03. eu sou mais que um corpo.

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|Kim Namjoon|

13 de janeiro de 2022.

Era a data em que eu comemorava mais do que no dia do meu aniversário... pelo menos era nesse dia que eu costumava celebrar, mas se tornou só mais um dia como qualquer outro - depois que um casamento foi desfeito. Meu casamento com Lexie.

Comecei a namorar Lexie em 2017 e em 2019 nos casamos.

Eu lembro perfeitamente de tudo no começo, a gente brigava muito, mas se amava numa proporção quase equiparado aos nossos gritos e xingamentos. Como dois jovens teimosos a gente insistia em continuar com esse relacionamento, que já parecia estar fadado ao fim.

Não terminamos no namoro, quando poderíamos sim ter terminado... e esse é de longe meu maior arrependimento. Isso depois de fazer engenharia civil e trancar a faculdade pra fazer Licenciatura em Música. E como se não bastasse no meio desse curso fiz outro, dois cursos ao mesmo tempo é o mesmo por não estar nem aí se tem vida social ou não.

Lexie era mais nova que eu 4 anos.
Lexie sempre fora muito introvertida, porém gostava de noites agitadas. Gostava mais da hora noturna do que matutina.
Eu sempre estampava um sorriso no rosto e facilmente poderia ser todo o oposto de Lexie ou quase todas as faces que ela mostrava.

Lexie era mais um mistério que nunca me deixou desvendar.

No final de 2019, bem antes de completarmos um ano de casados ela decidiu ir embora para a Holanda. Sem ter uma despedida digna ou algo sobre nosso futuro... nosso... eu pensava que éramos um só. Mas sempre fora eu e minhas tentativas de querer que o "nosso" fosse pra além das nossas coisas materiais... sempre voltava ao pensamento da possibilidade de termos nossos sonhos, nossos filhos...

Mas Lexie sempre dava sinais da típica frase "o que é meu é sempre meu, o que é seu é nosso".

E quando ela partiu eu senti um baque tão grande de infelicidade. Dos sacrifícios que fiz pra me aproximar dela, dos eventos que deixei de ir, dos nãos que tive que dar pra outras paixões, porque a amava! E era horrível amar alguém que você sabe que não te ama porque você é você! Quando sempre existe uma condição no meio de vocês, quando seu corpo é tudo que interessa a ser alcançado, despedaçado, tocado; tocado. Sem ternura, sem afeição, sem reciprocidade.

Ela por muito tempo me fez pensar que eu não era nada além de um corpo. Que eu só servia pra uma noite na cama, que meu sexo era bom, quando na verdade mesmo era ela quem ansiava tanto por isso.

E não que eu fosse contra, muito pelo contrário! Contudo, as coisas que Lexie fazia comigo na cama era muito desprovido de cuidado, nunca foi amor. Sempre eram transas, normalmente não menos que três vezes na semana...Depois que casamos ela fazia parecer que casamento se resumia a essa palavra de 4 letras. E eu não tô falando da palavra amor.

Como se sexo fosse o combustível único do casamento. O componente fundamental. Me enganei com Lexie desde o começo, e quis continuar.

Para Lexie eu era apenas uma vista boa de ver, mas nunca um horizonte suficientemente lindo pra desbravar.

Não tinha como dar certo, não confiava mesmo em Lexie, tinha pensado que o casamento faria nascer confiança. Ledo engano. Tolice, essa palavra define bem.

E agora que ela estava na porta do meu apartamento, eu não conseguia acreditar nem na cara de pau dela, muito menos nas palavras que saiam da mesma boca que eu amava beijar...

Corpo, eu sou mais do que um corpo...

|Lexie|

Existe um consenso de que os homens se favorecem do sexo apenas fisicamente enquanto as mulheres, emocionalmente. Porém, acho que não se aplicam a todos, de um modo geral.

Namjoon e eu éramos o oposto de qualquer pesquisa sobre intimidades de um casal por aí.

A gente sempre foi muito fora da curva.

Uma coisa que era certa: sem sexo no casamento é pedir pra que a crise entre de fininho...

Namjoon é sentimental demais, ele tem que trabalhar bem nisso.

Enfim...

Quando ele entrou para o mesmo curso que o meu, de Licenciatura em Música, eu já estava dois semestres à frente. A gente começou a montar grupos de estudos juntos e sempre fomos o "casal destaque" do campus.

Começamos a namorar e em dois anos nos casamos, até que começou a ficar uma coisa... muito monótona, além do mais eu estava fazendo meu nome, no início da minha carreira.

Ele queria o conforto, eu queria a dor. A dor de um relacionamento sem muita paz, que trouxesse crescimento e amadurecimento em meios aos altos e baixos.

Eu era bem diferente naquela época, um diferente que não me trás orgulho algum. Hoje em dia eu sou a mesma pessoa, mas com a cabeça um pouco diferente daquela época...

Midnight Rain da Taylor tocava quando passei pela frente do apartamento dele.
Namjoon era previsível demais, claro que ele não ia se mudar do mesmo bairro, Namjoon odiava mudanças.

-Oiie! Quanto tempo! Quis que fosse surpresa... -A voz dela soava contra a porta. E eu não parava de pensar em por quê raios o porteiro deixou ela subir!!! Talvez porque ele ainda se lembra dela e pensou não precisar me perguntar nada

-E eu queria que fosse pesadelo! -Digo quase sentindo vontade de chorar. Mas engulo é respiro fundo antes de abrir metade da porta e colocar a cabeça pra fora. -Acho bom você ser direto e se seu plano era entrar aqui, é melhor dar meia volta, Lexie!

-Aff! Eu tô sozinha, quis só dar um Oi, seu sem coração!

-Sem coração? Eu que sou sem coração? Tem certeza que quer continuar com essa conversa?

-Tudo bem, tudo bem. Você tem razão tá bom?

-Hummm. Tchau. -Bato a porta mas sou impedido quando ela põe o pé. -Você tem 10 segundos.

-Só quero que a gente fique de boa agora que eu sou sua nova colega. Novamente! -Franzo as sobrancelhas, fazendo beiço com minha cara mais séria possível.

-Colega?

-Vou lecionar na mesma faculdade que você! Então a probalidade da gente se topar por lá, é altíssima, querido! -Namjoon revira os olhos quando ela pula animada.

-Espero que a gente fique bem... -Digo abaixando a cabeça. -Bem longe! -Fecho a porta antes mesmo de ver a reação dela ou qualquer outra coisa que ela queira falar.

Porque a última coisa que eu quero é pensar em Lexie.

Pensei muito pra chegar a conclusão de que não vale meu tempo, meu coração, minha sanidade mental, meu corpo... e tudo que me envolva. Tudo que seja eu.

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