Capítulo 5

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Minha mãe sacou uma espada que estava escondida na saia do vestido. Em todos os meus anos de vida, nunca vira minha mãe empunhar uma espada, tanto que tudo que aprendi foi sozinha e com a ajuda de alguns guardas do palácio - que me ensinavam sem a permissão de minha mãe.
Aaron balançou a cabeça suspirando de tristeza.

- Acha mesmo que consegue me matar?

- Entregue minha filha para mim ou não terei escolha.

Observo Esmeralda apertar forte demais o cabo da espada e suar frio. Está certo, minha mãe não é assassina e provavelmente nunca pegou em uma espada, não é uma surpresa.

Minha mãe investe em atacar o Grande Rei feérico. Ele desvia e um sorriso divertido se abre em seu rosto. Aaron está amando ver minha mãe se humilhar daquele jeito. Ela quase o acerta, mas um guarda bloqueia seu ataque. Eles estão finalmente agindo.

- Mãe, pare com isso!

Grito desesperada. Esmeralda pareceu me ignorar. Tento me arrastar até ela, porém, dois guardas me seguram pelos ombros, as unhas pontudas quase perfurando minha pele.

- Por favor - olho para Aaron. - Deixe minha mãe ir!

Ele também me ignora.

Um dos guardas corta seu pescoço e o olho perfura seu coração. Sinto algo morrer dentro de mim quando minha mãe caí no chão, a espada indo parar perto de mim. Meus olhos se enchem de água, grito usando toda minha força para tentar me soltar das garras dos guardas que me seguravam, mas sem sucesso. Olho para o chão, as lágrimas começam a descer quentes por meu rosto e caiem no chão.

Uma poça de sangue ficando cada vez maior no chão, em volta da minha mãe, que agora está morta.

Minha mãe morreu.

Um homem vestindo uma camisa que mostrava metade do peitoral definido e uma calça apertada com sapatos pretos; se aproximou do rei.

- O que vossa majestade fará com o filho mais novo dela?

Olho para Aaron quando o homem menciona meu irmão e volto a ficar desesperada.

- Por favor, não machuque meu irmão! Ele é apenas uma criança frágil, não merece ser envolvido nisso tudo - minha voz saí rouca por causa do choro e mais desesperada do que eu queria.

O guarda que segurava meu ombro direito me dá um soco no rosto. Se eu não ficar com o rosto deformado com tantos socos, irei agradecer.

Aaron saí de onde estava e caminha até mim. Pela primeira vez, eu me encolho.

- Acalme-se. Não vou machucar seu irmão e nem você - ele me dá as costas e eu suspiro aliviada. - Levem-na para um aposento - Aaron ordena aos guardas.

Deixo-me ser arrasta para fora da sala do trono. Minutos depois sou jogada dentro de um quarto.

Eles não são nem um pouco gentis.

Levanto a cabeça e olho Amélia, minha criada do mundo mortal. Ela corre até mim e me ajuda a livrar-me das amarras. Amélia me abraça e posso ouvir seu coração bater forte contra o peito. Ela cuidara de mim desde a infância.

- Eu estava tão preocupada, senhorita - ela me aperta mais em seus braços.

Desabo em lágrimas antes de falar qualquer coisa com Amélia. Eu estava de luto, preocupada com a segurança de Jasper, pensando em como estaria Alex e Thomas.

Amélia não fez perguntas, apenas acariciou minhas costas.

Uma menina com raminhos de hortelã enrolados no cabelo entrou no aposento. Ela tem a pele rosada com cabelo e olhos castanhos.

- Olá, senhoras. Eu sou Lafaiete, fui designada para servir a senhorita Cristal - a voz dela era fina e delicada.

- Hum. Acho que apenas Amélia será de bom tamanho...

- Foi uma ordem do Grande Rei, não tenho como o contrariar mesmo que você não me queira aqui - a voz de Lafaiete continuava delicada, mas ela falara de maneira um tanto rude.

- E a senhora Amélia conhece menos as coisas por aqui do que a senhorita. Por esta razão fui designada a cuidar de você - ela continuou.

Estava exausta demais para discutir então fiquei em silêncio.

Lafaiete sorriu e saiu para pegar água quente para eu me banhar. Amélia me ajudou a tirar minhas vestimentas. Lafaiete voltou e foi para o cômodo anexado ao quarto. Ela encheu a tina e eu me apressei para entrar.

As duas criadas saíram do cômodo e eu mergulhei na água para molhar minha cabeça e, talvez, me afogar um pouco para saber se eu não estava sonhando.

Meus ferimentos começam a arder com a água batendo em cima deles. Ignoro a dor e relaxo na água quente. Olho aquele lugar. Além da tina, não tinha mais muita coisa, não era tão diferente do reino humano.

Tendo acabado meu banho, saio da tina e coloco um roupão cinza-chumbo. No quarto, um homem estava lá, o mesmo que perguntara para Aaron sobre meu irmão. Me encolhi já que estava usando apenas um roupão.

O homem me olhou e sorriu caloroso. Ele era muito bonito, tinha o cabelo liso num preto intenso e os olhos da mesma cor, o rosto era um pouco arredondado, um brinco em uma das orelhas pontudas...

- Sou Ágron, o senescal do rei.

Dou um sorriso sem graça e envergonhada. Feéricos não se importavam com a nudez por acaso?

- Vossa Majestade mandou-me preparar algumas peças de roupa, espero que goste delas.

Olho para a cama e vejo Amélia e Lafaiete arrumando vestidos no armário de madeira entalhada e com algumas folhas o decorando; um mais lindo que o outro, um de cor azul e várias bolinhas imitando estrelas me chama a atenção, mas não consigo esconder minha insatisfação.

- Não são de seu agrado?

Ágron segue meu olhar para os vestidos e volta a me encarar.

- Eu.... Eu apenas não estou acostumada a usar vestidos...

Olhei para o homem e ele me examinava de cima a baixo, uma mão no queixo. Aperto mais o roupão para esconder meu corpo.
          - Acho que ficaria linda com vestidos - sinto que estou ficando corada e evito contato visual com o homem.
          Feéricos não podem mentir.
          - Eu costumo estar treinando ou em batalhas. Vestidos se tornaram desconfortáveis - sinto-me ridícula por dizer algo assim, eu sou uma princesa, deveria estar mais acostumada a usar vestidos do que calças.
          Ágron riu levemente.
          - Verei o que posso fazer, agora me dê licença - ele sorriu e saiu de meu aposento.
           A tensão larga meus músculos e inspiro soltando as bordas do roupão. Amélia me ajuda a colocar um vestido de tecido que parecia uma casca de árvore e Lafaiete me faz sentar em frente a uma penteadeira. A feérica começa a pentear meu cabelo liso de cor cobre. Olho para meu reflexo no espelho; meus olhos oliva estavam vermelhos, o corte na bochecha parecia ter infeccionado, meus lábios rosados estavam ressecados; eu estava horrível.

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