~𝓡𝓮𝓭 𝓠𝓾𝓮𝓮𝓷~
Para falar a verdade nunca precisei lutar por nada, e me ver dessa forma, tentando sobreviver jogo após jogo, dia após dia, é terrível. Tantas vidas que tirei e me foram tiradas, eu realmente odeio a idéia de ter vindo para...
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Aproveitei que Bryan estava dormindo no quarto para me arrumar, Kuina havia me emprestado algumas roupas, ela me esperava sentada na cama enquanto eu estava tomando banho. A medida que a água caía era como se minha raiva saísse junto, meus dedos massageavam meu couro cabeludo na intenção de limpar todo o suor e sujeira que existia ali presente, fechei os olhos e joguei a cabeça para trás, a água quente caía sob minha pele e eu finalmente pude relaxar.
— Me desculpa por mais cedo. -Kuina disse encostada na parede do banheiro com a cabeça baixa.
— Uh! Que susto, Garota. -botei a mão no peito em sinal de espanto e em seguida a levei até a toalha que estava pendurada para pegá-la. Há quanto tempo ela estava aqui dentro?
— Me desculpa por isso também. -riu levando a mão até a nuca.
— Por que ele te impediu de me ajudar?
— Aparentemente ele já tinha um plano, acho que já tinha avisado o chapeleiro. -deu de ombros e pegou um cigarro do bolso. —Aceita?
Balancei a cabeça afirmando e a mesma acendeu, enquanto ela acendia o cigarro eu secava meu cabelo com a toalha, logo ela colocou o cigarro na minha boca e pegou mais um pra ela, mas dessa vez sem acender.
— Não vai fumar? -dei um trago e coloquei uma jardineira curta. A morena por sua vez não sabia se me assistia colocar a roupa, se olhava para o chão com vergonha ou se encarava meus lábios tragando. —O gato comeu a sua língua? -provoquei.
— Tô tentando parar, coloco só pela mania mesmo.
Ela falou e simplesmente saiu do banheiro, será que eu falei algo errado?. Não dei muita importância e apenas terminei de me arrumar e saí do banheiro também, me olhei no espelho do quarto e meu rosto estava péssimo. Minha boca estava com um corte e meu olho roxo. Nem percebi que Kuina já tinha ido embora. Ajeitei a coberta de Bryan e desci para o salão.
Tinha gente se pegando por todo lado, uma nojeira de verdade. Enquanto uma música muito alta tocava, vários jovens pulavam e se divertiam. Bela forma de escape, não? Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz bastante conhecida.
— Colegas! -Chapeleiro gritou do camarote do salão, todos começaram a gritar loucamente e assim que eles pararam o homem continuou seu discurso. —Chegou a hora novamente, não vacilem! Esta é uma guerra contra o medo! Todos aqui têm coragem para superar seus obstáculos. Todos aqui agora são um só. Temos que nos unir, coletar todas as cartas e voltar para o mundo antigo juntos! E este dia se aproxima! Vamos! -a multidão vibrou conforme as últimas palavras do Chapeleiro.
— Entrem nos carros com seus números. -alguém gritou.
Imediatamente corri para pegar Bryan, não podia desperdiçar essa chance. Peguei o menor no colo e desci para a garagem. E de todos os carros que eu poderia ter ido, só sobrou um.
