P.O.V. Samantha – 2004
Será que essa calça está combinando com meu tênis? E se ela não gostar? Me pergunto enquanto saio do quarto para ir à escola.
— Bia, pelo amor de Deus seja rápida! Não posso chegar atrasada na aula de novo!
— Ai, Sam, você sabe que não adianta chegar cedo, a Alanis nunca vai te notar! — minha amiga Beatriz responde revirando os olhos.
— Vai sim, ela disse que gosta de pessoas inteligentes, e eu sou genial! — falo tentando demonstrar uma confiança que não tenho.
— Aff, o pior é que você realmente acredita nisso!
— Boa aula, meninas. Que Jesus acompanhe e direcione o dia de vocês. — a mãe da Bia responde e apenas sorrio em agradecimento.
A mãe da Beatriz se chama Conceição e trabalha para meus pais há muitos anos. Elas moram na nossa casa e praticamente fomos criadas juntas, já que eu estou com dezesseis, a Scarlet com quatorze e ela com treze.
Parece que foi praga da Bia, a Alanis não apareceu, e para piorar minha chateação tenho um horário vago. Se ela estivesse comigo, pelo menos passaria o tempo de forma mais agradável.
Desde o dia em que beijei a Sara aos treze anos, comecei a prestar mais atenção nas meninas ao meu redor. Algumas eu achava bonitas, outras irritantes, já os meninos, para mim eram todos uns bobões.
A Sara contou para a mãe dela que nós nos beijamos, e eles trocaram ela de escola. Depois disso, não fiquei com ninguém da escola até ano passado.
Até beijei umas meninas da academia em que faço as aulas de caratê e jiu jitsu, mas nada muito sério.
Nunca falei sobre essas coisas com minha mãe. Se ela implicava com as minhas roupas, imagina o que faria se descobrisse que eu gosto de meninas! Definitivamente não quero dar mais essa decepção para os meu pais.
Quando eu for maior de idade e tiver um emprego, aí sim vou sair da casa do meu pai e viver a minha vida do jeito que eu quiser.
Passei um tempo sem nem olhar diferente para ninguém no colégio até que a aluna nova chamou a minha atenção.
Alanis é filha de um gerente de banco que foi transferido do Piauí, e sofria bullying por causa do sotaque. A defendi na primeira vez em que ela foi humilhada e desde então somos amigas.
No dia do aniversário dela, teve uma festa e pedi minha mãe para dormir lá. Eu não costumo dormir em casa de colegas, então ela autorizou ainda meio desconfiada.
Naquela noite, Alanis subiu no meu colchão que estava no chão do seu quarto e me beijou. Passamos a madrugada nos beijando intensamente e acho que, se não fosse o medo de fazer alguma coisa errada, a gente teria transado.
De lá pra cá, namoramos escondido, ninguém sabe da gente e tentamos não ficar muito perto durante as aulas pra não dar na cara.
O que acontecerá se meus pais descobrirem? Não faço ideia, mas acho que não seria nada bom.
Bom, Já que não tenho o que fazer e nem a maravilhosa companhia da minha namorada, pelo menos posso me divertir assistindo a turma da Bia fazendo a aula de educação física.
Me sento no primeiro degrau da arquibancada e acompanho de perto o terror que a minha amiga é em qualquer esporte.
Ela estava no gol e sua turma disputando um jogo de handebol, e a Bia conseguiu não pegar NENHUMA bola, nem a mais ridícula de todas!
Para piorar, a estabanada tropeçou sozinha e caiu no chão toda esquisita. Me levantei preocupada se ela se machucou de verdade e noto todos rindo, até o professor.
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Sra. Matarazzi - (Livro completo disponível na AMAZON)
RomanceNome: Samantha Magalhães. Profissão: Delegada da Divisão de Homicídios. Maior objetivo profissional: encontrar e prender o assassino de Alanis, sua namorada da adolescência. Desafios atuais: fazer justiça por Alanis; encontrar e prender o serial kil...