VI

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A música alta impedia que todos fossem ouvidos corretamente, Messi falava algo e ao mesmo tempo sumia em meio tantas pessoas. tinha uma multidão que pulavam, muitos cabelos atingiam o meu rosto, seus corpos suados e suas vozes já me irritavam.

Um barulho alto foi ouvido, capaz de parar uma multidão para ver o que tinha acontecido. um grupo de pessoas tinha tropeçado e derrubado a porta. Não deu minutos e a polícia e ambulância cercavam a área expulsando as pessoas que estavam mais próximas daquele grupo de pessoas. Eu era uma das que estava do outro lado, mais na frente.

Eu tentava ver com mais claridade o que estava acontecendo, senti um toque no meu braço que fez eu dar um pulinho de susto.

Ela vinha com um sorriso carismático no rosto. Naquele momento de tensão, eu nem percebi que a música ainda tocava e até parecia mais baixa sem os gritos da pessoa. Seus cabelos eram pretos e sua pele branca, ela era mais baixa, um corpo magro e ela sorria com os olhos, também.

Tudo nela parecia ser tão natural e jovial, se ela era menor ou não, eu não tinha intenção de transar com ela. Mas não posso negar que eu me sinto enfeitiçado.

Eu poderia estar a um bom tempo pulando como loucos com ela, enquanto todo mundo não estava nem aí. Eu não percebo quando ela sussurra no meu ouvido.

— Me dá um segundo. Eu vou buscar uma bebida para nós, você gosta de tequila? — Mesmo ouvindo sua voz com claridade, eu me sentia um idiota completamente perdido.

Meus olhos então voltaram para o acidente, até por uns segundos encontrarem Lionel. Ele ajudava os polícias, mas ele não me viu.

Sou surpreendido com o seu sorriso novamente, dessa vez ela vinha com a tequila. Ficamos um tempo saboreando, quando eu ia tomar o último gole, a minha visão começava a ficar embaçada. Essa foi a última parte que eu me lembro, enquanto estava na festa.

Eu sentia cada movimento que fazia, mas eu estava preso em um sono quase profundo. Posso ouvir os barulhos dos carros e das motos, mas o resto de mim não funcionava. Não sei quantas horas foram assim, até poder abrir os olhos e a luz me fazer fechar de novo.

— Graças a Deus, você acordou. Eu quase pensei que você tinha morrido, perdi um monte de viagens para levar você e até agora não sei onde é. Tudo bem que é o Neymar, mas-

— Xiu, cala a boca. — Meu corpo se mexia procurando espaço para acabar com esse calor impertinente, tudo estava me deixando desconfortável e automático me irritando. Foi por meros segundos que eu olhei para a janela e vi um "homem" com a camisa 7 do PSG. — Mbappe…

— Você quer ir pra casa do Mbappé?! — sua voz me interrogou alto.

— Só continue andando e eu vou te dizer onde parar — Meus olhos mal se mantiveram abertos, eu estava me sentindo numa prova de resistência. A única coisa que saía da minha boca era "reto, esquerda, direita, para!”.

Quando chegamos, não me importei em mais nada, o meu único pensamento foi sair o mais rápido daquele carro.

A cara de quem tinha acabado de acordar, ele podia estar tão acabado quanto eu. Ele estava surpreso em me ver, deveria ser uma surpresa bem desegradavel.

Eu fico pensando em como eu vou falar o que eu quero sem me enrolar todo.

— você pode me deixar entrar? — A minha respiração estava ofegante, podia ouvir as batidas aceleradas do meu coração que me causavam uma sensação de desmaio. O calor que eu sentia, fazendo meu corpo suar, fazendo eu quase entrar em pânico.

Quando ele se afastou da porta, dando um espaço curto para eu passar. Eu me atirei no sofá, aquilo foi o meu único pensamento, antes que eu desmaiasse. Fiquei deitado até me senti mais seguro que não iria cair, tirei toda roupa de frio e o boné. Até minha barba estava me deixando agoniado.

— Eu não estou bem, eu acho que eu fui dopado — não era mentira, cada vez eu sentia que estava entrando em pânico e o que me deixava mais em pânico ainda. Um desespero para sair logo dessa situação horrível.

— o que você está sentindo? — sua voz soou mais alto e grave ou ele só estava mais próximo de mim, poderia ser isso também.

