariscos com limão e leite de banana de sobremesa. Enfim, Jeon Jungkook era apenas um jovem humano comum e perdido de Busan desejando um peixe grande demais para seu barquinho pescar – quase literalmente falando.

Ele conquistara seus amigos num piscar de olhos e por sorte os mesmos eram de confiança, pois Jimin nem ligara de mostrar sua cauda enorme um dia para eles. Achou que Namjoon infartaria e Taehyung o roubaria de si – o que rendeu um ciúme reprimido chato -, mas felizmente tudo ocorreu bem, Jimin ainda era seu. Pensamento errado e difícil de reprimir, esse ele realmente não confessaria nem por bolinho de bacalhau à vontade. Mas sim, Jimin ainda estava em seu bangalô, gastando uma hora diária na banheira, comendo mariscos com limão e dormindo grudado em si todas as noites.

Naquele momento estavam deitados na cama de Jungkook, no único quarto da construção, com a janela bem aberta para entrar a brisa marítima noturna sobre eles. Como era um verão normal fazia calor e aquele vento eterno sobre o bangalô era muito bem vindo. O lençóis foram chutados pelas pernas para algum canto do colchão e, mesmo com o calor, Jimin ainda estava abraçado a si. Haviam acabado de se deitar, depois de comerem champong e Jimin ter tomado leite de banana, satisfeitos e prontos para repousar nos braços de Morfeu, mas Jungkook ainda encarava o céu lá fora enquanto fazia cafuné nos cabelos do menor. Pelo visto não dormiria tão cedo naquela noite.

- Kookie? – Jimin lhe chamou, mostrando ainda estar acordado também.

- Sim, Minnie? – se virou para poder observar o rosto próximo ao seu. Felizmente o luar iluminava bem o rosto bonito demais para si. O coração ficar minúsculo no peito foi automático.

- Você está estranho nesses dias. – já fazia quase dois meses de convivência de ambos e Jungkook nunca se cansaria de tê-lo junto a si. Não era surpresa o rosado ter percebido suas caretas ocasionais quando lembrava que poderia perdê-lo. Não pode evitar o suspiro.

- Eu estou com um pouco de medo. – confessou baixinho, tentando se segurar para não puxar o tritão mais ainda contra seu corpo. As curvas de Jimin se encaixavam tão bem nas suas que era mais um motivo para seu coração ficar apertadinho. – De te perder. – aquilo mal foi audível, mas sorte que Jimin tinha boa audição e o único barulho ali era das ondas do mar distantes.

- Mas eu não vou sumir. – ele parecia confuso, franzindo as sobrancelhas.

- Não agora, mas depois. Quando você cansar disso tudo e voltar para o mar. – se sentia um poço de egoísmo, mas como evitaria de sentir medo e preocupação do pequeno voltar para casa?

- Porque eu faria isso? – a testa franziu mais um pouco.

- Porque é a sua casa, Minnie. Sua família está lá, sua vida está lá...

- Mas o Jungkookie não está lá. Eu não quero deixar você. – o coração falhou umas duas batidas com aquela frase, talvez ele não tenha escutado bem. Ou talvez esteja se iludindo e sonhando acordado. Droga, será que estavam dormindo e ele estava sonhando com aquilo?

Jungkook se beliscou e soltou um resmungo. Jimin ficou chocado enquanto levava a mão para o braço do mais novo, checando se machucara.

- Porque fez isso? – ele estava horrorizado.

- Para checar se não estava dormindo.

- Mas não faz sentido. – o pequeno nunca conseguiria entender certas coisas humanas, sinceramente.

- Enfim, isso não importa. Mas você vai querer voltar pra casa um dia.

- Eu sinto saudades sim só que estou feliz aqui. Não entendo porque acha que vou embora. – Jungkook levou o indicador até o franzido na testa do rosado, massageando e tentando suavizar a expressão dele, Jimin ficava muito melhor sorrindo. – Eu quero ficar com você. – talvez o moreno tenha infartado porque ele paralisou igual ao dia que encontrara o tritão. – Kookie?

- Mas ainda assim...

- Eu quero ficar aqui. – Jimin o interrompeu, parecendo entender o temor e motivação real do mais novo. – Eu não ligo de ficar na banheira pra hidratar a cauda, ou de me sentir muito cansado debaixo do sol, ou mesmo de ficar sozinho esperando o Kookie voltar do restaurante. Sempre fica melhor com você. – ele apoiou o rosto na curva do pescoço de Jungkook, o fazendo estremecer e quase ter um piripaque.

- Mas...

- Cala a boca, Kookie. – ele resmungou, fazendo cócegas no seu pescoço com sua respiração quentinha.

- Aish, você está andando muito com o Taehyung. – ele estava com o rosto queimando e agradecia do pequeno não estar o olhando, nem o luar conseguia esconder o quanto deveria estar vermelho.

- TaeTae é legal, eu gosto dele. – admitiu. – Mas eu gosto muito mais de você. – é oficial, Jungkook estava com uma taquicardia extrema e qualquer um que estivesse naquele quarto poderia ouvir o quão alto estava seus batimentos. O que era bolinhos de bacalhau perto daquele tritão?

- Eu te amo, Minnie. – confessou, sentindo o coração apertadinho.

- Eu também te amo, Kookie. – Jungkook abraçou o corpo menor com mais apego ainda.

Seu coração diminuía cada vez mais, só que por um motivo diferente – um motivo muito, muito, muito bom.