— Então você descobriu que todas as flores na carta tem ligação a morte? — Eu perguntei para Kazuha, agora estávamos nós dois deitados na cama juntos lendo os livros e analisando as cartas que eu tinha recebido até agora.
Bem de boa, bem tranquilos, sem ninguém para encher o saco... Do jeito que deve ser haha, já sei que vou levar bronca de qualquer jeito então tanto faz.
Sobre o beijo? Kazuha achou que eu estivesse brincando. Da para acreditar? Aquele imbecil.
Ele disse: Haha desculpa, cheguei próximo demais de você.
E eu lá tipo: Próximo demais? Como assim?!
E ele: ah sim majestade, você fez essa brincadeira, por um segundo até pensei que tinha algum interesse em mim, não deveria brincar com isso.
Ele é completamente sem noção, também não falo mais nada desse naipe. Que inferno.
— Sim, sim! Eu acho que era uma ameaça ou algo do tipo... Mas na verdade eu achei interessante que o Lírio do Vale tem mais relação com renascimento, a volta da felicidade... Entende? Então essa última flor pode representar o desejo da pessoa por trás dessas cartas. — Kazuha disse, e eu ri um pouco. — O que foi? Falei algo errado?
— Não sei... Sabe tirando todo esse assunto de investigação, eu nunca trouxe nenhum amigo meu para o meu quarto, tirando o Heizou. — Falei, e ele se virou para mim, apoiando a cabeça com a mão e rindo.
— Você e esse tal Heizou parecem bem próximos, certeza que não tem nada além da amizade? — Questionou, e eu me virei para Kazuha o encarando sorrindo.
— Certo, eu admito... Eu e Heizou já nos beijamos uma vez, mas foi no calor do momento e nós dois percebemos que não era um sentimento de verdade, era só... Adolescentes pensando com a... Bem...
Parei um pouco tímido, não seria muito adequado eu usar a expressão "pensando com a cabeça de baixo" para mim mesmo... Eu acho.
— Algum problema Kuni? — Ele perguntou, e eu o observei com o rosto vermelho.
— Nada, nada, eu só estava pensando em uma coisa besta. — Eu ri um pouco, que pensamento idiota, literalmente não faz diferença.
— Eu sou o seu primeiro amigo próximo além do Heizou? — Ele me perguntou, me pegando completamente de surpresa.
—... Eu não sei se diria assim... Você é meu prisioneiro afinal, vamos pensar um título melhor para nossa relação ainda. — Cruzei os braços e quando olhei Kazuha, o mesmo estava sorrindo igual besta. — Qual o seu problema agora? Perdeu algo na minha cara?
— Ah sabe, eu sempre fui muito sozinho quando era criança, vivendo para impressionar o meu pai e me provar suficiente para ele, eu acabei... Não tendo muitos amigos também, é bom ter alguém que eu sei que posso contar, gosto disso. — Kazuha se aproximou mais de mim, beijando minha testa com carinho e me fazendo ficar envergonhado. — Eu não quero te magoar Kunikuzushi, nunca.
— Porque magoaria? — Me encolhi um pouco em Kazuha, tendo meus cabelos acariciados pelo outro.
— Não sei, talvez se eu fugir para os humanos quando sua mãe me liberar eu acabe te magoando, ou algo assim... — Falou com a voz doce, me fazendo tomar coragem para algo.
Coloquei o rosto contra o peito de Kazuha, ouvindo seu coração bater, fechei meus olhos e o abracei, o rapaz cheirava como flores em um campo aberto, agora a cama parecia mais confortável que o normal, e seu coração levemente acelerado era gostoso de ouvir.
— Está cansado? — Me perguntou, enquanto acariciava meus cabelos.
— Estou... Cuidar de você está me esgotando, aqueles baldes me deixaram com dores no corpo, sabia?
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Prisioneiro Sem Culpa
RomanceExistem dois reinos inimigos a vários anos, um de humanos e outro de "monstros", um dia um rapaz humano de cabelos brancos é capturado no território inimigo enquanto colhia flores. O Príncipe Kunikuzushi, irresponsável como sempre, recebe a punição...