Capítulo 2

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— Quando foi a última vez que a senhora fumou? — Harry perguntou no que Ron chamava de sua voz de 'atendimento ao cliente', olhando para seu novo paciente.

Maria Campbell entrou com um grave vício em fumo - um maço por dia nos últimos sete anos. Seu filho, James, a levou às pressas para o pronto-socorro quando ela começou a tossir sangue. Acontece que seus pulmões estavam essencialmente solidificados por dentro e, quando ela soltou um suspiro, seus pulmões se abriram e inundaram suas vias aéreas com sangue.

— Pouco antes de 'chegar', — ela murmurou, soltando uma leve tosse que soou como uma velha máquina tentando ligar. Esta pobre mulher. Ela tinha apenas 37 anos e já estava à beira da morte se não parasse de fumar o mais rápido possível.

— Tudo bem, e você acha que poderia chegar ao final desta sessão sem nenhum efeito colateral se você não fumasse- durante a sessão, quero dizer, — Harry perguntou, informando-se sobre o arquivo médico dela, mais uma vez enquanto ele conversava.

— Claro que não, — ela riu fracamente, colocando uma mecha de cabelo castanho atrás da orelha. — Tontura, vômito, enxaqueca, tudo de bom depois de uma hora sem fumar.

— Isso atrapalha seu sono, Senhora?

— Por favor, me chame Maria. Sim, quero dizer sim, atrapalha.

— Quantas vezes você acha que acorda por noite para fumar, Maria?

— 'cinco'e'seis? — Maria tossiu, estremecendo enquanto batia a mão no peito. — Mais do que isso, eu estou com problemas para respirar.

Harry não tinha ouvido muitos sotaques da Nova Inglaterra, mas ele poderia dizer que este era definitivamente um dos casos mais intensos. Talvez Massachusetts?

— Tudo bem, então vendo como sua vida está em perigo, eu vou ter que ser um pouco rigoroso sobre o que eu quero que você faça, certo? — Harry deslizou para encará-la mais diretamente, ao invés de seu computador, e começou a fazer anotações enquanto observava suas expressões cuidadosamente.

— Quero que você faça exercícios de respiração: inspire cinco vezes, segure por três, expire seis vezes, o máximo de vezes possível sem dor. Isso pode causar sangramento, mas o ritmo ajudará a tornar mais suave e menos doloroso. É comum fazer isso durante um banho quente, pois o ar úmido ajuda. Parece bom?

— Cinco inspirações, três pausas, seis expirações? — Maria perguntou confusa.

— Oh, tudo bem. Então, para isso, você vai querer inalar continuamente pelo nariz por cinco segundos, prender a respiração por três e, em seguida, levar seis segundos para exalar lentamente pela boca. Você quer fazer isso comigo alguns vezes? Posso chamar uma enfermeira aqui caso algo dê errado.

— Você não precis-

— Vai me fazer sentir melhor saber que você está fazendo isso de forma segura e correta em casa, — Harry acrescentou, interrompendo-a levemente. Ela finalmente cedeu e acenou com a cabeça, permitindo que ele chamasse a enfermeira.

— Maria, esta é Saphie... Ela é a enfermeira quarto a quarto deste corredor. Ela está aqui para garantir que nada dê errado, certo?

Maria assentiu, agradecendo à enfermeira enquanto aceitava um balde, olhando para Harry em busca de instruções.

— Bom, Saphie, vou pedir para você fazer uma contagem de 5-3-6 para nós.

— Tudo bem, doçura, quando vocês estiverem prontos.

Harry não sabia como conseguiu tantos sotaques em seu local de trabalho - era o Reino Unido, mas ele tinha muitos sotaques americanos para acompanhar. — Você está pronta Maria?

A morena assentiu, então Harry acenou para Saphie. — Na minha deixa: um.. dois.. três.. quatro.. cinco.. você está indo muito bem, espere, dois.. três.. expire dois.. três.. quatro.. cinco.. seis.

Harry estremeceu, ouvindo seus pulmões de vidro estalarem enquanto ela tossia, tremendo levemente enquanto pairava sobre o balde, fazendo barulhos de engasgo. Alguns segundos depois, uma onda de sangue com pedaços de carne morta, e outra, e outra, até que não havia mais.

Harry deixou a enfermeira cuidar dela até que ela estivesse bem. Ele estava com medo de que ela nunca mais respirasse, mas ela parecia quase aliviada.

— Acho que é tudo o que precisamos passar, agora, — disse Harry, sorrindo. — Você foi muito bem hoje e tente fumar menos, mas isso não é uma prioridade neste momento, ok? Concentre-se apenas na cura.

Ao se despedir, fechando a porta após sugerir adesivos de nicotina misturados com açucareiros, virou-se, preparando-se para o próximo compromisso, mas parecia que não tinha tempo, pois Draco Malfoy estava sentado em sua cadeira.

— Cristo, Malfoy! — Harry colocou a mão sobre o coração, tentando acalmá-lo. — Há quanto tempo você está aí... Como você conseguiu entrar?

— Eu sou um bruxo, Potter, e esta é uma instituição trouxa. Eu iria me atrasar para o meu compromisso se não aparatasse direto aqui.

— Por que você teria se atrasado?

A primeira sessão deles foi principalmente de bate-papo, já que Draco continuou desviando o assunto, portanto, nenhum trabalho real foi feito, mas Harry planejou mudar isso nesta sessão. Agora, ele nem tinha certeza do por que havia perguntado a Draco, era óbvio por que ele estava atrasado. Chupões floresceram em sua garganta, seu cabelo estava desgrenhado e suas bochechas ainda estavam um pouco coradas. Harry imaginou que se ele aparatasse quarenta segundos antes, ele também não estaria usando roupas.

— Você teve relações sexuais que terminaram dois minutos antes de sua sessão de terapia de dependência sexual. — Harry afirmou, encarando o loiro com uma expressão desapontada.

— Bem, eu esqueci que tinha terapia até meu lembrete de cinco minutos disparar, você deveria estar feliz por eu estar com um homem minúsculo, — Draco suspirou, passando a mão pelo cabelo. — Não é minha conquista mais orgulhosa, admito. Agora Alvarado- Porra, aquele homem me deixou cambaleando por horas, literalmente. Nunca mais vou encontrar alguém como ele.

— Malfoy, você está perdendo o ponto, — Harry gemeu. — Primeiro, por favor, saia da minha cadeira.

— Mas este é muito mais confortável, — Draco fez beicinho, esparramando-se mais nele e abrindo as pernas.

— Malfoy, saia da minha cadeira.

— Mm, dominatrix- eu aprecio isso. Mas não, eu gostaria de ficar aqui, obrigado.

— Saia.

— Me faz.

Draco ergueu uma sobrancelha de maneira desafiadora, cruzando os braços sobre o peito enquanto Harry franzia a testa. — Você é uma praga, sabia? Como um mosquito que você ouve, mas nunca pega.

— Adoro a provocação, Potter. Poderia se esforçar um pouco mais, mas gosto disso. — Harry ficou surpreso e Draco riu. — Brincadeira, brincadeira, mas não sobre a cadeira. Você deveria me deixar sentar nela hoje.

Harry também não fez nenhum progresso naquele dia.

Sex Addiction | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora