campo

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Richarlison se considerava uma pessoa simples. Contanto que tivesse pagode, sombra e água fresca, ele se contentaria com todo resto. E com essa mentalidade ele seguia a vida.

Ele não costuma pensar no dia seguinte, nem no que faria nas próximas horas. Deve ser por esse motivo que era tão ruim com relacionamentos. O máximo que pensava era em treinar suas técnicas e conseguir aplicar corretamente nos jogos.

Não conseguia decorar datas importantes, às vezes até esquecia seu próprio aniversário. Não planejava encontros, seu lema era: quero te ver, vamos sair agora. Não era bom em falar seus sentimentos, preferia demostrar com toques.

E se conhecendo de tal maneira... estranhou quando de repente se viu criando um futuro com uma certa pessoa, querendo estar perto, comprar presente, marcar encontro. O que era aquilo? Sim, sua vida mudou um pouco quando se viu contratado pelo Tottenham, mas nem por conta disso iria mudar tanto, certo?

Errado.

Todo pós-treino, Richarlison sentava na grama e repassava os momentos que tivera com a tal pessoa. Ele pensava em como multiplicar essas conversas, esses abraços e principalmente, como fazê-lo se torna o único a recebe de um jeito mais... aprofundado.

Fazia semanas que o pobre atacante queria chamá-lo para sair, queria ver aquele sorriso fora dos limites do campo, mas ele nunca iniciou um encontro. Sempre era ele o chamado, sua única função era dizer "sim". Era frustrante se sentir limitado e o pior, por si mesmo.

Richarlison não era tímido, porém se sentia muito envergonhado quando reparava na combustão que seu corpo ficava perto dele, pensando nele, observando o jeito que o homem levantava sua bermuda e deixava aquelas belas coxas expostas sem pudor nenhum.

Em contrapartida, ele usava sempre uma camisa de manga comprida por baixo, marcando os braços forte e deixando a imaginação rolar solta por aquele espaço.

Ele reparava no formato da boca, no jeito que os olhos fechavam quando sorria, no cabelo sempre bem cortado, na voz que alterava quando falava em inglês e em coreano. Richarlison hiperfocava em detalhes e depois se arrependia, pois, sua mente relembrava disso em situações não muito propensas, atreladas com outros pensamentos do tipo que dizia que sua mão encaixava-se perfeitamente na nuca de Son

Son Heungmin

Sua mão parecia ter sido moldada para segurar a cintura de Son; sua boca foi desenhada para beija-lo; sua orelha feita para escutar a risada e sotaque dele; seus olhos para analisar tudo o que podia sobre ele.

E bem ali, no fim de mais um treino, Richarlison estava como sempre ficava, jogado no campo de grama do seu clube, vendo de longe os jogadores cansados dispersando e entrando para o vestiário, se dando conta de que novamente, sua mente tinha o traído e começado a pensar coisas em momentos impróprios. Olhando fixamente para um ponto, uma pessoa, pingando de suor, tirando a máscara e bebendo água, fazendo sua garganta realizar movimentos satisfatórios de ser observado.

Richarlison tentou, ele pode afirmar que tentou, mas seguiu o caminho daquela gota, passando pela mandíbula, indo pelo pescoço e se perdendo na camisa do coreano. Ele tentou e sabe por que falhou? Porque perdeu a noção de tempo e só percebeu que extrapolou quando Son estava se aproximando dele.

— Richie... sei que o ditado diz que olhar não tira pedaço, mas estou começando a achar que é falso.



O tom de voz de Son era rouca, ele havia comemorado o gol lindo que fizera no treino hoje, e isso contribuiu mais para Richarlison querer desmaiar ali mesmo. O brasileiro parecia um bicho do mato, incapaz de se comunicar como um ser humano normal, ainda mais quando Son sentou-se perto dele, tirou a camisa e ficou sorrindo para si.

confuso - 2sonOnde histórias criam vida. Descubra agora