TRÊS

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Kuina e Emiko encaravam o casal se sentando nas cadeiras de praia. Segundo Kuina, Arisu era o nome do garoto útil, eles haviam feito uma prova juntos e a garota elogiou muito Arisu, dizendo que ele tinha muito potencial. Emiko ficou com um pouco de inveja, já que o seu jogo foi bem mais dolorido. Ela levou muitos chutes, socos e quase caiu umas vinte vezes. Mas pelo menos estava ali.

Ela e sua amiga caminharam até o casal e sentaram junto à eles. O casal encarou as garotas de cima a baixo.

— Eaí? — Emiko cumprimentou os dois, que se entreolharam discretamente e olharam para ela de novo — Sim, ganhamos um jogo juntos. Sou a Emiko.

— Arisu.

— Usagi.

— Sou a Kuina — A garota se apresentava com um sorrisinho no rosto, logo em seguida, colocou o palito novamente na boca — Sua namorada?

— Não, nada a ver! — A tal de Usagi quase gritou de tanto desespero.

— Por que estão perdendo tempo? Vocês tem que aproveitar enquanto estão vivos — O casal se encarou novamente. — Minha mãe está em um hospital em coma. Ela não consegue nem ir no banheiro sem a minha ajuda. Por isso que eu quero voltar viva. E por isso também, que eu resolvi parar de fumar. Preciso de estímulo para sobreviver aos jogos.

Kuina olhou para Emiko esperando sua amiga falar o seu lado.

— E eu era uma bailarina. Estava começando a ganhar prêmios, ganhar papéis em espetáculos. Estava começando a ganhar dinheiro para o tratamento da minha irmã mas aí, parei nesse inferno. — Ela faz uma pausa — Esse é meu estímulo.

— Só queremos sobreviver e voltar ao mundo normal — Kuina se pronuncia novamente.

De repente, a milícia chega. Sim, no seu passado sombrio Emiko já fez parte dela; mas viu que era um lugar sujo e que ela não iria se encaixar nunca, então resolveu sair. Agora, todos acham ela uma traidora e tem um ódio enorme por ela.

Assim que chegam mandam parar de tocar a música. Aguni como sempre estava na frente, comando o pessoal, Niragi estava logo atrás com a sua amiga metralhadora.

— Esses são melhores lutadores deste lugar. Se quiser viver em paz, é melhor não se meter com eles — Kuina sussurra.

— Por causa deles eu não vivo em paz — Emi sussurra de volta.

Emiko e Kuina começam a explicar sobre como funcionava a Praia para os novatos. Quando Aguni vê Arisu, ele para bem na sua frente e pergunta:

— E o seu amigo? — O careca pergunta. É verdade. Emiko quase ia esquecendo do loiro que andava junto de Arisu na prova anterior. O silêncio de Arisu já explicava bastante coisa — Já sei, ele morreu. É uma pena, só sobraram os mais insignificantes.

Quando Aguni pede para que Niragi traga a garota de cabelos curtos até ele, Arisu se levanta em sinal de defesa. Emiko bate na mão da amiga para que não se meta, ela queria ver o que ia acontecer.

— Para com isso — Arisu empurra a mão de Niragi.

— O que eu faço com esse moleque?

— Quebra as pernas dele — Aguni continua ainda sério. Niragi sorri e confirma a ideia do chefe. A briga continua por alguns instantes até o Chapeleiro aparecer.

— Isso aí é uma briga? — O seu roupão vermelho faz com que as pessoas abram espaço para ele passar. Em resposta à Aguni, ele diz — É da minha conta sim Aguni. Eu sou o número um, sou obrigado a manter a ordem.

Emiko observava cada movimento daqueles dois homens. Todos diziam que antes eles eram melhores amigos, mas com o tempo e a utópia, eles foram se afastando cada vez mais. As pessoas podiam até estar erradas mas Emi preferia acreditar naquilo.

𝐏𝐎𝐍𝐓𝐀 𝐃𝐎𝐒 𝐏𝐄𝐒 - alice in boderlandOnde histórias criam vida. Descubra agora