II. Maçã verde

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Capítulo Dois — Maçã verde

É só por uma noite. Eu, você e ele. Topa?


Por uma noite... Há quanto tempo não transo? Deve ser o mesmo tanto que estou endividado.

— Proposta tentadora, mas não — e me virei para ir embora.

Rapidamente senti dedos longos tocarem meu antebraço, me impedindo de chegar na minha bicicleta azul. Maravilha! Estou em um k-drama. Desvencilhei-me. Olhei para Sehun, o qual me segurou.

— Vocês têm a vocês — falei, tentando me explicar —, e hoje em dia é muito simples: entra num sex shop e compra alguma coisa.

— Não é igual quando se tem uma terceira pessoa — Chanyeol falou, se aproximando de mim. — O toque, pele com pele, carne com carne. O cheiro, o suor, os gemidos.

Admito que esses homens me deixam seco, com vontade, de fato me atraem. Mas eu não posso simplesmente largar meu apartamento e o meu gato para foder às 4h da madrugada.

— Olha, procure alguém que tenha tempo, minha vida é trabalhar aqui no Crayons, de segunda à segunda, eu não tenho espaço na minha agenda. Vocês viram que horas esse bar fecha, que horas eu vou para casa, então assim... eu não...

— Só por hoje — insistiu Chanyeol.

Acho que essa é uma fantasia dele e o namorado aceitou.

— Eu vou acordar acabado amanhã e nunca fiz a três...

— A gente vai com calma — Sehun proferiu.

Respirei fundo e dei de ombros, me dando por vencido. Ok, quando eu vou conseguir outra proposta para transar em meio a tanta turbulência? A gente tem que aproveitar as brechas que a vida nos dá - mesmo que isso signifique abandonar seu apartamento e seu gato por algumas horas.

— Eu topo — concordei.

Chanyeol bateu uma única palma e rodopiou no lugar. Sehun sorriu. Que sorriso bonito...

Aonde eu estou me metendo?

— Ah! — Levantei um dedo — Sem dupla penetração.

— Como quiser — Sehun respondeu.

— E é só por essa noite, depois finjam que eu nunca existi.

— Você que manda — Chanyeol disse — Vou dirigindo, vamos para o meu apartamento.

Os dois viraram as costas, indo até o carro e eu fui atrás, segurando nas alças da minha mochila. Um frio na espinha percorreu, como se alguém estivesse me seguindo. Olhei por cima do meu ombro e lá estava Kim Jongin, vindo na ponta dos pés, como um foguete. Eu até ia dizer algo, mas ele me segurou tão forte pelo ombro que sai do chão. Encostou-me contra a parede e disse:

— Aonde pensa que vai?

— Com eles, ora — Me livrei de suas mãos.

— Você os conhece há cinco minutos, não seja doido!

— Na verdade, os conheço desde às 21h, da noite passada — fitei o chão e depois para ele.

Jongin passou as mãos pela face e bufou. Olhei para o casal de relance, que já estava chegando num carro alto e preto. Que modelo era aquele? Pela escuridão da ruela que eu não ia ver mesmo.

— Escuta, sei que é um ótimo amigo — comecei, tentando o amolecer — Por isso, continue sendo assim e vá lá em casa com minha bicicleta e alimente meu gato.

Emaranhado de TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora