Richarlison.
Quando eu a conheci, Aline era mais sonsa do que tinha sido naquele momento.
Eu estava reclinado contra o balcão de mármore negro na noite em que nos conhecemos, quando eu sentira o aroma de sua fragrância pela primeira vez. Inevitavelmente atrativo, mas eu estava concentrado demais em ter a minha bebida.
— Eu vou querer uma... – eu já me adiantava em dizer, sendo quase imediatamente cortado.
Um braço, então, quase atravessara meu rosto, tendo entre os dedos um cartão preto, típico dos sem-limites. A fragrância cada vez mais forte e mais atrativa fora o segundo motivo para eu encará-la naquele momento, já que a sua rudeza era o primeiro.
— Um balde com gin, por favor – seu sotaque parecia muito com o Norte-Americano quando o disse, o que já evidenciava que não era de lá.
— Vocês são um casal? – o homem que estava prestes a me atender, perguntara, tão surpreso quanto eu. – Bonito por sinal.
Eu parara de fazer qualquer careta que estivesse fazendo para encará-la por cima do ombro, uma vez que meu braço também estava estendido. Meus olhos pousaram contra a inexpressão daquela mulher, que apenas batucara o cartão contra o mármore como se exigisse ser atendida antes de qualquer resposta.
Me vi interessado.
Fora o meu próprio espetáculo sem modéstia, estava ela, que era realmente encantadora. Seus olhos negros opacos, o bico fofo e irritado em seus lábios, os cabelos um pouco lambidos de gel num penteado lindo. Enquanto eu estava perto dela, não pude observar o que vestia ou seu corpo, mas estava suficientemente intrigado por ela a partir da sua atitude e aparência facial.
— Concordo – deixei escapar em português mas, envergonhado, cocei a garganta e formulei as palavras no idioma da região em minha cabeça. – Mas eu não conheço a mal-educada.
A conjunção adversativa saíra quase muda, numa tentativa de não deixar óbvio que, apesar de a achar sem modos, ainda assim achá-la deslumbrante.
— Só sofre mal-criadez quem é leigo – ela me surpreendera quando o dissera em português.
Quando dera por mim, eu estava tão embasbacado que mal notei que ela estava prestes a sair. Me peguei torcendo para que não fosse de encontro com uma figura masculina e tive minhas preces ouvidas quando ela se sentou num canto aparentemente reservado e solitário, deixando seu pedido contra a mesa-de-centro.
Só aí pude notar o mini-vestido encarnado, quase vinho, que usava. Com as pernas cruzadas, ela começara a mexer em seu celular com o mesmo olhar torto que dirigira ao homem no balcão, então vi a oportunidade de me aproximar, instigado por todo o seu "eu".
— Um balde de gin não é muito para quem está desacompanhado? – eu perguntei, já sem forças idiomas ou sotaques, vendo seu olhar vir até mim é um sorriso marrento e sem dentes quase transbordar de seus lábios.
— E então? De onde vocês se conhecem? – Neymar perguntou, me tirando de devaneios.
Diferente do que me estava recordando, Aline havia optado por um longo e colado vestido preto quando eu a reconheci. A única semelhança era a cola ao corpo pois, de resto, parecia que Aline tinha mudado tudo em si.
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Persuasão
FanficAline está confiante que Brasil conseguirá seu hexacampeonato em 2022 - em parte por saber das habilidades do seu primo-craque, Neymar Júnior -, e está tão focada em tal ambição, que quase se esquece que um dos constituintes do time titular a odeia...