"Pesadelo." Capítulo II

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OBS: o capítulo terá cenas de estupro/assédio, então caso seja sensível á esses assuntos, tenha cuidado ao ler.

Sierra Maestra, Cuba; 27/04/58.

Aqui estou eu, denovo, assustado, parecendo uma moça jovem no meio de vários homens; estava um clima pesado, não entendia o por quê. Conseguimos uma professora para os camponeses daqui, da guerrilha, menos uma preocupação para mim.

Eu não entendo uma coisa... Por que tantos olhares? Estão querendo algo comigo? Já basta o Fidel, agora os outros também estão assim. Será que sou feio? ou bonito? eu não sei...

Também entrou uma jovem, Aleida March, ela está como enfermeira por enquanto, viramos amigos desde então. Eu, Camilo e Aleida... acho que já está bom para mim.

— hm... Aleida, você já teve a sensação de estar sendo vigiado o dia todo? - fala Ernesto.

— bom, o dia todo não, mas na rua sim, é horrível.. porquê a pergunta? - Aleida olha curiosa para o outro.

— é que... sinto que estão olhando pra mim toda hora, mas não de uma forma "normal" e sim de uma forma... maliciosa. - suas mãos tremiam, tirava o charuto de sua boca e soltava a fumaça para o lado oposto de Aleida.

— sério? já tentou conversar com o Comandante Fidel? talvez ele possa te ajudar.

— não dá, eu consigo ver ele me olhando fixamente, antes de você vir para cá, ele já fazia isso.. me dá muito medo.

— ih! até eu tô ficando com medo disso, sai pra lá! - Aleida riu da situação, mas não mentiu.

— desculpa, mas eu queria falar pra você isso, o Camilo ia achar que tô enlouquecendo.

— pode contar comigo pra tudo, afinal... somos amigos! - deu duas batidas no meu ombro e se retirou.

Logo mais tarde, Fidel me chama para dentro da casa, fechando tudo, estava mais estranho do que ele já é. Comecei a me desesperar (por dentro), ficava apenas olhando para Castro pensando no que fazer.; Logo depois, ele se aproxima de mim e me afasto dele.

Ele se aproxima denovo, me afasto e sento no sofá da casa (acidentalmente). Fidel fica de joelho na minha frente e bota suas mãos nas minhas coxas... eu não esperava por aquilo. Em seguida, levanta o tronco de seu corpo e sorri levemente.

"Estou de joelhos á você, Ernesto, pra dizer que... Eu preciso de você.", Fidel disse com firmeza, mas ao mesmo tempo querendo que eu.. aceitasse o pedido dele.

Sorri devolta para ele. O mesmo se afastou de mim, parecia que leu minha mente. Tirei meu charuto (bem lindo) e solto uma "porçãozinha" de fumaça no rosto dele, em seguida, me retiro da casa.

Eu conseguia ouvir a voz dele dizendo: "encontrei a pessoa perfeita para mim, finalmente!".

Sierra Maestra, Cuba; 28/04/58.

No dia seguinte, sentia que algo estava para acontecer... algo de ruim. Comecei a ler um livro de literatura russa, do jeito que eu gosto, sexo e depressão! Como é minha vida... calma. Enfim, enquanto eu lia esse tal livro, dois homens da guerrilha me puxam (Á FORÇA) para muito, MUITO longe dos outros, literalmente no meio do mato. A falta de ar começou, eles estavam muito furiosos, eu vi.

Eu sentia as mãos no meu corpo, os apertos na minha cintura e nas minhas coxas, era horrível... parecia um pesadelo que eu não conseguia sair. Depois, tudo foi ficando pior, não era mais apertos no meu corpo... eram dentro de mim. doíam muito.

Eu entendi o que eles queriam perante aqueles "olhares", era algo muito pior do que um olhar... era para marcar pra vida.

Por sorte, aquele pesadelo teve um "fim", eles foram embora e me deixaram lá... sozinho, indefeso, dolorido, chorando feito uma menininha. Me apoiei numa árvore, para tentar andar, mas sempre caía. Tentava, e caía novamente.

Por que eu?
Por que tinha que ser eu?
Eu não entendo.

Alguém por favor... Me salva.

Diz para Ele...Onde histórias criam vida. Descubra agora