IV. Eu te amo

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Capítulo Quatro — Eu te amo

— Não, não, não, não!

Minhas coisas estavam sendo retiradas do apartamento sob segunda ordem. Cheguei quando minha mala já estava pronta do lado de fora. Sim, fizeram minha mala. Agora estavam empacotando as panelas e os utensílios de cozinha.

— Por favor, me dê só mais um dia, apenas mais um dia, eu te imploro — juntei as mãos na frente dos lábios, enquanto rogava para a dona do prédio.

Já tinham passado 15 dias e eu não havia encontrado lugar algum para ficar.

— Por favor, senhora Kim, só mais um dia — implorei, ficando até de joelhos.

— Olha, eu já perdoei muitos dos seus atrasos, mas agora não depende mais de mim, é a imobiliária que está nas minhas costas. Você precisa ir embora, Baekhyun. Não atrapalhe mais a situação e ajude a empacotar suas coisas — me respondeu, ríspida.

Eu caí no choro e fui para dentro do apartamento, ajudar a tirar minhas coisas dali.

Havia esquecido que hoje era meu dia de folga no Crayons, então tudo o que fiz foi bater perna, indo e voltando de lá, em um curto período de tempo, mas o suficiente para chegar um monte de gente e começar a retirar meus pertences. Não tinha muita coisa, de qualquer maneira. Nem o colchão que eu dormia era meu.

Em menos de 10 minutos, eu tinha duas bolsas grandes para carregar: uma de roupas e outra de utensílios. Passei a mão na janela e peguei meu cacto de estimação. O meu gato branco estava dentro de uma mochila especial para animais e, sem nenhuma palavra, sai do apartamento, entregando a chave nas mãos da senhora Kim.

Oficialmente sem teto.

Para piorar a situação, começou a chover e eu não tinha um guarda-chuva, nem mesmo alguns trocados para comprar um bem vagabundo, apenas para me proteger. Eu carregava uma bolsa em cada ombro e era pesado.

Minhas lágrimas se misturavam com o gosto amargo da chuva ao anoitecer.

Na garagem - que ficava do lado de fora do prédio -, peguei minha bicicleta azul e comecei a andar sem rumo pela cidade. Talvez eu devesse ir para a casa de Jongin ou Kyungsoo. Ou melhor, para o hospital em que minha mãe está acamada. Pensando bem, tudo se resolveria me jogando na frente de um carro.

Depois de ter andado por mais de uma hora naquela chuva incessante, avistei um banco da mesma cor do meu felino, em frente a uma loja de vestidos de noivas, e me sentei. Estava cansado. Puramente cansado. Cansado até de chorar.

Abaixei meu tronco, coloquei os cotovelos nas coxas molhadas e deixei minhas mãos tocarem meu rosto enquanto minhas lágrimas rolavam pelo rosto, ao mesmo tempo em que as gotas de chuva geladas cortavam minha pele.

Passar por tudo o que estou passando é muito humilhante. Não apenas isso, é sôfrego.

— Você vai pegar um resfriado, Byun.

Eu nem notei quando a chuva parou de cair em mim. Estava tão concentrado em pensar numa solução em meio ao meu choro que não vi um guarda-chuva transparente sobre minha cabeça. Logo, olhei para quem segurava: Park Chanyeol.

Afinal, em que lugar eu estava? Tinha andado tanto que perdi a noção. Chanyeol estava tomando chuva por minha causa.

Levantei-me e abracei-o, chorando e ensopado.

Ele nada disse. Seu silêncio era respeitoso e reconfortante. Acho que ele lembrou da minha ordem de despejo dias atrás e, por isso, não tardou em me dar consolo. Uma de suas mãos me deu tapinhas nas costas e depois ficou parada ali.

Emaranhado de TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora