Eles se foram

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— Eu tava indo dormir cara, espero que seja impor-

Ekko parou no meio da frase ao ver Ezreal parado em sua porta, todo encharcado da chuva e com o rosto vermelho e inchado, estava claro que havia chorado.

— O QUE ACONTECEU!?

O platinado puxou o rapaz de imediato para dentro, fechando a porta e o abraçando, nem sequer se importando com o fato dele estar molhado, naquele momento tudo que queria era cuidar de Ezreal.

[☆]

Era noite, Ezreal estava em seu quarto jogando como sempre, quando então ouviu a voz de seu tio o chamar das escadas, o que para ser sincero era estranho, Lymere costumava sempre ir direto para cama ao chegar, no entanto o rapaz não pensou muito, apenas pausou e colocou seu save do The Sims 4 para salvar e então saiu do quarto, descendo as escadas. Quando chegou na sala deparou-se com um homem vestido de roupa preta, o que acabou deixando-o um tanto assustado, afinal, parecia algo importante.

-Ezreal, esté é um dos funcionários do mesmo instituto que seus pais trabalham, disse que possuí notícias

-Sobre meus pais!? E então? Onde estão eles!?

Os pais de Ezreal estavam desaparecidos a um ano e meio após entrarem uma expedição para encontrarem antigas ruinas que poderiam estar dentro de uma caverna subterrânea, tanto o loiro quanto seu tio não tinham notícia alguma sobre ambos, e desde então o jovem tinha Lymere como seu guardião legal. Com certeza o homem não havia mais esperanças de reencontrar sua irmã e cunhado, mas Ezreal, bem, era apenas um garoto com sonhos, todos os dias desejando saber algo sobre seus pais, e, finalmente, parecia ser o dia, no entanto, para sua infelicidade, o homem vestido de preto não parecia nem um pouco feliz, suspirou e entregou uma mala que estava atrás de si.

-Estes são todos os pertences que conseguimos encontrar deles na caverna e no laboratório, incluindo... As roupas que usavam, os corpos já eram apenas ossos e boa parte estava em baixo da terra, eu... Sinto muito por isso, saibam que nós do Instituto de Arqueologia disponibilizamos toda a ajuda possível caso necessitem, estamos desenterrando os ossos caso queiram fazer um funeral digno, mas será um pouco demorado, mil perdões!

Aquelas palavras serviram como uma facada no coração de Ezreal, mesmo que no fundo esperasse por isso, fora chocante demais quando utilizou do silogismo e concluiu que seus pais estavam mortos, maldito Platão.

-Certamente lamentável -Suspirou o tio Lymere- Já esperava por isso, mas admito que é um tanto difícil mesmo assim

-Ezreal, esta carta estava enterrada dentro de uma caixa muito bem fechada, está endereçada a você, creio que seus pais sabiam que estavam perto de fim e... Bem, eles eram bem inteligentes

O loiro pegou a carta, encarando o chão em silêncio por um bom tempo, seu coração estava a mil, não conseguia pensar direito e tudo que queria fazer era chorar. Soltou um 'obrigado' extremamente baixo, e então, quando o homem e seu tio notaram Ezreal estava correndo em direção a porta, enfiou o tênis no pé e simplesmente saiu de casa aos prantos, Lymere não fez nada, podia não ser muito presente, mas conhecia o básico de seu sobrinho, sabia que ele precisava de um tempo.

-Ele esqueceu o guarda chuva -Disse ao ver a porta se fechando e a chuva começando a ficar forte

[☆]

-Meu Deus, Ez... Eu sinto muito, caralho eu nem sei como te ajudar cara

-Tudo bem... Vai ficar tudo bem, eu só... Não quero ficar sozinho, se importa se eu dormir aqui hoje?

-De forma alguma! Pode ficar a vontade, meus pais não se importam

O loiro agradeceu, abraçando seu amigo e escondendo o rosto no peitoral do mesmo. Ekko suspirou, abraçando o rapaz de volta e lhe acariciando na cabeça, estavam sentados na cama do rapaz, o qual havia emprestado roupas para Ezreal, já que as dele estavam molhadas pela chuva.
O coração do platinado doia, odiava ver a pessoa que amava daquela forma, não sabia ao certo o que podia fazer, pensou em várias coisas para aquela situação, no fim acabando por apenas aconchegar Ezreal em seus braços, o apertando e deitando-se com ele.

