01|O mesmo erro

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— VOCÊ O QUE, DIANA? — Tia Lu levanta assustada.

— Eu tô grávida — repito, sentindo meus olhos encherem de lágrimas.

— Puta merda eu sou muito nova pra ser avó — minha tia murmura andando de um lado para o outro — Você sabe quem é o pai, né?

— Sei — não consigo responder olhando para ela.

— E quem é? Ele vai assumir as consequências com você — meu pai fala sério.

— Aí é que está o problema. Cometi o mesmo erro da mamãe. E não quero que meu filho passe pelo mesmo que passei — finalmente olho para os dois.

— Você engravidou de um jogador? — não consigo responder e ele entende — Caramba Diana. Quem é o babaca?

O olhar preocupado do meu pai faz meu estômago embrulhar. Ele passou por isso com a minha mãe. Quando ela engravidou de um jogador casado e ele não quis assumir. Então meu tio incrível assumiu esse papel na minha vida.

— Eu não quero falar — murmuro sentindo lágrimas descerem pelo meu rosto.

— Ele é casado? — balanço a cabeça afirmativamente — Caramba Diana! A mulher dele sabe que vocês tiveram algo?

— Não. Os dois não estavam mais juntos. Mas hoje saiu uma notícia que os dois desistiram do processo por causa do filho — falo enxugando as lágrimas e pelo olhar do meu pai ele sabe de quem estou falando.

— Tudo bem. Vem cá — me puxa para um abraço — A gente está aqui com você.

— Eu sei — sussurro e me permito chorar tudo que segurei essa semana.

Eu passei minha vida inteira culpando minha mãe por ter se deixado levar pela atração que sentia por um jogador. E agora eu cometi esse mesmo erro e não posso simplesmente chegar nela e me desculpar por ter culpado ela. Porque ela não está mais aqui. E tudo que eu queria no momento era deitar no colo da minha mãe e chorar até isso parar de doer. Mas aquela maldita doença tirou ela de mim e eu não posso fazer isso.

— Você já marcou consulta com obstetra? — minha tia pergunta quando finalmente me acalmo.

— Eu fui na primeira hoje a tarde. Está tudo certo comigo e com ele — tiro uma foto de ultrassom da bolsa e entrego para ele.

— Bom, independente de tudo. Esse bebezinho vai ser muito amado por nós — Tia Lu beija minha testa depois de admirar a foto.

— Eu sei. Passei no Rapha antes de vir para cá. Ele disse que não vai se importar se acreditarem que ele é o pai — conto sentindo vontade de chorar novamente.

Raphael Veiga é de longe uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. Ele é meu melhor amigo. A pessoa com quem e sei que posso contar para tudo. Mas, como a vida de pessoa pública não é mamão com açúcar, sou apontada em vários sites de fofoca como namorada dele. Não nego que me sinto atraída por ele. Mas essa pressão da mídia faz com que nos dois nos mantenhamos afastados nesse sentido.

— Veiga é um menino de ouro — Denilson acaricia meu cabelo.

(...)

Chego em casa depois do jantar e Bruna está me esperando sentada no sofá com um cara de poucos amigos.

— Quando você pretendia me contar que é a garota misteriosa que estava com o Arrascaeta naquela balada? — pergunta de braços cruzados.

— O quê? Do que você está falando?

— Você deixou seu Instagram logado no meu computador e ele te mandou mensagem — conta irritada — Ele é casado Diana!

— Eu sei! E não tem ninguém que se arrependa mais disso do que eu. Mas agora eu não tenho mais o que fazer. A merda já foi feita e eu vou lidar com as consequências! — suspiro cansada.

— Espera aí! Ele é o pai do bebê?! Eu tinha certeza que era o Raphael! — me olha indignado

— Raphael é só meu amigo, Bruna!

— Não sei como. Se fosse eu no seu lugar já teria sentado nele — me olha com desdem.

Reviro os olhos. Odeio quando ela começa com as piadinhas sobre o que faria com o Raphael no meu lugar.

— Estou lidando com as consequências de ouvir seus conselhos no exato momento — aponto para minha barriga.

— Minha filha. Se você não sabe transar sem engravidar eu não tenho culpa!

— Garota você é fã ou hater? — pergunto olhando séria para ela.

— Hater né garota. Odeio palmeirense.

— Já falei que te odeio hoje? — pergunto retórica indo para a cozinha com o pote de comida que minha tia mandou.

— Trouxe a comida da tia Lu? Tô com fome.

— Problema seu minha filha. Não sou tua mãe pra te alimentar — falo ligando o microondas para esquentar a comida.

— Como pode um poço de delicadeza assim ser professora de educação infantil? — pergunta sentando em uma das cadeiras da mesa enquanto espera a comida esquentar.

— Sendo formada em pedagogia — dou de ombros botando o pode de comida no centro da mesa e entregando um garfo para a loira.

— Você sabe que não deveria comer comida requentada, né? — pergunta e não espera eu responder — A gente vai ter que mudar completamente nossos hábitos alimentares para esperar esse neném.

— Não sei se estou preparada para isso.

— Da próxima vez lembra da camisinha — me olha com deboche.

— Toma no seu rabo! — mostro o dedo do meio para ela — Será que foi assim que a Hayley se sentiu quando engravidou do Klaus?

— Acho que não. Ele não era casado. Era só um híbrido louco e sádico — me encara considerando o que disse — Acho que a sua situação não está tão ruim.

— Não está tão ruim? Já reparou o tanto que eu estou comendo? Eu jantei antes de vir pra cá e agora estou jantando de novo! Eu como compulsivamente quando estou estressada!

— Relaxa docinho! As coisas vão melhorar — aperta minha mão e sorri levemente.

— Eu não quero nem ver como vai ser a reação do Neto quando descobrir. É perigoso ele vir aqui me xingar.

— Eu mando ele embora a vassourada. Sou a única que pode te xingar, Docinho! — sorri como uma criança atentada.

Sou muito grata por ter Bruna na minha vida. A gente passa noventa porcento do tempo que estamos juntas nos xingando. Mas sempre que uma precisa a outra está lá. Conheci ela quando era um bebê. Minha mãe e a mãe dela eram melhores amigas. Foi inevitável a gente virar amigas. Mesmo com a diferença de idade.

•Próximo capítulo tem Veiga e Scarpa!

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