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Azriel não apareceu, nem deu notícias e Lucien não quis parecer tão desesperado, mas estava ficando um pouquinho incomodado e só haviam se passado dois míseros dias.

Era um macho velho, viveu décadas por algo e agora dois dias estavam tirando sua paz? Parecia completamente um desespero juvenil por paixonite.

Bateu a xícara de especiarias na mesa de madeira ornamentada e como se aquilo fosse o necessário, uma carta simples apareceu para Lucien. Sem adorno ou sequer fechada, mas com atenção e cuidado na escrita.

Se puder, venha à Casa do Vento...

Aquilo não era comum, e Azriel poderia bem ir a sua casa como antes, mas Lucien pensou que talvez ele quisesse manter as coisas mais profissionais, porque querendo ou não, o feérico outonal ainda poderia ser importante na investigação.

Jurian até questionou-se ao ver Lucien se aprontar de maneira tão rápida para se atravessar, e por mais que ele tentasse esconder a empolgação de si mesmo, o amigo viu bem a pontada de ansiedade crescente por aquelas simples palavras e acima disso, a empolgação.

Azriel começou a escrever outra carta, uma menos indiferente como aquela, não sabia como fazer mas apenas queria, amassou ao menos uma dúzia até desistir e bater as costas no encosto da cadeira de madeira, suas asas reclamaram mas ele suspirou insatisfeito com algo além disso.

Se sentia péssimo por não conseguir achar Rainn, e não queria envolver Lucien depois do que ele havia descoberto, e de como eles haviam se aproximado, mas deixá-lo à solta era um risco e uma vergonha por não saber fazer seu único trabalho decentemente. Não estava satisfeito de ter que pedir ajuda por algo que ele subestimou, na verdade estava sem humor para lidar com algo assim bem.

Os olhos dos dois guerreiros se encontraram quando Lucien se atravessou para o máximo que a casa permitia, alguns metros do fim da escadaria. Cassian estava terminando o treinamento, na verdade, parecia estar sobrando já que as fêmeas estavam afastadas falando sobre alguma coisa interessante o suficiente para que estivessem coradas além do cansaço físico.

Lucien sabia das habilidades de Cassian e Azriel mas quando eles queriam algo não pareciam ser discretos, percebeu que cada passo seu correspondeu a um do general e em poucos metros Cassian se aproximou dele, sua postura autoritária mostrava que ele protegeria quem quer que fosse, como se Lucien fosse uma ameaça.

— Bom dia Cassian — Lucien o olhou de canto de olho e ergueu uma sobrancelha, poderia muito facilmente ignorar a presença de outro macho mas achou melhor não, não quando o general parecia querer dizer algo.

— O que faz aqui Lucien? — ele mordeu a bochecha para não responder rispidamente, e deu um sorrisinho. Obviamente aquilo era por Azriel.

— Certamente não vim transar com Azriel — ele parou seu andar e encarou o macho poucos centímetros maior que ele, um sorriso abraçou as expressões de Cassian, e Lucien sentiu que era verdadeiro, então se sentiu um pouco menos tenso pela resposta dada.

— Então avise para ele antes de aparecer aqui, ele está com os ânimos à flor da pele. Insuportável se quer saber — ele falou em um tom suave, mesmo com graça, o ataque a Lucien cessou. O ruivo não sabia, mas Cassian, por mais que tivesse se aproximado incomumente apreciava o que aquela raposa fazia a Azriel, e conhecendo-o, ele estava se afundando em culpa. Com Lucien mentindo ou não por estar ali, já seria útil.

— Irei averiguar — Lucien disse como despedida e lhe deu um aceno curto antes de se virar e seguir para dentro da casa, pouco abalado, como se essa conversa de curtos minutos fosse normal. Como se ser tratado como alguém que não seja uma ameaça fosse o tratamento comum recebido do Inner Circle.

Sussurrando para a Lua - Lucien e AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora