07|Sensação Estranha

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— Eu odeio você! — exclamo apontando o dedo para Bruna.

— Odeia nada! Vai me agradecer por isso depois do jogo!

Reviro os olhos e cruzo os braços enquanto esperamos o elevador. Hoje tem jogo do Palmeiras contra o Flamengo no Maracanã. Bruna me convenceu a ir para o Rio de Janeiro junto com ela e assistir o jogo. Em qualquer outro momento eu adoraria a idéia. Seguir as loucuras da Bruna quando o assunto é futebol eu adoro. Mas essa loucura em questão envolve o time do pai da minha filha. E estou desde segunda sentindo uma sensação estranha na barriga. Por algum motivo essa sensação me deixou assustada, mas não contei para ninguém.

— Tem certeza que vai querer assistir o jogo lá? — Giovanna pergunta preocupado quando descemos do Uber.

— Eu é que não vou assistir na torcida do Flamengo. E agora já tenho o ingresso — dou de ombros e levo a mão até a barriga sentindo aquela sensação estranha.

— O que foi? Botou a mão na barriga e fez uma cara estranha — Bruna questiona séria.

— Está tudo bem. Foi só uma sensação estranha — disfarço que também estou preocupada.

— Certeza absoluta? — balanço a cabeça concordando — Falei com a Paula, ela também veio e conseguiu um lugar pra você pertinho do campo junto com ela.

— E a Sarah? Não veio?

— Não. Gu disse que ela tava resolvendo algumas coisas do casamento — Bruna dá de ombros — A gente tem que ir. A Paula tá te esperando lá — aponta para a mulher parada próxima de um segurança.

— Vejo vocês depois que os meus meninos acabarem com o timinho de vocês — jogo um beijo para as duas e vou na direção da modelo.

Troco algumas palavras com Paula antes de  entrar no estádio.

— Alguma chance do Veiga usar os problemas fora de campo pra ir com tudo pra cima do Arrascaeta? — pergunta quando chegamos nos nossos lugares.

Olho para ela assustada. Ela não pode ter descoberto a sobre o Giorgian ser pai da Ayla.

— Que problemas fora de campo?

— Sua queda totalmente perceptível pelo Arrascaeta — me olha como se fosse óbvio — Tá na cara que tá rolando algo entre você e o Veiga.

Suspiro aliviada.

— Veiga e eu somos apenas amigos. E caso tivessemos algo, não acho que ele teria ciúmes do Arrascaeta — afirmo e ela dá de ombros.

Logo depois os dois times entram em campo para a execução do hino nacional. Mordo as laterais das minhas unhas ansiosa quando o juíz apita anunciando o início do jogo. Estou a semana inteira acumulando ansiedade.

O jogo começou equilibrado de certa forma. Ambas as equipes parecem bem entrosadas. Flamengo mostra um jogo mais ofensivo e Palmeiras um jogo defensivo. O primeiro tempo não tem lá muitas grandes jogadas. Apenas um princípio de confusão quando Giorgian dá uma entrada mais forte em Scarpa. De longe consigo perceber o olhar irritado de Raphael para o uruguaio. Não consigo evitar ficar mais nervosa, Veiga não se irrita com facilidade, mas quando se irrita em campo é melhor sair de perto.

O segundo tempo começa diferente do primeiro. Palmeiras volta mais ofensivo. Raphael está com sangue nos olhos. Não perde a chance de "vingar" Scarpa e dar um carrinho em Arrascaeta fazendo a torcida do verdão gritar animada.

— EPA! EPA! EPA! RAPHAEL VEIGA É MELHOR QUE ARRASCAETA!

— Direct do Veiga vai encher hoje — Paula ri e eu olho brava pra ela — Relaxa, ele só tem olhos pra você, gatinha!

Fresh Air Breeze - Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora