o amor está no m(ar)

02. minha vida amorosa é algum trecho de the way i loved you

Uma das coisas mais difíceis pra mim durante um tempo foi admitir minha carência.

E nem digo carência daquele tipo romântico, de ser par com outrem ou algo assim, até mesmo numa amizade a gente pode sair desse estado. Onde a gente precisa tanto de um abraço, um chamego, um beijo, um afago, sabe?

Faz bem, e em momentos específicos faz falta demais.

Mas desde que eu comecei a namorar certo isso ficava menos latente. Na verdade eu não tinha do que reclamar quando se tratava de Johnny Seo: inteligente, educado, ótimo humor, alegre, gentil e a pessoa que me salvava no inglês bem no comecinho do namoro. Inclusive eu só saí do nível intermediário por conta dele.

E é impossível odiar algo que ele faça.

Escuto uma batida na porta e abro dando de cara com Jéssica, que se joga em meus braços sem mais nem menos.
Thaynara não estava aqui (como quase todas as vezes), então pensar sobre carência era o que povoava meus pensamentos.

Era cada pov que socorro! Altas entrevistas em inglês!

—E aí? Tá tarde demais pra eu sumir ou vai me dar uma trégua? —Pergunto tentando não engolir nem um fio de cabelo dela, que cheirava a tutti-frutti e mel, enquanto ela me abraçava.

Estranho... muito estranho.

—Fica de boas. Eu não fico zangada mais que algumas horas, nem precisa o dia terminar pra eu ficar de bem com tudo e todos. —Ela diz se afastando e olhando pra alguns dos meus vestidos sobre a cama. —Você também vai pra Calourada daqui a pouco?

—Hum... Não, mas vou sair.

—Sair pra aula de noite com um vestido decotado desses?—Ela pergunta escolhendo um amarelo que era muito "cheguei". —Não vai ficar desconfortável pra assistir uma aula, dona Iris?

—Tá ficando doida, louca? —Ela bufa enquanto ri.

—Tá mentindo, né? Vai curtir a night e nem convida! É com o teu Sócrates?—Ela diz fingindo mascar chiclete. Um chiclete invisível.

—Vou faltar só hoje. E não é Sócrates, se chama Johnny, ok?! —Ela ri da careta que faço. —Agora, me ajuda a escolher, logo! Tenho bem menos que 20 minutos!

—Depende muito, mona!

—Não tenho dinheiro, não agora.

—Não é desse "depende" que tô falando. É do tipo que depende da ocasião, vocês vão pra algum lugar? comemorar alguma coisa, é aniversário, pedido de casamento, revelação de bebê... —Ela diz passando a mão na minha barriga.

—É difícil bater um papo contigo, viu!? —Ela ri e depois fica séria quando eu também tranco a cara. —Né nada disso,é uma saída rápida pra beber, perto da praia.

—Ah! Então vai com uma roupa mais leve.

—Essa aqui, serve? —Levantei uma camiseta rosa com o nome Teletubies em azul.

—Você quer sair parecendo que vai pra praia ou pra um show infantil?

—Grrr! Tá bom, tá bom... E que tal esse? Tá bem conceito!—Mostrei um roxinho, que ia até o começo das coxas e que um dia tinha sido da minha mãe.

—Que tanta lantejoulas são essas? Desde quando tu é dona de armárinho, amada?!? —Ameacei jogar meu desodorante nela e ela logo começa. —Deixa eu tentar outra vez,que tal um vestido com estampa floral e bem levinho? Tenho um que fica perfeito no seu corpo.

—Sério? Eu agradeceria muito, Jess! —Falei passando a mão no meu ombro! Me sentia tensa. Preciso regular melhor minhas noites de sono. Tenho que voltar cedo...