02|Aposta

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Trabalhar com crianças está longe de ser tranquilo. É cansativo pra caramba. E agora com a gravidez me sinto ainda mais cansada. Fico contando as horas para ir pra casa. E quanto mais ansiosa eu fico, mais demora para chegar o fim da tarde.

— Você está bem Diana? — Aline, a professora que trabalha comigo, pergunta preocupada — Você está pálida.

— Só estou um pouco tonta — falo escorando as costas na parede depois de colocar o bebê que segurava no tatame.

— Luiza vai chamar alguém lá na frente. Diz que a Diana tá passando mal — pede para nossa estagiária — Você comeu direitinho?

— Comi. É só uma queda de pressão — falo me sentindo sonolenta.

— Não é só uma queda de pressão. Você está grávida. Quedas de pressão não são bons sinais em gravidez! — Fala me abanando com um caderno.

— No início da gestação sim. Eu pesquisei sobre isso — tento tranquilizar ela.

— Diana o que aconteceu? — A diretora Fernanda chega assustada na sala.

— Queda de pressão provavelmente — Aline conta sem olhar para ela.

— Vem Diana. Vamos te levar pro hospital — Fernanda se abaixa na minha frente e segura minha mão dando impulso para me ajudar levantar, Aline faz o mesmo.

Assim que fico de pé sinto minha visão ficar turva. Aperto o braço das duas tentando me manter em pé, mas a inconsciência me atinge.

(...)

A claridade que me atinge quando abro meus olhos me faz fecha-los novamente. Abro-os lentamente piscando até me acostumar e minha visão conseguir focar. A primeira coisa que noto é que não estou no meu quarto. Estou no hospital. E que tenho um acesso para soro na mãe esquerda. Então lembro de passar mal na creche.

— Ei, como você está? — ouço a voz carinhosa de Raphael.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto confusa olhando para ele. Pelas suas roupas deveria estar treinando.

— Aline achou que seria bom que o pai do seu bebê estivesse aqui com você — sorri de canto.

— Desculpa por isso — falo envergonhada.

— Não tem problema — acaricia meus cabelos — Eu vou chamar uma enfermeira, tá?

Balanço a cabeça concordando e ele sai do quarto. Minutos depois volta acompanhando de uma enfermeira loira. Forço a visão para ler seu nome bordado no jaleco, Nick Nevin.

— Como está se sentindo, Diana? — pergunta se aproximando para medir minha pressão.

— Bem. Como se tivesse dormido por três dias.

Ela sorri.

— Não foram três dias, mas foram três horas. Sua pressão já voltou ao normal. O doutor Hawkins deve logo vir aqui te dar alta — fala tirando o acesso do soro e saindo do quarto.

— Tem certeza que está bem? — Veiga pergunta preocupado.

— Tenho. Quedas de pressão são normais nos primeiros meses. Meu corpo está de adaptando para gerar outra vida.

— Não sei se tenho estruturas para ver você desmaiar outras vezes — passa a mão pelo rosto sentando na cama virado para mim.

Fresh Air Breeze - Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora