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Foi tudo tão rápido. A estréia, depois o carro, o caminhão, o acidente. Por sorte, você e sua namorada Jenna estavam em carros diferentes quando aconteceu, provavelmente essa era a única coisa pela qual você estava grata... e talvez a última também. Quando você chegou ao hospital, você já estava meio morta. Traumatismo craniano, ossos quebrados, paralisia da cintura para baixo e danos cerebrais. Você foi longe demais para ser salva. Quando Jenna soube do acidente, ela foi a primeira a vir ao hospital e seu coração imediatamente se partiu ao ver você daquele jeito. Você nem parecia você mesma e ela estava no chão aos prantos. Não era justo, nada era justo nisso.
Jenna vinha todos os dias visitá-la no hospital e todos os dias ela falava com você, segurava sua mão, cuidava de você, mas você já havia escapado. Então chegou o dia que todos temiam. Ela teve que puxar o plugue. Você estava com dor e só foi mantida viva pelas máquinas. Ela não queria que você vivesse assim, ela tinha que fazer isso por você, por mais que isso doesse. Ela queria ficar sozinha com você naquele dia, ela queria que a última coisa que você sentisse fosse a presença dela, então ela deitou na cama com você abraçando seu corpo sem vida enquanto a enfermeira desligava. "Sinto muito bebê. Mas você não sentirá mais dor. Você ficará em paz " Jenna sussurrou enquanto chorava e segurava sua mão com força. "Por favor, cuide de mim", ela falou e soluçou ao ouvir você dar seus últimos suspiros.
Ela saiu logo após a hora da morte ser anunciada e foi para casa, para sua família. Eles também aprenderam a amar você, então foi uma grande perda para eles também. Ela não planejou um funeral para você porque sabia que você não queria, então ela apenas deixou você ficar em paz. Mal sabia Jenna que você não tinha morrido naquele dia. Você acordou assim que ela saiu. Cérebro danificado e paralisado, você definitivamente precisava de reabilitação, mas você estava viva. Só Deus sabe quantas vezes os médicos tentaram ligar para Jenna, mas ela desligou tudo e nunca ligou de volta. Convencida de que você estava morta, ela continuou com sua vida. Claro que foi difícil. Ela não era mais a garota que todos conheciam. Normalmente, você a veria sorrir durante as entrevistas ou mesmo nos erros de gravação de seus trabalhos, mas agora ela estava tão séria quanto seu novo personagem, Wandinha. Claro que ela tentou sorrir por causa de seus fãs, mas todos sabiam que ela estava sofrendo e que era a maior dor de sua vida.
Lidar com o luto sempre foi difícil para todos. Todo mundo foi tão sensível nisso, mas não os jornalistas e o entrevistador. Às vezes, Jenna recebia perguntas sobre você e, a princípio, ela se recusava a responder, mas aos poucos foi ficando mais fácil. Depois de dois anos, ela se recuperou. Ela recentemente saiu para mais entrevistas e hoje é o segundo aniversário de sua "morte". Claro que ela estava bem, mas esse dia sempre vai assombrá-la, e não a ajudou ter que fazer uma entrevista. Tudo estava indo bem até agora. "Então, Jenna, como você está?" A mulher que a entrevistou perguntou. "Bem, hoje é o segundo aniversário da morte de (S/N), então minha mente está em outro lugar. Mas estou bem, considerando" ela deu um sorriso desconfortável para ela e para o público. "Como você está lidando com isso?" Claro que Jenna esperava perguntas intrusivas "é difícil. Mas estou lidando com isso e meus amigos estão me ajudando, muito."
Mal sabia Jenna que você estava se recuperando lentamente no hospital. Agora você pode estar se perguntando "como as pessoas não descobriram que você estava viva?" Fácil. Seus médicos nunca contaram nada a ninguém, sabendo que, se o fizessem, os jornalistas poderiam vir e estressá-la ainda mais do que você poderia suportar. Você teve que aprender a falar novamente, como mover seu corpo, bem a parte superior do corpo, no início. Felizmente, a parte danificada do seu cérebro não era aquela com as memórias, então você ainda se lembrava de tudo, felizmente. Sua equipe de médicos foi simplesmente incrível, eles fizeram de tudo para mantê-la feliz e o trabalho que fizeram em você foi constante. Você fazia visitas periódicas para ver se havia alguma chance de voltar a usar as pernas, mas nada acontecia, até que um dia.
