Passaram alguns dias e meu pai me chamou para ir até a casa dele, para um passeio, é claro. Coloquei uma roupa arrumada e fui dar um rolê na Barra da Tijuca.
Ana: Oi, pai.
Edson: Oi, Ana, você não vem mais aqui?
Ana: Ah, pai… sei lá.
Samara: Era pra você morar aqui, né, dona Ana Beatriz.
Ana: Vó, você sabe que eu prefiro ficar perto do Pedro Henrique. Quero ver meu irmãozinho crescer…
Samara: Ah, filha, você tem razão, mas seria bem melhor pra você.
Edson: Mãe, já conversamos sobre isso. Se a Ana Beatriz não quer morar aqui, deixa ela. Eu mando o dinheiro necessário, e ela vem visitar quando pode.
Samara: Tá bom, tá bom.
Eu fico incomodada com isso. Eu venho aqui para ficar com meu pai, mas a vovó sempre aparece com essas conversas.
De resto, o dia foi tranquilo. Comemos churrasco em casa, depois fomos passear no parque e tomar sorvete. Engraçado… Mesmo depois de 13 anos, os passeios não mudam. Eu até gosto disso.
Meus pais se separaram quando eu tinha 2 anos. Meu pai ficou algum tempo na favela, mas depois ele conseguiu investir em algo que o tirou de lá. Ele sempre fala que gostaria que eu morasse com ele. Eu amo ele, mas não poderia deixar minha mãe. Ela é meu mundo. Meu pai já ofereceu dinheiro para ela sair da favela, mas ela sempre recusou. Ela diz que, se for pra sair de lá, vai ser por conta própria.
Eu e meu pai chegamos em casa e fomos assistir a um filme, enquanto a vovó fazia o jantar. Ela não gosta que ajudem na cozinha, não sei por quê. Eu adoraria ajudar.
Nos sentamos à mesa para comer, quando me deu um mal-estar. Fui correndo para o banheiro e acabei vomitando.
Edson: Filha, o que aconteceu?
Samara: Meu Deus, Ana Beatriz!
Ana: Eu estou bem… passou, só me deu um enjoo de repente.
Samara: Essa menina tá grávida!
Ana: Tá louca, vó?
Edson: Filha? – Ele me olhou preocupado.
Ana: Slk, pai, eu nem faço essas coisas não.
Samara: Olha essas gírias… Eu disse para você não deixar a Ana Beatriz na favela.
Edson: Mãe, ela passou mal, não passou? Então, vamos ao hospital.
Samara: Vamos descobrir se é verdade.
Minha avó me pegou pelo braço e me arrastou para o carro.
Ana: Eu tenho pernas, sabia? – Eu já estava irritada. Por que eu tinha que passar mal aqui? Não podia esperar até chegar em casa? E se eu estivesse grávida do Victor? Nem sei se ele assumiria. Eu odiava aquele moleque mais do que nunca.
Cheguei ao hospital para fazer o teste Beta HCG. E adivinhem?
Samara: Eu falei.
Edson: Estou decepcionado.
Samara: Minha neta virou uma… – eu comecei a chorar.
Ana: Não é porque estou grávida que sou irresponsável. Eu fiquei com um único menino… só um.
Edson: Sinceramente, Ana Beatriz, eu esperava mais de você.
Samara: Você deveria obrigar ela a morar aqui.
Edson: Não, isso é com a mãe dela. O dinheiro dela, eu vou continuar mandando, mas quem tem que resolver essa situação é a Clarisse, ela é quem não fez nada e deixou a filha dela sair por aí.
Ana: Me leva embora! Eu não quero olhar na sua cara! – Eu estava irritada. O que ele achava que estava fazendo? Jogando toda a culpa na minha mãe, quando quem tinha responsabilidade sobre a minha vida era eu.
Meu pai me colocou no carro e, pela primeira vez em anos, ele desceu até o morro.
Clarisse: Edson? O que você está fazendo aqui?
Edson: Sua filha! – Ele me soltou dentro da casa. Meu braço estava vermelho de tanto que ele apertou no hospital e meus olhos estavam inchados de tanto chorar.
Clarisse: O que você fez com ela?
Edson: Essa menina está grávida. Parabéns. Você não consegue cuidar de uma filha de 15 anos.
Clarisse: Ah, Edson, vai embora. Não sou a única com responsabilidades.
Ana: Perdão… – Eu abaixei a cabeça e as lágrimas começaram a cair com força.
Clarisse: Eu estou muito decepcionada com você. – Ela abaixou a cabeça, mas então me abraçou e começou a chorar. – Mas aconteceu. Vamos cuidar desse bebê.
Edson: Não espere um centavo a mais de mim. – Ele disse e saiu.
Pedro: Por que todo mundo está gritando?
Clarisse: Pedro, vai para a cama, está tarde. Eu preciso conversar com sua irmã.
Pedro foi para o quarto, e minha mãe sentou no sofá, me chamando para ir até ela.
Clarisse: Por favor, filha… me diz que o pai não é envolvido com coisas erradas. Eu quero acreditar que você não é esse tipo de pessoa.
Ana: Perdão, mãe… é o Victor.
Clarisse: Ele está envolvido com o que, exatamente?
Ana: Ele é… um pouco problemático.
Clarisse: Por que, Ana?
Ana: Eu fui burra, me entreguei a ele em um baile. A gente ficou dentro do carro… depois ele me levou para a casa dele.
Clarisse: Ele te forçou alguma coisa?
Ana: Não, mãe. Eu fiz por minha própria vontade.
Clarisse: Eu não vou te julgar.
Ana: Eu me sinto uma idiota…
Clarisse: Eu vou ligar para a mãe dele, dona Vilma. Vou pedir para ela vir até aqui e trazer ele.
Ana: E se ele me abandonar, mãe?
Clarisse: Você é forte, Ana Beatriz. Você não precisa de um homem para se sentir completa.
Fomos dormir, porque já era tarde. No dia seguinte, minha mãe decidiu preparar um almoço, já que seria domingo.
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sᴇǫᴜᴇsᴛʀᴀᴅᴀ ᴘᴇʟᴏ ᴅᴏɴᴏ ᴅᴏ ᴍᴏʀʀᴏ (Em Revisão)
ФанфикDe amigos á inimigos,de inimigos a ficantes e de ficantes á... Ela metida a patricinha Ele Traficante Ela Odeia ele Ele ama provocar ela Até que um dia,em um baile acontece algumas coisas e de repente... Só lendo pra saber Contém erros de ortograf...