V. Regime fechado

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Capítulo Cinco — Regime fechado

— O que mais me choca é saber que vocês treparam no meio da noite.

Jongin falou e colocou o pano quadriculado no ombro, cruzando os braços em seguida.

— Por algum motivo, tudo acaba em sexo com aqueles dois.

— Vocês transaram depois de ir ao parque de diversões também? — Agora foi a vez de Kyungsoo se pronunciar, com aqueles olhos redondos e arregalados em minha direção.

— Não, eu almocei e vim direto para cá.

— Mas, afinal de contas, ele buscou sua bicicleta? — Kyungsoo perguntou.

— Sim, eu vi na garagem. Aliás, posso dormir na sua casa, Kyungsoo? Não quero ficar por lá.

Os olhos dele me perguntavam o porquê.

— Ele mora longe do Crayons.

Expliquei.

— Pode sim, mas como disse, nós dois dormimos no chão — me respondeu.

— Não dormindo debaixo da ponte, tudo certo — disse-lhe.

— Por que você não vai para minha casa? — Jongin perguntou — Aliás, vem cá.

Me chamou para o canto.

Vixe...

Fui lá e fiz um sinal com a cabeça.

— Vou precisar da sua ajuda com o Kyungsoo, pretendo fazer uma serenata para ele depois do expediente, já conversei com o Junmyeon — Opa! Então a relação está fluindo — Só tem um porém...

É claro que tem um porém! Estamos falando de Kim Jongin.

— A gente vai ter que pegar as flores na floricultura.

Pisquei algumas vezes.

— Só isso?

— Só — respondeu, simplista e deu de ombros.

Se eu soubesse o que viria com essa serenata, eu jamais teria topado participar; mas como amigo é para essas coisas, eu embarquei em mais uma das presepadas de Kim Jongin — que, spoiler: me custou caro.

Algumas horas depois, Junmyeon finalmente abriu o Crayons. E não demorou muito para que o primeiro cliente entrasse. Virei toda minha atenção para a porta de entrada. Ah, não, mais um engravatado do colarinho branco. Esse homem tinha mais ou menos a minha altura, o cabelo partido para o lado e usava terno azul. Ele mesmo escolheu uma mesa e se sentou. Fui até ele.

— Boa noite, no que posso ajudar?

— Pagando sua dívida — pontuou e me olhou. Primeiramente, quem era esse homem? — Você foi despejado, mas não foi perdoado. Seu nome foi para processo, vim como amigo te avisar.

Minha vontade era de mandá-lo embora de imediato.

— Se você não veio pedir alguma coisa, pode ir embora — Era Jongin.

O homem rapidamente mudou sua feição calma para de espanto. Ele se levantou e foi em direção à porta, deixando o estabelecimento.

— Mais um maluco? — perguntou Jongin.

— Parece que eu ainda vou ter que lidar com as dívidas do apartamento — respondi.

— Você achou que ser despejado resolveria tudo? Há uma burocracia maluca por trás — e jogou o pano quadriculado sobre o ombro.

Suspirei.

— Sei lá, se eu não estou mais lá dando gastos então eles poderiam simplesmente esquecer que um dia existi naquele lugar.

Emaranhado de TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora