carro

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Ao que Son entrou no carro, Richarlison se encaminhou para o encontro do outro também. Ele estava pensativo; por mais que estivessem naquela brincadeira, queria esclarecer o que o coreano sentia por si. Era de bom-tom perguntá-lo agora? Essas coisas, quando não resolvidas, transforma-se em uma bola de neve, um emaranhado difícil de sair.

Richarlison liga o rádio, conectando seu celular no aparelho e a playlist brasileira começa a soar pelo carro. Sonny estava colocando o cinto, e sendo levado pelo batuque da música se aconchegou no lugar. Ele encarava o brasileiro, esperando-o voltar para a realidade, dirigir e se divertir um pouco, mas ele não parecia muito inclinado a essa ideia.

— Tá tudo bem Rich? Se você estiver incomodado com algo é só dizer.

Toda essa demora em resposta estava dando calafrios no coreano; não era comum o outro pensar tanto. Teria ele se arrependido? Que caos seria em todos os aspectos: amizade, trabalho, desempenho, rendimento, convivência... se eles perdessem a Premier League, graças ao fato dos atacantes não conseguirem mais se encarar? Se Conte percebesse e perguntasse? Seriam demitidos?

Do nada, no carro do brasileiro, Son começou a ter uma crise de pensamentos, se tornando atento a cada movimento que o motorista dava - e com movimento, se refere às mínimas expressões faciais que esboçava no rosto facilmente legível - e constatou! Ser observador estava o matando.

Não que Richarlison fosse um enigma indecifrável, ele entendia e conhecia o rapaz como ninguém. Porém, aqueles momentos que nem nós entendemos o que acontece sempre existe; e era um desses. A mente do brasileiro parecia estar trabalhando em algo em tempo real e o coreano estava vendo tudo, cada neurônio conversando na caixola empoeirada que não usava aquele departamento com tanta frequência.

Era óbvio que a única área exercitada do cérebro do mais novo era aquela que armazenava truques e passes com a bola.

— Sonny — ele abria e fechava a boca tentando colocar os pensamentos em palavras; o comportamento perante o coreano o mudava total, fato — Eu não sei. O que você acha de mim? Acho que nunca estive... apaixonado antes? Porra, eu estou completamente louco por você!

Era isso que passava pela sua cabeça? Depois de tudo o que aprontaram no campo e vestiário, ele se questionava o que Son sentia por si? Realmente Richarlison era um tapado, negação, vergonha, um completo desastre com relacionamento e não sabia juntar as peças para ver que Son amava-o.

Son verdadeiramente amava Richarlison, sem pôr nem tirar uma vírgula. Era como a barra do The Sims, em que a amizade chegou no mais alto nível e então escala para a romântica.

Ele é o seu melhor amigo, seu parceiro, seu companheiro e mesmo antes do beijo, já considerava seu. O amor que sentia por Richarlison não se limitava somente ao romântico; toda forma singela e pura, ele havia conseguido desenvolver pelo outro - exceto paternal.

Certas coisas nem precisam ser postas em palavras para descrever o que acontecia. Sonny era de Richarlison e vice-versa. Como o outro não reparara nisso ainda?

— Você por acaso acredita que deixo qualquer um fazer isso que fizemos no CT? Assim me ofende.

— O quê? Não, claro que não — Richarlison por um instante se desesperou, em nenhum momento passou pela sua cabeça algo desse nível — Desculpa, eu só quero escutar da sua boca. Acalmar essa voz na minha cabeça que aparece somente em relação a você. Ela tá me perturbando agora falando que não nos beijamos nenhuma vez no vestiário — suspirou — Não gosto de pensar tanto, você sabe.

Por estar levando o brasileiro a chegar no seu limite e o fazendo realizar coisas fora do comum - pensar? Realmente impressionante - Son resolveu tomar as rédeas da situação.

confuso - 2sonOnde histórias criam vida. Descubra agora