-Assim fica mais confortável? -Perguntou meio sem jeito, apenas ouvindo um murmúrio como resposta- Bem... Posso fazer algo por você? Sei lá, posso ir comprar um sorvete, ou então fazer brigadeiro, qualquer coisa, só quero te deixar menos pior, eu... Odeio te ver assim, primeiro porque todo o seu brilho some, parece uma estrela se apagando aos poucos, quando na verdade ela costuma sempre estar iluminando o céu, mesmo o mais escuro que esteja e, e segundo...

O loiro encarou o rapaz, um tanto bobo com suas palavras, achava fofa a forma que Ekko começara a expor seu lado mais romântico depois do que aconteceu a algumas semanas, com palavras sentimentais e comparações como estas, aquilo sempre aquecia seu coração. No entato, Ezreal só não esperava pela segunda parte, chegando a corar um pouquinho.

-Porque eu me sinto mal, porque você triste faz esse biquinho na boca e puta merda me da uma vontade do caralho de te beijar! -Disse encarando o rapaz nos olhos, mas depois rindo de nervoso- Foi mal, comentário na hora errada, né?

Quando menos esperou o platinado sentiu seus lábios selados com os do loiro, surpreendendo-se de início, mas não demorando nem um pouco para já retribuir, acariciando delicadamente a bochecha de Ezreal, passando o polegar por baixo de seus olhos, secando todo restici de lágrimas dali.
Quando o beijo se encerrou pela falta de ar Ezreal não deixou que Ekko falasse nada, apenas o beijou de novo, prolongando o beijo tanto quanto o primeiro. Os rapazes passaram um bom tempo nessa troca de saliva, toda vez que um beijo se encerrava o loiro iniciava outro logo em seguida, apenas parando quando sentiu os dedos de Ekko em seus lábios, fazendo-o sentir a respiração quente na pele.

-Espera um pouco, por favor -Disse o platinado, encarando o rapaz a sua frente com a respiração ofegante- Você tira meu fôlego fácil, mas não, não é uma reclamação -Abriu um sorriso

-Quando eu te beijo... -Começou a falar em um sussurro- Eu esqueço de tudo que tem em volta, me perco em um mundo onde tudo é perfeito e... Eu posso ser feliz do meu jeitinho... -Abriu um pequeno sorriso labial, beijando os dedos do rapaz

O coração de Ekko só faltava sair pela boca, batia tão alto que Ezreal até conseguia ouvir. O platinado não esperava por aquelas palavras, acabando por simplesmente segurar no rosto do loiro e o puxar para mais um beijo demorado, entrelaçando suas línguas e perdendo todo o fôlego que mal havia recuperado.

-Eu te amo -Admtiu Ekko com facilidade ao encerrar o contato, encarando Ezreal nos olhos- E eu prometo, por tudo que existe nesse mundo! Que eu sempre vou estar com você, ok? Vou cuidar de você sempre que precisar, e toda vez que se sentir mal e precisar esquecer do mundo real, pode me beijar, me abraçar, segurar na minha mão! Qualquer coisa! Em qualquer lugar! Eu to pouco me fodendo pra o que qualquer um for falar, eu só quero te protejer desse mundo... No fundo, você ainda é só um filhotinho...

Ezreal sentiu seu coração palpitar muito rápido, abraçando então forte o platinado a sua frente, escondendo o rosto em seu ombro, estava completamente colado a Ekko, sem um milimetro sequer de espaço.

-Obrigado, obrigado de verdade Ekko... Eu...

Apertou os lábios, desviando o olhar por um tempo, falando baixinho mas não completando a frase, apenas se aconchegando nos braços do platinadom.

E foi assim que Ezreal passou por seu estágio de luto, todos os dias ficava junto de Ekko, seja conversando sobre coisas banais ou trocando carícias, a única coisa que o loiro evitava era ficar sozinho, odiava essa sensação, era como se fosse um medo. Quando soube a anos atrás que seus pais haviam desaparecido tudo em sua vida mudou, todos os dias desejava que eles fossem logo encontrados bem, mas, aos poucos, suas esperanças foram diminuindo, Ezreal começou, no fundo, a aceitar a ideia de que só veria seus pais no pós-vida, e talvez, por isso, sua reação com a notícia da morte tivera sido menos pior, obviamente ficou destruído, mas aceitou bem mais fácil do que aceitaria se fosse a anos atrás.

Ele (não) é só meu amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora