Harrisburg, Pensilvania.
Flora point of view.Os minutos mais demorados da minha vida estão sendo nessa festa. Já quis ir embora no mínimo quatro vezes e todas disseram que posso ir quando quiser que depois se viram de uber mas talvez eu ainda possa curtir alguma coisa, como pensei nas três outras vezes em que não fui embora e não curti nada. A hora parece não passar e nunca estive tão entediada. Kiara pediu para Pietra sair do pé dela e se eu tinha achado grosseiro da parte dela o karma me fez aturar a coitada vindo atrás de mim para todo lugar, até no banheiro ela entrou junto comigo. Vi ramona sentada próximo a piscina conversando com umas pessoas e puxo Pietra para nos sentarmos com eles, preciso de um segundo de sossego.
– Querem?– um menino oferece cerveja para nós e eu nego com a cabeça mas Pietra pega uma.
– E ai? O que ta rolando?– Tyler pergunta assim que se junta a nós e todos começam a elogia-lo pelo jogo de hoje.
– Foi foda, e é sua primeira vez jogando não é?
– Eu jogava na escola com o Lamberti, tinhamos um time bom e aqui é a mesma coisa, parece que voltei pra casa.
– Foi muito bom mesmo– Pietra concorda– Queria começar algum esporte esse semestre mas não me interesso por nenhum.
– Por que não tenta...
Todos começam a conversar e vou até a cozinha para pegar um refrigerante fechado, não acho nada na geladeira e sinto meu bolso vibrar. Meu pai está me ligando então atendo rápido.
– Oi– digo tentando abafar o som da musica para ouvi-lo.
– Flora? Não estou conseguindo te ouvir– vejo as escadas da casa e subo rapidamente, tento entrar no banheiro mas está ocupado.
– Ta me ouvindo?– digo andando pelo corredor.
– Onde você está?
– Em uma comemoração, o time ganhou o jogo e viemos para a casa de um pessoal comemorar.
– Não adianta não é? Pode acontecer o que for, você não cria juízo– ele reclama.
– Pai é só uma comemoração, eu não bebi nada, só quis sair com as amigas que eu fiz aqui.
– Impressionante como a cada dia você me decepciona, não sei o que mais precisa acontecer para você tomar vergonha– ele desliga o telefone na minha cara e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Que merda. Sei que não sou uma filha perfeita mas ele não tem que me tratar desse jeito, muito menos se referir a coisas que aconteceram comigo no passado como se eu tivesse alguma culpa. As fraternidades de universidades fazem festa toda semana, não vou deixar de sair e conhecer pessoas novas por coisas que já aconteceram, ficar trancada no dormitório não vai fazer com que eu volte no tempo.As vezes eu acho que não deveria ter aberto minha boca sobre nada, só ter aceitado quieta e fingir que estava tudo bem, assim não ia me sentir culpada toda vez que trocasse alguma palavra com meu pai.
Escuto algumas pessoas subirem a escada e não quero que ninguém me veja assim, já estou com milhares de lágrimas escorrendo, entro em uma das primeiras portas que encontro e tranco antes de me encostar nela para respirar fundo.
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Entre amor e jardas
Teen FictionDepois de passar por um trauma na sua antiga universidade Flora se muda para recomeçar sua vida social e acadêmica em um lugar diferente. Por mais que se livrar dessa situação seja fácil desse jeito as semelhanças da sua vida antiga com a nova traze...