"Fidel tentou, mas fracassou." - Capítulo I

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Cidade do México para Sierra Maestra, Cuba; 24/03/58.

Eu e Fidel Castro nos encontramos pela primeira vez, foi um susto, não sabia que ele... fosse de encarar direto nos olhos, me senti intimidado. Também conheci o irmão dele, Raúl Castro, achei-o bem simpático. Depois, eu e Fidel tivemos uma conversa bem direta sobre Cuba, eu não sabia o que estava acontecendo lá, então só ouvia. Fidel e Raúl saíram de Cuba para não serem "escravos" dos Estados Unidos no país que eles nasceram, é inacreditável.

Depois, fui convencido... não sei se foi a melhor ou pior decisão da minha vida... mas, parti para Cuba junto dos dois e vários homens num barco.; Era horrível, tinha pequenos buracos, entrava água, a cada minuto, uma pessoa vomitava naquela maresia, ficamos um bom tempo naquele barco na intenção de chegar em Cuba.

Paramos no litoral de Sierra Maestra, onde entramos no mesmo momento na mata. O cheiro da terra estava molhada, parecia que acabou de chover, mas já estava por si só. Fidel seguiu um grupo grande dos homens para a procura de um lugar para ficarmos; enquanto a mim, estava acompanhado de um jovem, com a intenção de me vigiar.

Eu sofro de asma, desde a minha adolescência. Tinha ataques contínuos de asma, que me prejudicava á adrenalina dos conflitos, mas eu me segurava...; Bom, depois de um tempo, eu e os outros homens que Fidel deixou na minha "frota" (não entendo muito bem essas coisas), nos reunimos novamente a ele e Raúl.

Fidel estava me olhando muito, de cima a baixo como se eu fosse uma estátua, era de uma forma tão... fixa, apenas parava de olhar-me se alguém o chamar, isso me assusta. muito. Vamos esquecer isso.

Fidel me leva para um canto, pegou-me pela mão e estavamos longe dos outros. Fiquei suspeitando, a última pessoa que fez isso comigo foi um cara que quase me sequestrou.

- o que quer de mim? - dizia, duvidoso.

- queria dizer... - falava nervoso. - que você... é bonito. - abriu um sorriso.

- obrigado, mais o quê? - intrigado.

- hã? como assim "mais o quê"?

- é a única coisa que vale para você? beleza?! - com raiva, mas confuso. - me dê licença, tenho soldados feridos para cuidar.

Fidel permaneceu ali, estava surpreso com a minha reação, o que ele tem na cabeça?! Foi tipo, do nada! Ele me chama pra longe de todo mundo pra tentar me paquerar só me chamando de bonito? Nem pra paquerar ele tem habilidade, só pra liderar isso tudo ele tem... eu acho.

Depois, conheci o Camilo Cienfuegos, tivemos conversas totalmente diferentes uma da outra, ele é bem interessante. Eu e Camilo ficamos liderando a mesma frota... tropa... foda-se o nome! Camponeses se candidataram para entrar no exército (?) e foi um sucesso, conseguimos muita gente!

- aí médico! - Exclama Camilo, chamando por Ernesto.

- já te falei que meu nome é Ernesto, eu sou médico, mas eu tenho nome. - riu da situação.

- tanto faz, ó a gente tem um problema aqui, a maioria desses camponeses não sabem ler e escrever, então o'cê vai ensinar a eles viu.

- eu tenho cara de professor por acaso? eu já sou médico daqui, esses preguiçosos nem tomam as vitaminas que dou pra eles. - solta a fumaça do charuto. - agora ensinar eles a ler e escrever, não não não!

- por isso que ninguém gosta de você, só eu que tô fazendo essa caridade. - olhar de julgamento.

- eles que tão perdendo, não tô aqui pra me sacrificar pra ser tratado como lixo não hein, mas todo mundo precisa de saúde.

Eu menti? Não menti. Nem uma vitamina C eles tomam, imaginar aprender a ler e escrever?! *risada cis*; Fidel continua com aquelas graças dele, continua me encarando toda vez que ele pode, pelo menos ele nunca me viu pelado... calma, ele já me viu pelado?... agora sim eu tô com medo.

Diz para Ele...Onde histórias criam vida. Descubra agora