Você sentiu algo fazer cócegas em seus pés e imediatamente ligou para os médicos que a visitaram mais uma vez e o que aconteceu foi que, com uma cirurgia muito cara e muita reabilitação, você finalmente voltaria a andar. Talvez um dia atue novamente também. Felizmente, você tinha o dinheiro, então pagou e recebeu no dia seguinte. O primeiro período de caminhada foi uma tortura completa. Você não estava mais acostumada. Seu corpo da cintura para baixo doía muito porque seus ossos não estavam mais acostumados com o peso. No início, os médicos a ajudavam e, com mais um ano de reabilitação, você finalmente saía do hospital, mesmo que com muletas e cadeira de rodas, mas isso não dura muito mais.
Já era quase Natal e você não conseguia parar de pensar em Jenna. Você tinha visto suas entrevistas e notado como ela estava magoada. Você poderia dizer apenas pelos olhos dela. Vocês duas cresceram e ela estava ainda mais bonita do que da última vez que você a viu, na estréia. Então você decidiu surpreendê-la e ir visitá-la, na casa de sua família no dia de Natal. Você morava em outro estado, então teve que voar para a Califórnia. Felizmente ninguém te reconheceu (afinal, já se passaram três anos, ninguém mais pensava em você). Ao chegar chamou um táxi que o levaria até a casa dela. Você trouxe suas muletas porque viajar com uma cadeira de rodas era desconfortável, felizmente as muletas eram suficientes.
Você caminhou até a porta dela e tocou a campainha. Você ouviu conversas lá dentro. "Esquecemos de alguém?" Você ouviu a mãe de Jenna dizer, quando ela se levantou e foi abrir a porta. Quando ela te viu, ela engasgou e sorriu para você, lágrimas surgindo em seus olhos enquanto você sorria brilhantemente para ela. "Oi, Jenna está?" Você perguntou sussurrando, não querendo que Jen te ouvisse. A mulher tentava reprimir as lágrimas enquanto chamava pela filha e você apoiava seu peso nas muletas. "Jenna, querida, há alguém na porta para você!" Você ouviu Jenna gemer de aborrecimento na outra sala, o que o fez sorrir brilhantemente. "Mãe, se são fãs, mande-os embora! Afinal é Natal"
"Não são fãs, vem cá e depressa" a mulher insistiu e convidou-te entretanto.
Jenna logo apareceu na porta e quando ela te viu ela congelou em seu lugar. Lágrimas subindo até seus olhos "C-como isso é possível? E-eu vi você morrer, eu estava lá-" ela disse quando começou a soluçar e você foi até ela. "Oi meu amor" você disse a ela enquanto se servia das muletas. "Você é real?" Ela disse enquanto levava a mão até sua bochecha, você podia sentir como ela estava tremendo quando começou a esfregar sua bochecha hesitantemente. "Sim eu estou. Levei três anos para me recuperar, mas estou aqui, pele e osso " você sorriu e então ela quebrou, abraçando-a com força enquanto chorava. Você queria abraçá-la de volta, mas no momento não podia porque precisava se segurar com as muletas, então foi para o sofá. Uma vez que vocês duas estavam sentados, você a abraçou com força, e ela só chorou mais. Ela não podia acreditar que você estava lá em seus braços novamente quando ela viu você morrer, parecia um sonho.
"E-eu não estou sonhando, né?" Ela disse entre soluços quando se afastou do abraço, olhando para você com lágrimas nos olhos enquanto você subia a mão até a bochecha dela para acariciá-la e enxugar as lágrimas. "Você não está. Na verdade, estou aqui, você está realmente me abraçando e eu não morri" você disse enquanto afastava um pouco do cabelo do rosto dela. "Mas eu estava lá quando eles desligaram, como-" ela não conseguia entender. "Eu acordei logo depois que você saiu. Os médicos tentaram ligar para o seu telefone, mas você desligou tudo. Não te culpo por isso, quero deixar isso claro. Esses anos eu pedi para eles não ligarem para você, porque não queria te preocupar, não queria que você se concentrasse em mim" você disse e observou enquanto ela continuava chorando, enquanto você enxugava as lágrimas dela. "Tive que aprender a falar de novo e supostamente fiquei paralisada por um tempo e agora aqui estou"
Toda a família dela também ouviu e tudo deu certo, todos entenderam por que você fez isso. "Sinto muito se te machuquei", você sussurrou para Jenna enquanto as lágrimas também vinham aos seus olhos. Ela balançou a cabeça e se inclinou para beijá-lá, deus, vocês duas sentiram falta desse sentimento.
