09|Novas Memórias

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Como o esperado, Giorgian ficou sabendo das notícias e me procurou. Depois de uma breve conversa pelo whatsapp me pediu para ir até o Rio para conversarmos pessoalmente. Não tive como negar. Ele tem o direito de saber tudo.

— É um prazer finalmente te conhecer — Camila me abraça calorosamente.

Não esperava que eles fossem me tratar super mal, mas também não esperava tanta hospitalidade. Ser recebida tão bem só faz com que eu me sinta mais culpada por não ter procurado ele quando descobri a gravidez.

— Obrigado por vir — Arrascaeta fala olhando diretamente para mim.

Ao contrário das outras vezes o arrepio que sinto sob o olhar dele não está relacionado a atração física. Está relacionado a culpa e medo.

— Eu te devo uma explicação.

— Se importa se a Camila ouvir a conversa? — pergunta parecendo inseguro.

Balanço a cabeça negativamente. Não é só a minha vida que está uma confusão. A dele também. Ele acabou de voltar com a mulher da vida dele e descobre que vai ser pai do filho de outra garota.

— Eu descobri que estava grávida umas duas semanas antes de sair a notícia que vocês tinham voltado. Meu primeiro instinto foi esconder de todos com que u não convivo, principalmente você — confesso nervosa — Bruna me fez mudar de idéia sobre contar pra você. Mas antes, eu senti a necessidade de saber se vocês dois estavam juntos ou não. Falei com o Gabriel e ele acabou deixando escapar que vocês tinham voltado.

— O Gabriel sabia? — Camila pergunta em choque.

— Não. Eu nunca pediria para ele esconder algo assim. Somos amigos, mas não
abusaria da confiança dele dessa forma — vejo uma expressão de alívio no rosto dos dois — Bom, depois que eu descobri que vocês tinham voltado, toda a coragem que eu havia criado para te contar sumiu. Comecei a analisar novamente a situação. Não queria acabar sendo um empecilho no relacionamento de vocês. Pensei muito no filho que vocês tem. Como seria para ele descobrir que o pai vai ter uma filha com outra mulher. Então acabei desistindo de contar.

— Você planejava esconder o resto da vida? — Giorgian pergunta com tom de mágoa.

— Não. Não sei. No fundo eu sabia que em algum momento você iria descobrir. Eu só não queria que você descobrisse por outra pessoa. Queria que descobrisse por mim. Mas acho que falhei nisso também.

— Eu não posso dizer que estou feliz. Ou que achei justa sua atitude de priorizar meu casamento. Mas também não estou totalmente decepcionado. Entendo porque fez isso. Mas a partir de agora eu quero fazer parte da vida da Ayla. Não quero que minha filha cresça chamando outro cara de pai — afirma sério.

— Raphael não tem nada a ver com isso!

— Eu sequer citei o nome dele, Diana! Não precisa ficar na defensiva. Só quero que eu, Camila e Alfredo tenhamos total liberdade para participar da vida dela. Ela também fará parte da nossa família. É a única coisa que eu te peço, Diana. Eu tenho o direito de fazer parte da vida da minha filha — esclarece.

— O quanto você quer fazer parte da vida dela? Porque eu não vou abandonar minha vida em São Paulo. E São Paulo e Rio não são cidades vizinhas que qualquer dia da para pegar um carro e ir de uma para a outra.

— Diana, você é professora. Consegue facilmente um emprego aqui — Camila diz suavemente.

— Não é só sobre o emprego. Minha vida é toda lá. Meu pai. Meus amigos. A Bruna. O Rapha. Todos estão lá! — falo indignada.

— Você tem amigos aqui também. Pode visitar seu pai e o Veiga nos fins de semana. Você sabe que não tem como o Giorgian se mudar para são Paulo. Você entende como é a vida de um jogador de futebol.

— Eu não vou sair de São Paulo. Sim, eu tenho amigos no Rio. Eu adoro Gabi, Pedro, David, Marília e Everton. Mas eles não são minha família. Vocês não podem me pedir para deixar pra trás as pessoas que eu amo só porque vocês querem fazer parte da vida da Ayla. Se vocês quiserem realmente fazer parte da vida dela, vai ser dentro dos meus limites. Eu sei que vacilei em não contar. Mas isso não tira meu direito de escolher o lugar aonde eu quero criar a minha filha! — exclamo começando a ficar irritada.

— Pensa no que é melhor pra Ayla!

— Chega Camila. Diana está certa. Ela viveu a vida inteira em São Paulo. E passou os últimos meses planejando criar a Ayla lá. A gente não pode chegar agora e exigir que ela mude totalmente o que planejou — fala olhando para a esposa e depois olha para mim — Mas eu quero saber de cada detalhe do desenvolvimento da minha filha. Você vai me contar cada novidade que tiver da gravidez. Eu vou estar junto na sala de parto. Vou ser o primeiro a segurar ela. Vou fazer tudo que um pai tem direito. E tudo que um pai tem o dever de fazer. Estamos de acordo?

— Sim.

Tudo que eu quero agora é voltar pra São Paulo. Volta para a minha casa. Para a minha família. Nem toda a minha adoração pelo mar é capaz de me fazer gostar realmente do Rio de Janeiro. Meu lugar é em São Paulo. Na cidade em que eu nasci e vivi minha vida inteira. Cada canto da cidade que eu vou, tenho lembranças com a minha mãe. Quando ela morreu eu tive a chance de ir embora de São Paulo e deixar para trás tudo que vivi com ela lá. Mas eu preferi continuar lá, lembrando de cada momento que vivemos juntas naquela cidade. E agora quero criar memórias novas com a minha filha nos mesmos lugares que vivi momentos incríveis com a minha mãe. Porque não tem um dia sequer que eu deixe de pensar nela ou sentir falta de ter ela sempre comigo.

•Juro pra vocês que a Camila é um amor!

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Juro pra vocês que a Camila é um amor!

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