O meu desespero para contar o que tinha acontecido, como se ele fosse conseguir encontrar uma solução rápido para o meu problema e sinceramente, qualquer coisa que ele fizesse. Eu seria grato.

— Não… eu estava dançando com uma garota e de repente ela me ofereceu uma bebida, eu não sei porque ela faria aquilo se eu foderia com ela facinho. Quer dizer, eu nem sei mais. Eu acordei num Uber e já era de manhã, por acaso eu disse "Mbappé" pra ele? Só assim pra eu estar aqui. Devo ter dito seu endereço. Mano, eu só sei que eu tô muito tempo com essa porra no meu sangue e ela não passa. Eu acho que eu vou morrer, eu não sei onde tá meu celular e tá- que calor da porra, liga esse ar condicionado.

O ar condicionado deve ter sido ligado, porque eu senti um ar gelado depois. Devo ter ficado um tempo deitado no sofá, até ele começar a andar de um lado pro outro, mas eu não liguei, porque eu estava virando de lado tentando encontrar uma posição menos desconfortável.

— Isso nunca aconteceu comigo, Ky. Eu preciso de um banho urgente. — Um silêncio estarrecedor. Aqueles segundos nós dois tínhamos de parar de se mexer ou caminhar de um lado para o outro. Ele não me respondeu, ele só me deu apoio para levantar, uma mão sua estava na minha cintura e quanto a outra segurava minha mão apoiada em seu ombro.

Ele me deixou no seu quarto, sentado na sua cama, não demorou para eu deitar. Eu estava quase dormindo, até sentir um toque no meu braço.

Mbappé repetiu umas duas vezes pelo menos para eu tomar cuidado, para eu acabar batendo a cabeça. E se eu fosse um gato eu só tinha mais 4 vidas. — aiii que dor! Espera tá passando, só falta um negócio. — antes que ele pudesse pegar a esponja de banho, tirei a cueca que voou caindo no chão.

Era incrível minha confiança nele, porque eu permanecia de olhos fechados. Enquanto ele me banhava, é constrangedor, mas eu tinha feito a mesma coisa por ele. Mesmo que o máximo que eu fiz foi ligar o chuveiro.

Ele me ajudou a vestir uma cueca, estava sendo tão difícil quanto me pôr na banheira. Felizmente, eu estava mais preocupado em estar limpo e dormir até o efeito dessa porcaria passar.

— Eu não tenho forças, sinto que vou cair se você me soltar. Você acha que isso vai durar muito tempo? Eu sinto que a minha fala já está menos enrolada. Será que ela pegou meu celular e minha carteira de motorista? — tudo o que eu disse era verdade, eu estava desesperado e estava tentando não focar nisso, mas eu precisava falar o que estava sentindo porque eu só queria que alguém me desse resposta.

— Depois nós resolvemos. Tente descansar, olha só já se foi a cueca. Acho que você pode descansar assim. — Ky não sabe o que fazer, ele está tão perdido quanto eu. Não é pra tanto assim.

Meu corpo estava deitado na cama, esperando o sono vim e me levar. Enquanto isso, tinha sua companhia sentado no chão do lado da cama que eu estou. Nem mesmo assim fui capaz de conseguir dormir, poderia ser segundos, grandes chances terem se passado apenas segundos. — Eu não sei se vou conseguir dormir. Eu quero dormir mas, eu sinto que não consigo.

Kylian deve estar me achando a pessoa mais insuportável. Ele deve estar quase me jogando fora da sua casa.

Eu esperava que ele me mandasse calar a boca e para que eu tentasse dormir, mas sua mão tocou meu rosto e fez um carinho sutilmente. Ele tocou minha barba, meus olhos permaneceram fechados. Seu carinho era capaz de me fazer adormecer, mas seu rosto se aproximou do meu. Eu senti sua respiração que me fez confundir a minha. A ponta do nariz roçou tão perto dos meus lábios, era capaz até de ouvir os batimentos acelerados do meu coração.

Meus olhos abriram implorando para que ele se afastasse, encontrar seus olhos me fez arrepender no mesmo instante e engolir um seco. Sua mão que continuava no meu rosto subiu para minha pálpebra, voltei a fechar meus olhos.

Deve ter sido naquele momento em que eu dormi, porque não me lembro de nada depois disso.

O por trás da treta de Neymar e Kylian MbappéOnde histórias criam vida. Descubra agora