III. É veneno, tome!

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Capítulo Três — É veneno, tome!

— Ordem de despejo? — Kyungsoo perguntou, com a carta que eu havia recebido em mãos. Seus olhos eram grandes e curiosos sobre mim.

Nessa altura do campeonato, eu já soluçava de tanto chorar.

Jongin, Kyungsoo e eu estávamos sentados em uma das mesas do Crayons, enquanto Junmyeon passava pano no balcão de madeira rústico.

— Eu só tenho 15 dias para tirar minhas coisas e ir embora — falei.

— Mas por quê? Você não tinha acertado tudo com a dona do prédio? — Kyungsoo perguntou.

— Meu aluguel está há três meses atrasado, era de se esperar. Eu que sou burro e acreditei naquela conversa de 5 minutos com ela.

— Eu bem que queria ajudar, Baekhyun, mas minha patroa está grávida, o quarto disponível já está sendo arrumado para o nosso bebê — Junmyeon disse, tocando-me os ombros na tentativa de me acalmar.

— Eu te falei antes na sua casa, posso ver com meus pais — Jongin disse.

— Sendo o único que mora sozinho, só posso dizer que você vai ter que dormir no chão comigo — Kyungsoo falou.

Segurei na mão de Jongin e na de Kyungsoo. Respirei fundo e falei:

— Obrigado pela ajuda, mas eu não quero atrapalhar. Eu vou dar um jeito, nem que seja dormindo com minha mãe no hospital, eu vou dar um jeito.

— Falando na sua mãe, faz tempo que você não a visita no hospital. Não quer ir lá? Tudo bem se você se atrasar no turno de hoje. Eu te cubro — Junmyeon sugeriu.

— Obrigado, eu vou lá, vai ser bom até para espairecer um pouco — soltei as mãos dos dois e me levantei com os olhos inchados e o nariz vermelho.

— Baekhyun — Junmyeon tocou meu peito, sutilmente — Mas o que é isso aqui?

Merda...

— Nada — me esquivei.

— Você dormiu com um bando de mosquitos? Olha esse tanto de marcas — colocou meu colarinho para o lado com a ponta dos dedos, vendo todos aqueles chupões, mordidas e apertos. Chanyeol, droga.

— Sim, meu ventilador deu pau.

— Na verdade, ele quem tomou pau — Jongin disse. Quis socá-lo.

Kyungsoo engasgou e bateu no peito inúmeras vezes enquanto soluçava.

— Enfim, eu volto o mais rápido possível — peguei minha mochila e sai apressado do bar, não dando espaços para mais perguntas.

Já do lado de fora, caminhei até minha bicicleta azul e montei na mesma, rumando para o hospital em que minha mãe se encontrava. Não era muito comum ver ciclistas nas ruas caóticas de Seul, e mal tinha calçadas em áreas residenciais, o que me obrigava a desviar de pedestres.

Cansado por todos os acontecimentos recentes, desci da bicicleta e segui empurrando, resultando em uma caminhada de 30 minutos. Em frente ao enorme hospital, deixei-a no chão, visto que o ferro de estacionar já tinha ido há muito tempo para o lixo e adentrei o local.

— Byun Baekhyun! — uma enfermeira de cabelos pretos e na altura do ombro me avistou. Ela era baixa e muito simpática — Sua mãe vive perguntando sobre você, veio para uma visita?

Eu estava suando. Concordei com a cabeça, sentindo o frio do ar condicionado invadir meu corpo e amenizar o calor aos poucos.

— Venha comigo, vou te levar ao quarto dela.

Emaranhado de TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora