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"Você já mordeu um humano, (S/n)?"
Inclinando a cabeça, você observa a garota através das lentes coloridas de seus óculos, imaginando se a pergunta veio de um mero interesse vago ou se era algo que Wandinha já guardava dentro dela há algum tempo.
A intensidade do olhar da garota parece provar que o último está certo.
Se não fosse ela perguntando, você provavelmente ficaria um pouco ofendida - você gosta de pensar que é muito mais sofisticada do que isso. Você acha que os anos de evolução que passaram fizeram um vampiro ansiar por sangue tanto quanto um humano sedento por água - sem se tornar assassino por causa disso.
"Você me acha um bruto medieval? Não, nunca fiz. Temos doadores para isso", você ri, balançando a cabeça e voltando ao seu livro, "Le Fanu teria aprovado, não é? Com seu olhar desatualizado sobre vampiros e tudo."
O pequeno livro de capa em papel em suas mãos é intitulado 'Carmilla', e você não pode contar quantas vezes o releu, apesar da maneira como se refere ao autor. Você ainda prefere isso a 'Drácula', por exemplo, provavelmente porque a história de uma vampira caçando uma mulher inocente é muito mais identificável para você.
Mas, infelizmente, é verdade - ao contrário de lady Carmilla, você nunca se banqueteou com um ser humano vivo antes. Os tempos mudaram - não há necessidade de escravos, e a humanidade não é mais tratada como gado por sua espécie.
Você também acha a ideia de afundar suas presas em alguém muito... íntimo.
"Ele certamente faria."
Seus olhos vermelhos se arregalam enquanto você assiste Wandinha se levantar de seu assento e caminhar até onde você está sentada na cama dela, a voz baixa quando ela fala, fazendo você tremer.
"Ele também escreveu que um vampiro tende a ser fascinado com uma veemência cativante, semelhante à paixão do amor", a palma da mão gentil dela repousa em seu ombro, e ela a leva até seu pescoço e mandíbula, unhas bem cuidadas traçando o contorno do osso, "que nunca desistiria até que saciasse sua paixão".
Enquanto você olha para a garota, congelada, ela se acomoda confortavelmente em seu colo, olhando para você através da espessura de seus lindos cílios e inclinando a cabeça.
"Você já se sentiu assim, (S/n)?"
Sua língua fica pesada em sua boca. Você acha difícil engolir em torno dele, em torno do nó crescente em sua garganta. Nenhuma resposta vem - você sente os dedos frios de Wandinha traçando sua mandíbula até as maçãs do rosto e, em seguida, os lábios pintados de escuro dela estão nos seus.
Pegando a garota menor pelos quadris, você puxa o corpo dela para o seu, seus lábios escuros e macios são doces quando ela a beija, e sua mente é turva quando ela se afasta.
