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Você tem importunado Wandinha uma quantidade saudável. Mesmo evitando que seus próprios amigos passassem tempo com ela, você parecia ter se arrependido dessa decisão, só um pouquinho.
Na cama da sua namorada, você deitou de lado, ouvindo a música alta de Pathétique lá fora, enquanto Enid conversa com o Ajax pelo telefone.
Wandinha está tocando violoncelo todas as noites, como fazia quando chegou aqui. Você admirou sua paixão, consistência e dedicação à sua agenda. Você admirava a escrita dela. Você admirou a criatividade dela. Você admirava tudo nela, defeitos e tudo. Você a admirava.
"Você simplesmente não sabe como mostrar isso", Enid diz em voz alta, provavelmente se referindo a você mais do que ao Ajax. Isso fez você fazer uma careta, visto que sua amiga cuidava de suas emoções que não eram muito mostradas. "Mas, você sabe, eu vou notar de qualquer maneira." Ela continuou. As penas no topo de sua cabeça, que certamente vão te render uma bronca da Sra. Davidson, a segunda professora normie a lecionar em Nevermore após o acidente com Lauren Gates, pareciam ter derretido e deixado dois buracos laterais.
"Ele nem sabe que você percebeu." Você olhou para cima, ajustando sua posição na cama de Wandinha. Fazia alguns meses desde que você voltou para Nevermore. Ophelia Hall permaneceu o mesmo, a sensação de nostalgia atingiu sua visão.
Enid se levantou da cama, pegando sua rede rosa na ponta da cama. Seu cabelo, ao contrário de antes, estava muito mais comprido agora, passando dos ombros. Azul e rosa ainda são evidentes nas extremidades dele. Seu rosto é mais desenvolvido, mas mantém o charme inocente de Enid Sinclair (como Eugene diria).
"Estou indo para o dormitório do Ajax", ela guardou o telefone no bolso, vasculhando o armário enquanto tirava um laço azul. Você não poderia protestar com o que ela disse, já que o lobisomem sempre te abandona, ela te pergunta sobre alguma coisa. Ela deixou um monte de roupas em sua cama, fazendo parecer que gnomos vomitaram arco-íris. "Fale com ela", Enid apontou para a janela, referindo-se a Wandinha. "E me ligue quando vocês dois terminarem de se beijar."
Você se levantou de sua posição rapidamente, quase desmaiando. "Você quer dizer fazer as pazes!" Você meio que gritou, a visão ainda embaçada, mas o suficiente para ver que Enid saiu com a porta fechada.
Como se fosse uma deixa, Wandinha atravessou o vidro em forma de aranha, um guincho ecoando nos dormitórios. Seu cabelo ainda estava bem preso em suas tranças de assinatura, uma de cada lado, ambas igualmente repartidas. Suas sardas pequenas, espalhadas e fofas eram muito, muito visíveis – provavelmente devido à falta de maquiagem que ela usava hoje.
Falando em vestir, as roupas que ela usava são sempre pretas. Desta vez, ela usava uma camiseta preta confortável (ela aprendeu a lição de nunca usar camisas brancas sobre sutiãs pretos anos atrás, não que ela fosse usar a cor branca novamente) e pijama tipo pára-quedas, calça preta. "Olhe para mim assim de novo e eu vou arrancar seus olhos." Ela ameaçou com os papéis na mão, embora, do seu ponto de vista, fossem armas.
"Desculpa... E que você está-" Você parou no meio da frase, uma careta se formando em seus lábios, uma pequena para não desviar a conversa rapidamente. "Eu não estive tão perto de você a algum tempo."
Os olhos de Wandinha perfuram os seus. "Estou a 2 metros de distância de você." Ela não perdeu tempo se aproximando, mas não de você. Ela colocou suas partituras em uma categoria de pastas, cada uma delas preta ou transparente.
"Wandinha," você ligou, não para testar suas emoções ou falta de contato visual, para simplesmente ligar para sua namorada. "Você diz que é alérgica a cores... Como isso funciona?" Você perguntou com cautela, enquanto ela mergulhava na cama ao seu lado.
Wandinha começou a desfazer a trança. "Não sou alérgica a isso." Ela respondeu em um tom suave, bocejando sob as mãos logo em seguida. "Apenas tenho uma reação diferente de todos os outros." Ela explicou, levantou-se para colocar o prendedor de cabelo em sua mesa. Ela mergulhou de volta na cama. Ela deitou de lado, sem olhar para você.
Você não queria incomodá-la mais, embora se lembrasse das palavras de Enid; fale com ela.
Em resposta à resposta dela, você questionou. O ar denso estava sufocando suas perguntas. No contato visual mais simples e curto de Wandinha, você queria continuar. "Por que?" era tudo que você podia pedir, curto e curioso era o seu tom. Interessada encheu seu sorriso.
"Não", ela começou, olhando para o colo. "Sorria assim." Wandinha se levantou de sua posição deitada, cruzando as pernas. Seus olhos fixos em suas calças, cuidando de seus próprios negócios.
Wandinha Addams, nada como sua doce mãe pelo que você testemunhou durante as férias, ela também não era exatamente como seu pai. Ela é Wandinha. Ela não herdou depois de seus pais, mas, como sua própria personalidade. A garota que foi profetizada para matar uma escola inteira, a garota que mudou essa dita profecia.
Ela é brilhante. E você se lembrou de si mesma, seguindo Lauren Gates pela caverna. Você se lembra de ter ficado paralisada quando ela foi esfaqueada, sem saber exatamente o que fazer. E um fantasma, muito parecido com a própria Wandinha, curou todas as suas feridas. Se infiltrando através dela.
Você ainda pode sentir Goody Addams em Wandinha Addams. Você sentiu o empurrão e puxão mais forte através do coração dela. E parecia ainda mais promissor porque você está falando com ela agora. A energia de Wandinha é forte e complexa. No momento, está à vontade. E isso era evidente em sua linguagem corporal, ombros relaxados, pernas cruzadas.
Se não parece que ela está relaxada. Suas pálpebras pesadas estavam prestes a se fechar, embora ela as mantivesse acordadas, certamente falavam por si mesmas. "Você deveria dormir," você sussurrou, levantando-se da cama, suspirando. Você poderia falar com ela amanhã. E você também pode ligar para Enid amanhã. Se ela ainda não estiver no escritório de detenção.
"Você vai ir?" Wednesday puxou você levemente do pulso, mostrando a fragilidade em seu tom. O sono pegou com sua aparência agora.
Você balançou a cabeça, sentando-se na cama, de frente para ela desta vez. "Eu posso ficar..." Sua voz falhou, então, você lembrou que estava falando com um Addams. "Se você quiser que eu fique."
Wandinha parecia em conflito, mas deu um aceno brusco. Os olhos dela se desviaram para seu rosto, inclinando-se antes de dar um leve toque nele. "É macio." Ela sussurrou; voz sonolenta. O peso do corpo dela se inclinou contra você.
Você se deitou ao seu lado. Wandinha olhou para você, antes de se deitar. Você beijou suavemente o cabelo dela, a ponta do seu nariz fazendo cócegas.
Suas mãos estavam em volta dela. Ela beijou suas palmas levemente. "Durma." Ela comandou e você não pôde deixar de obedecer. Suas mãos envolveram, como um cobertor.
O calor pessoal envolveu a sala. Antes de se fechar em seus sonhos, Mãozinha sentou-se na mesa. "Boa noite, cara mia." Você diz, sorrindo enquanto ele formava um pequeno coração em sua pele com os dedos.
No dia seguinte, Enid estava na sala de detenção, sorrindo quando você passou.
