13 - Memórias Despertando

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Riki chutou duas pedrinhas na calçada, apoiando as costas no poste enquanto via o tempo passar. Saiu de casa como se fosse um criminoso, tão discretamente, que Jay apenas o viu na porta, dizendo que daria uma volta. O importante era chegar para jantar com ele e a mãe.

O hyung não tinha uma boa impressão do Yang, algo incompreensível, nas poucas mensagens em que trocaram, Jungwon foi tão gentil, que ele duvidava muito que o pobre garoto fosse capaz de todas aquelas atrocidades no ano anterior, como ouvira dos boatos de Jake, o amigo de Jay que tentou lhe atualizar sobre as fofocas da escola.

Suspirou, tratando de afastar os pensamentos ruins, Jay era muito protetor, e isso era meio chato. Ele detestava esconder as coisas do irmão mais velho, porém aquela indiferença misturada com inimizade, seria um grande obstáculo, caso Jungwon e ele se aproximassem. Riki também era um Park, então conseguia ser mais cabeça dura que o hyung teimoso. 

Bufou, olhando para o telefone e vendo o atraso do colega de classe, sete minutos nunca pareceram tão longos. Ele mordeu o interior da bochecha, olhando ao redor, vez ou outra um pedestre cruzava a rua, visitando os pontos comerciais próximos à livraria onde eles marcaram de se ver.

Riki se aprumou um pouco, pois viu um rapaz de óculos abrir a porta repentinamente, o encarando. Ele era familiar, então o japonês falou sem pensar.

- Jake-hyung?

- Não - Ele sorriu grande, e realmente, não era, mesmo sendo muito semelhante - Deve ter me confundido com meu irmão. Você está bem? Está parado aí de pé a um tempão...

- Irmão? - Questionou, mas não teve muito tempo de pensar, pois ouviu sapatos batendo contra o asfalto e sentiu seu coração acelerar, pois lá estava o castanho, correndo e sorrindo. 

- Riki-ah, oi... - Ofegou, apoiando as mãos nos joelhos - Desculpa o atraso, acabei me ocupando...

Mesmo suado e um pouco amarrotado, o japonês tinha plena certeza de que aquela era a pessoa mais bonita que ele já viu, na vida inteira. Havia sombra rosada em seus olhos, a pele estava lisa e brilhante, além das roupas claras, tudo lhe dava um aspecto angelical e puro. 

- Entrem logo vocês dois, está sol - O jovem chamou sorrindo, abrindo passagem para a dupla. 

O japonês deixou que o baixinho entrasse primeiro, como um cavalheiro, sentindo um alívio imenso quando foi envolto pelo ar gelado do local. Não haviam nem palavras para descrever a livraria, tudo era de madeira envernizada, haviam vasinhos de planta dispostos por cada canto possível, e um cheiro inebriante de sândalo estava no ar. 

- Jungwonnie, não vai me apresentar? - O de óculos sorriu, chamando a atenção do garotinho - Ele me confundiu com o Jaeyun, estou ofendido...

- Ah sim, desculpem, Riki-ah, esse é Heeseung-hyung, filho do dono da livraria - Apresentou, sorrindo de maneira fofa.

- Um dos filhos, o outro deve estar pela cidade, namorando - Brincou, respondendo a reverência do rapaz com um aceno - Lee Heeseung.

- Nishimura Riki - Ambos se curvaram, mas ele ainda estava acanhado, era estranho ver o rosto de alguém ali e não ser a mesma pessoa.

- Com o tempo você aprende a diferenciá-los - Jungwon garante, tocando o ombro do japonês, sorrindo pelo jeito acanhado que ele se comportava - As vezes vejo Jake-hyung pela escola e quase chamo pelo hyung errado. Mas eles são diferentes, é só prestar atenção.

- Isso. É um prazer Riki, vou voltar ao trabalho, Won - Ele caminha para trás do balcão, organizando alguns papéis - Pode ir estudar com seu amigo lá nos fundos, é mais tranquilo, acho que appa vem daqui a pouco dar um oi.

ENTRELAÇADOS: WonkiOnde histórias criam vida. Descubra agora