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"Eu quero ir lá." Você resmunga de onde está deitada no colo de Wandinha.
Sentada aqui, agora, com as mãos de Wandinha em meu cabelo, trançando e destrancando-as como ela bem entende, parecia tão mágico. Do luar pálido à cidade iluminada por baixo de você. Foi perfeito. O inverno era o seu favorito, como escurecia cedo, o que significava que você podia assistir ao pôr do sol com sua namorada.
"Onde?" Wandinha diz em leve confusão, olhando para o cenário à sua frente. Ela então olha para você, relaxando um pouco ao ver seu sorriso satisfeito.
Seus olhos estão fechados enquanto você aponta sem pensar na frente dela. "A linha onde o céu encontra a terra." Você responde, empurrando-se para o torso de Wandinha.
Ela franze as sobrancelhas em confusão e olha para cima. "O horizonte?" Ela murmura. Você acena com a cabeça. "Você não pode... Por quê que ir pra lá?" Wandinha se interrompe e inclina a cabeça para você.
Você dá de ombros. Você precisa de um motivo? A pureza à sua frente, suave e branca. Quem não gostaria de ir para lá? O céu, completamente inconsciente da libertinagem e afeição da terra por ela. A história de amor deles era a sua favorita. Amor proibido, desaprovado pelo resto do mundo. Mas nada impediu a terra de encontrar seu verdadeiro amor. O céu, realeza que não queria o que ela nasceu. Horizon, a linha onde os corpos se fundiram em retaliação. O beijo deles, permanentemente como sinal de que você pode amar quem você ama. Diferentes ou iguais.
Ao acordar, você percebe que havia adormecido antes de responder Wandinha. Sua cabeça estava ligeiramente levantada sobre a sua e a jaqueta de Wandinha em uma sacola como um travesseiro improvisado. As estrelas agora iluminavam o céu noturno e a cidade de Jericó estava adormecida. Ao acordar você olha para o seu relógio, que marca: 22:57. Sentar-se apresentava-se como um alvo impossível com Wandinha enrolada ao seu lado. Ela é o seu céu.
"Você está acordada agora?" A voz dela é áspera e áspera, para não dizer abafada pelo seu peito.
"Sim." Você sussurra e ela olha para você. Seus olhos refletem os do céu. A lua crescente que brilha atrás de você, espelhada em suas íris e pupilas. "São quase onze horas. Devemos voltar para Nevermore agora?"
Wandinha balançou a cabeça em um não, colocando-a de volta em seu peito. "Conte-me mais sobre a linha onde o céu encontra a terra em um beijo." Ela disse. Aparentemente, você murmurou sobre isso antes de adormecer.
Você sorriu para ela. As histórias sobre a terra e o céu eram infinitas. Fossem eles amantes ou inimigos. O céu, sem fim, sem limites, e a terra, murchando por causa de humanos mesquinhos. Céu, imortal, sendo forçada a assistir enquanto seu único amigo apodrecia. Não se torne amigo de mortais; não se apaixone por mortais. O conselho de sua mãe passou por sua mente e então o atingiu como um tijolo. Um dia, em um futuro esperançosamente distante, Wandinha morreria e você ficaria presa, vivendo a mesma vida novamente. Você só se encontraria em um ciclo de dor e sofrimento.
"S/n?" Wandinha perguntou, tirando você de seu devaneio. "Devemos voltar?"
Você acenou com a cabeça e ela se sentou, você seguindo o exemplo. Vocês duas começaram a limpar o piquenique antes de descer a colina e atravessar a floresta de volta para Nevermore. Você foi primeiro ao dormitório dela, depois de deixar o equipamento de piquenique na cozinha.
Wandinha olhou para você. "Você quer?" Ela apontou para a porta, sem dizer as palavras, mas você sorriu em compreensão.
"Eu adoraria." Você disse a ela e seus lábios se curvaram antes de abrir a porta.
Vocês duas entraram em silêncio para não perturbar a bela adormecida chamada Enid. Quando você chegou à cama de Wandinha, você se virou ao som de batidas. Mãozinha bateu na mesa com o dedo indicador como um pai repreendendo. Ele então apontou para o relógio analógico.
Wandinha zombou dele. "Eu disse a você que chegaria tarde." Ela disse, levantando uma sobrancelha.
Mãozinha assinou algo para ela antes de rastejar para longe em agitação. Wandinha virou-se para mim e revirou os olhos ao ver a expressão divertida em meu rosto. "Acho que você não está mais cansada."
"Eu poderia pensar em algumas maneiras de me livrar da energia." Você deu de ombros, mãos frias na cintura dela, onde o suéter havia subido.
"Enid está bem ali." Wednesday disse enquanto colocava a mão sobre a sua.
"Enid está dormindo." Você sussurrou, seu hálito quente soprando contra a bochecha de Wandinha. Wandinha olhou para a amiga antes de olhar para trás e beijar você.
As costas de Wandinha bateram em seu edredom e você montou em seus quadris, enredando os dedos em seu cabelo. Wandinha gemeu em sua boca e vocês duas ouviram um suspiro. "Enid não está dormindo!" Você se virou para ver Enid sentada, cobrindo os olhos, fazendo você rir baixinho. "Não é engraçado. Estou traumatizada."
"Você vai superar isso." Você disse a ela, desmaiando ao lado de Wandinha, que apenas balançou a cabeça em desgosto.
"Boa noite, Enid." Ela disse.
"Boa noite!" Enid guinchou, virando-se e voltando a se deitar.
"Você é imprudente." Wandinha zombou enquanto você a beijava suavemente.
"Mas você me ama." Você disse e Wandinha deixou a conversa por isso. Ela passou os braços em volta de você e você caiu em um silêncio confortável. O único som é a respiração e os batimentos cardíacos um do outro.
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Duas semanas depois, era seu aniversário. Fazer dezesseis anos era um grande acontecimento, mesmo para um Anjo, ou meio-anjo, que teria bilhões de aniversários. Mais cinco aniversários e você estaria presa do jeito que está para sempre. Você entrou em seu quarto e se impressionou nas decorações na parede. Teto azul-escuro e tapetes verde-claros no chão. As paredes eram brancas e as cores na parte superior e inferior se misturavam perfeitamente. Foi como um sonho.
"Você gostou?" Wandinha perguntou, vindo atrás de você. Você se virou para ela com os olhos arregalados. "Você disse que queria ir até a linha onde o céu encontra a terra, mas na verdade não pode alcançar o horizonte, então eu trouxe para você."
"Wandinha, você- eu-" Você gaguejou, voltando-se para o quarto novamente. Tudo parecia tão piedoso. Tão justo.
Enid deu uma cotovelada em Wednesday por causa da sua gagueira. "Muito bem. Você quebrou sua namorada. Ela zombou."
"Obrigada." Você disse finalmente, engasgando com suas palavras. "Muito obrigada." Você a abraçou. Wandinha vacilou um pouco antes de te abraçar de volta. "Eu te amo tanto, Wandinha."
