Capítulo 8 - Vaga-lumes

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Aquele lugar escuro, iluminado somente por algumas velas, estava coberto de pó e teias de aranhas. A elfa não sabia a quem pertencia aquela cabana, mas sabia que não cuidavam dela há anos.

Pelo que parecia, fora da cabana não estava muito diferente, a noite continuava a reinar e a escuridão sem fim não mostrava sinais de que ia embora.

A garota pensou em quanto tempo havia se passado desde que entrou na cabana.

Minutos?

Horas?

Não conseguia responder.

Porém, pareciam ser anos, pois aqueles idiotas e suas conversas sobre como entregá-la para uma bruxa faziam parecer que o tempo mudava, ou ia muito rápido ou demorava demais.

Estava cansada de ficar só ouvindo conversa de humanos estranhos, então decidiu falar. Até porque, ela não tinha esperanças de como sair de lá, mas já que estava ali, poderia irritar eles um pouco.

- Ei, bolinha de gude. Qual o motivo disso tudo? - Eles a ignoraram de novo. - Por que vocês estão planejando tudo isso? - Ignorada. Eles estavam ouvindo, mas não queriam falar com ela, pareciam ter algum tipo de desprezo em relação a ela. - Ei, vocês me odeiam? - E a ignoraram novamente. A paciência dela já não era muita e eles ainda estavam a testando, ela acabou explodindo. - EU PERGUNTEI, VOCÊS NÃO IRÃO RESPONDER?!?! - Um vento fortíssimo passou derrubando várias coisas, até mesmo alguns humanos caíram, mas não sabiam sua origem, já que todas as janelas estavam fechadas e a porta também.

Todos lançaram seus olhares curiosos para a elfa, a mesma mandava um olhar para eles também, mas de puro ódio.

- Não pode ser, achei que ela fosse uma mestiça. - Um dos humanos disse, completamente assustado.

- Acho que você esqueceu que ela tem sangue elfico correndo nas veias. - Disse Gabriel. E aqueles olhos azuis se fixaram na pequena elfa. - Você quer que eu te responda, albina?

- Você pode parar de me chamar assim, bolinha de gude?

- Do que? Albina? - A garota revirou os olhos e Gabriel riu. - Você nunca vai deixar de ser uma albina nojenta. - Ela ficou com mais raiva ainda. Ele olhou para ela friamente, levantou da cadeira e foi até a elfa. - Você sabe o porquê de ninguém gostar de albinos?

- Por que deveria saber? Não recebo xingamentos por ser albina, e sim, por ser elfa, seu idiota! - Ela queria cuspir na face dele de tanta raiva que sentia.

Ele riu mais uma vez.

- Como você é ingênua, garota. Deixa eu te contar um segredinho, de humano para metade humano. - Ela o encarou e esperou começar a contar esse "segredinho". - Para os humanos, uma criança que nasceu sem cor significa azar, mau presságio. Mas, mesmo que você pense que ainda tem o lado elfo, você não tem. Os elfos não gostam de você por dois motivos. O primeiro é porque sua mãe ajudou a matar seu pai, ou seja, você é fruto da falsidade dela. E o segundo, acho que você já sabe. Você é uma mestiça, esse é o porquê. - Ela se espantou um pouco, mas já suspeitava de algumas coisas.

- E por que me odiariam por ser mestiça? Eu ainda tenho sangue elfico. - Ela perguntou, vendo sua esperança indo embora.

- Você vai ter que perguntar para eles. Eu não os conheço muito, mas sei que eles prezam pela pureza de seu sangue e você é impura. - Ele riu na última palavra e ela ficou quieta. - O que foi, não vai dizer nada?

- Tem uma coisa que eu ainda não entendi. Por que vocês estão planejando entregar os ogros aos humanos? - Ela perguntou, esperando uma resposta muito convincente, mas o que recebeu foi uma frase muito simples.

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