👺Capítulo IV: Uma Conversa Diabólica👺

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U̷m̷ Minu̷t̷o̷ P̷a̷r̷a̷ F̷i̷m̷ d̷o̷ Mun̷d̷o̷

Azrael fechou os olhos, mentalizando perfeitamente o acidente, ativando todos os seus poderes temporais; imaginou tudo ao reverso, como se fizesse a fita do tempo rebobinar, o rosto de Hoseok saia do grito de pavor para a expressão despretensiosa ao tentar atravessar a rua antes que o caminhão virasse bruscamente a esquina que ligava a rodovia e o logradouro.

Recordou, perfeitamente, da floresta, dos galhos passando por seu físico, da sensação de queimadura em seu interior, lembrou nitidamente do topo da copa das árvores e da coloração verde musgo misturada com a escuridão que impedia o sol de aparecer.

Sorriu ao perceber como, ao focar a visão, conseguia ver sutis frestas dos raios por entre algumas folhas secas e com buraquinhos quase imperceptíveis aos mortais; olhou novamente a luz preenchida pela névoa, ouviu o barulho amistoso dos grilos e, por fim, saboreou o ar gélido, fazendo o oxigênio quente do corpo rodopiar em frente ao seu rosto e subir rapidamente.

Agust D estava novamente na floresta e, desta vez, bateu suas asas e voou sem pensar muito; não se importava se sua aparência física poderia fazer algum ser humano perdido na mata morrer sem previsões do destino; não se importou quando os troncos grossos bateram nos músculos das asas negras. Apenas correu para salvar aquele ser humano e, assim, continuar o vigiando.

Correu com as penas e pôde, enfim, ver Jung Hoseok do outro lado da rua se despedindo de alguns colegas da escola. A criatura suspirou de alívio, andou a passos largos, sem olhar para os lados ou para trás, até o garoto de expressões doces e jeito meio desajeitado de andar. O trio estava invisível, mas, por dentro, choravam de felicidade: tudo estava dando certo; a realidade foi destruída, recomeçou com a alteração desejada e o garoto seria salvo.

Quando a Morte sentiu o arrepiar nas penas e o grito, deu um salto com as penas, sem ativar as asas, e chegou ao lado de Hoseok, segurando ele pelo braço milésimos de segundos antes que o metal veloz da dianteira do caminhão o estraçalhar. O coreano levou um susto com a virada inesperada do veículo e com o toque frio em seu braço direito quando a mão forte e com dedos finos puxou o corpo dele de volta para a calçada segura.

O vento do veículo em alta velocidade a sua frente fez as pontas de seus cabelos castanhos balançarem em um único movimento de um lado para o outro, sentiu o coração acelerar com a possível tragédia a um palmo diante de seus olhos e, com uma sensação que misturava o pavor com a gratidão, virou a face sorrindo para o seu salvador.

O anjo da Morte soprou a vida de volta para o garoto, impedindo a escolha do destino injusto, o ar quente tomou a face do imortal e ele fechou os olhos sentindo uma leveza ardente e contraditória preenchendo todo o seu magro corpo. O garoto suspirou e, quando abriu os olhos para encarar a face que, até então, parecia somente um borrão, o mundo parou.

Azrael juntou as sobrancelhas confuso com a pose estática de Hoseok, olhou para os lados e percebeu como uma pássaro branco e típico da região tinha parado o voo a metros de distância dos dois; carros em alta velocidade na rodovia estavam paralisados e o ar não era mais um elemento fácil de ingerir para dentro.

Agust revirou os olhos quando recordou o que aquilo significava. Jimin*, Lúcifer, chegava na Terra. Ele, então, seria o seu juiz celestial. Ficou um tanto aliviado, imaginava que seria mais fácil tentar barganhar com o irmão caído do que com o Pai. Só que o Diabo não faz barganhas, ele negocia a seu total favor.

Um Minuto Para o Fim do Mundo || YoonSeok/Sope 🔒Onde histórias criam vida. Descubra agora