Sussurrando para a Lua - Lucien e Azriel

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Azriel havia visto Lucien há apenas alguns dias, e ele se sentia confuso, em momentos quando se lembrava de como estiveram, onde foram e o que fizeram, sentia como se tivesse sido há minutos, algo vivo, e quando percebia que ele estava no território humano, sem motivos para se comunicar com ele, pareciam meses e que estavam distantes como antes. O irônico é que ele suportou décadas longe do ruivo, claro, havia um desejo e atração mas também não era como agora e isso o assustava um pouco, porque era muito mais do que ele esperava que aconteceria após aquela noite.

Eles saíram, se divertiram, riram e poderia se dizer que aquilo foi um encontro, parecia surreal para o espião, ele não imaginava há poucas semanas sequer ter uma outra oportunidade de mais uma noite com Lucien, e agora isso tudo.

Para completar o que os uniu não havia sumido, o assunto do envenenamento, que agora, o que havia até demorado, para a opinião de Azriel, havia chegado ao inner circle e ele já estava particularmente incomodado antes de pisar na sala de reunião. A cabeça sempre esteve cheia, e as dores também nunca o abandonaram por mais de dois dias, mas nas últimas semanas, especialmente nas últimas horas, ele tinha mais um assunto na mente, e dúvidas, que ele sequer queria pensar muito para não saber as respostas, dizia-se isso mas tornava a voltar ao mesmo assunto.

Entrou na sala que conhecia bem, silenciosamente fazendo uma prece sobre aquilo acabar rápido, mas Amren estava presente, ele preferia que ela estivesse em uma casa de verão com o namorado. Olhou a todos e se adiantou sobre tudo, contando o que sabia. Repassar tudo só o fazia ter mais ódio, lembrando de tudo que Lucien havia passado, e como ele queria muito matar Tamlin. Rhysand lhe olhava curioso, retraído até demais para o gosto de Azriel, ele sabia que uma hora ou outra o irmão falaria o que tanto está guardando, esperava que não fosse agora.

— E você acha que Rainn te disse tudo que sabia? — Amren interrogou e Azriel a olhou, sem muita expressão, sem querer uma confusão mas com toda certeza não estava aberto a ser questionado sobre seu trabalho, não de novo. Ele sabe muito bem que havia errado, sentia por aquilo? Claro, mas não estava se martirizando por isso se era o que ela queria saber, e não começaria agora.

— Eu creio que não há como desaprender a ser espião e interrogador Amren, então sim, se quer saber, eu fiz meu trabalho.

— Depois de um dia, acho que há como regredir — ela questionou, de todos no inner circle, ela foi a que ficou mais incomodada desde o ataque, não que os outros não se importassem mas Amren era a pura política, e ela se importa muito com a corte e Rhysand.

Morrigan e Feyre se olharam, hesitantes, Mor não havia falado nada, e o que quer estivesse passando nos sussurros pelas costas dele, ela sabia muito bem que caminho instável ela poderia escolher seguir, devido a atração de Azriel por Lucien, ou seja o que for, ele ainda não definiu. O mestre espião não olhou para a loira, mas estava consciente da atenção dela mais do que tudo em si, pois Amren questionava pelas duas.

— Estamos todos cientes disso, qual o problema? — Azriel a confrontou e apoiou os braços na mesa, alçando os papéis os arrumando como se já quisesse sair, era o que ele queria, porra ele queria ir a qualquer lugar silencioso, sua cabeça estava o matando.

— O problema é que deixou de fazer seu trabalho para transar, e com Lucien. Envolvido principal nisso, eu acho que isso não te deixa ser imparcial como deveria — Azriel a olhou com desdém, não conseguiu conter porque foi a única vez que ele ousou fazer isso e estava sendo diminuído na frente de todos, não eram melhores amigos mas pensava que Amren teria um pouco mais de empatia, ainda mais por se considerarem família.

Não era parceria, não era algo traçado pelo destino e romântico portanto não lhe dava uma licença poética, mas, uma maldita vez em anos de serviço, uma única vez. Nem mesmo Cassian, como general, e Rhysand, como Grão Senhor tinham desfeito dele assim.