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Parte 6 - Leite de banana

Parte 6 – Leite de banana

Jungkook mal conseguia acreditar que estava em uma minúscula ilha a 20km do continente, cercado de sereias e tritões o congratulando e examinando, e esperando Jimin dar à luz. Infelizmente o impediram de entrar na reentrância com luz natural que escolheram para o parto, o que o fez emburrar, segurando uma mochila de providências para ele, Jimin e o bebê. Como sequer foram em um hospital para fazer pelo menos um ultrassom, nem fazia ideia de qual o sexo do bebê, embora Jimin pusesse as mãozinhas sobre a barriguinha saliente, fechasse os olhos e pronunciasse que era uma menina. Ele realmente não sabia nada sobre aquilo e confiava no ser parceiro de alma.

Parceiro de alma. Mal acreditava que tinha se casado de forma sereia com Jimin. Ainda queria fazer de forma humana, mas a sereia tinha sido mágica, fascinante e atordoante. Ele e Jimin – na época grávido de oito meses – foram à praia em uma noite clara de lua cheia, encontrando diversos parentes de Jimin na água e alguns fora dela. Ele se sentiu bastante intimidado, mas a mãozinha de Jimin segurando firme na sua o transmitira segurança e tranquilidade. Uma senhora parcamente vestida com algas e tecidos que lembravam redes de pesca entremeados entoou cantos em uma língua estranha para si, sendo seguida pelos outros. Jimin estremeceu ao seu lado e ele o segurou pela cintura, mantendo-o seguro contra si. Trocaram pérolas e água do mar foi derramada sobre eles – Jungkook pode jurar que sentiu alguma energia estranha percorrendo o seu corpo com o ato. O ato foi finalizado com um selar de lábios e os parentes de Jimin gritando. O moreno se assustou, o que fez o rosado rir e falar que os gritos eram como celebravam uma união.

Jungkook buscou uma pérola no mar para Jimin e vice e versa. Foi bem, bem mais complicado para o humano conseguir aquilo. A troca de pérolas era fundamental e eram consideradas símbolos de união entre sereias, Jungkook precisava buscar a própria pérola para dar a Jimin. Jimin conseguiu a sua em uma tarde no mar, mesmo estando grávido. O moreno resmungava o tempo todo sobre facilidades de se ter uma cauda, divertindo o rosado, mas se aventurara no mar. Ele deve ter nadado por toda a costa procurando uma maldita pérola em cada concha que encontrava nos corais e recifes. Yoongi ficara bravo por ele pegar seu barco emprestado todos os dias para aquela missão, querendo ser o padrinho do bebê quando nascesse como pagamento. Namjoon, Taehyung, Hoseok, Jin e Yoongi brigavam entre si para ver quem seria o padrinho oficial do bebê, desde tirando pedra, papel, tesoura, até com presentes para Jimin, para tentar comprá-lo na escolha. O pequeno disse que não tinha nada a ver com aquilo, sereias não tinham essa coisa de padrinho e madrinha, e jogou tudo nas mãos do humano – para seu azar.

Então o barco de Yoongi foi usado por três semanas inteiras de busca de uma pérola, tudo para que pudesse se unir com Jimin e o bebê ter finalmente um padrinho. O moreno estava quase à beira do choro, debaixo d'água mesmo, quando achara uma concha pequena e perdida perto de um belo coral. A madrepérola possuía um brilho rosado, um sinal, que ele não ignorou. Usou a faca para abrir a concha debaixo do mar mesmo, feliz pelos tanques de oxigênio – Yoongi fazia passeios de mergulho com turistas -, e encontrou uma pérola esquisitinha e torta dentro da mesma. A pérola possuía inclusive um tom bem suave de rosa, o que não poderia ser mais auspicioso. Jimin adorou-a, mesmo que a que ele tenha lhe dado fosse grande e perfeita como uma pérola deveria ser.

Agora estava ali, um longo dia com parentes de Jimin e aguardando poder rever o parceiro e o filho de ambos. Ele trouxe uma marmita de mariscos com limão – bolinhos de bacalhau para si – que todos adoraram e falaram que as iguarias humanas eram maravilhosas. Sem contar no leite de banana que foi quase aplaudido. Conversou com sereias de cabelos coloridos e também de tons mais humanamente normais, rosas, azuis, castanhos, loiros, cada um com sua particularidade. Apesar da reprodução limitada de sereias, todos pareciam unidos e parentes uns dos outros, até mesmo da Polinésia estavam ali. Ou talvez seja o interesse por conhecer um bebê entre um humano e um deles, algo que não acontecia há alguns séculos na região. Felizmente conseguiram algum tipo de roupa para não matar Jungkook de constrangimento, aviso prévio de Jimin – os que não conseguiram apenas ficaram boiando na praia da pequena ilhota mesmo.

Quando a noite caiu, ele batia papo animadamente com primos e primas de Jimin que contavam suas aventuras por outros mares, e enfim a velha senhora que os unira apareceu no local, silenciando o ambiente. Ela gritou e todos gritaram juntos, Jungkook se encolheu com a comemoração e seu coração que esteve apertado por tantas horas, enfim voltou ao normal. Mal pode controlar o excitamento ao acompanhar a senhora até a reentrância iluminada por tochas e pela luz da lua. Jimin estava deitado sobre uma espécie de ninho de algas e folhas, com suas pernas e segurando um pequeninho ser entre seus braços que mamava seu seio tranquilamente. Jungkook sentiu os joelhos fraquejaram, por sorte já ao lado do ninho improvisado, observando a cena com os olhos borrados de lágrimas.

Jimin sorriu lindamente para si, gotículas de suor pontilhando sua testa e fazendo os fios cor de rosa grudarem na mesma, corado e parecendo transbordar de felicidade. Era uma garotinha nos braços de Jimin, bem como ele falara. Tão pequena, os poucos fios negros cobrindo a cabeça, as mãozinhas minúsculas fechadinhas e a concentração ao mamar, tão parecida com o pai tritão que Jungkook queria gritar, ele agora tinha uma mini-Jimin também em sua vida.

- Ela... ? – conseguiu questionar o parceiro.

- Sim, ela tem uma cauda. – deu uma risadinha e o sorriso de Jungkook ficou maior ainda. – Deu tudo certo.

- Obrigado Jimin. – o humano mal conseguia segurar o choro. – Eu te amo tanto. Vocês dois. – aconchegou mais o corpo junto do parceiro e filha, observando-a mamar calmamente.

- Eu também te amo muito, Kookie. Obrigado por ter me secado naquela noite. – o pequeno devolveu, fazendo os olhos sumirem no sorriso amável que lhe deu.