13. 5ª série, aí vou eu! 🎒

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 Primeiro dia de aula. Tanta expectativa, ansiedade, tantos planos. Vida nova. Uma nova Tita estava para vir. Eu só tinha dez anos, pouco sabia, mas carregava na alma a certeza de que aquele ano não seria como os outros. Não teria como ser. Jamais.

Curitiba amanheceu nublada. Friozinho, garoa e a sensação de que dois meses de férias ainda era pouco tempo. Nada disso. Hora de levantar. Sentada na ponta da cama, olhei para o uniforme dobrado, cheirei-o, novinho em folha, como eu naquela manhã.

— Hoje começa uma nova vida, Tita. Hoje.

A calça do uniforme era preta com listras laterais brancas, a camiseta era branca, de algodão, na frente havia o emblema da escola, as mangas e o colarinho dela eram pretos. E por acaso (ou não tanto assim), eu sempre gostei de roupas pretas. Apenas a meia soquete com detalhes fofinhos era branca, pois o tênis, um Allstar, era preto.

Vesti a blusa de moletom do Mickey e da Minnie Mouse por cima da camiseta e senti-me maravilhosa, pronta para o que viesse. Almocei, escovei os dentes, verifiquei a mochila para ter certeza de que não me esqueci de nada e quando me dirigi para a porta da frente, Meire alcançou-me:

— Ei, ei, mocinha! Está com a chave aí?

— Estou!

— Identidade? Passagem? Chaves?

— Tudo certinho.

— Nada de falar com estranhos, de aceitar "presentinhos", nada de ir para a casa de amiguinha nenhuma, você vai à escola estudar e não para farrear. Quero a senhorita aqui em casa, de preferência, ANTES das 18h00. Se a senhorita colocar as manguinhas de fora e começar a chegar depois da hora, a conversa será com o chicote, ouviu bem?

Diante dos olhos de coruja, eu assenti e confirmei que faria tudo certinho.

Eu pegaria dois ônibus: o primeiro, na ida, era verde e me conduziria até o Terminal. Desceria com os outros passageiros pela escada subterrânea e do outro lado pegaria aquela linha que me deixaria no tubo a poucos metros do colégio, entretanto, ele se situava em uma avenida movimentada e era preciso ter cautela na hora de atravessar a rua porque erros ou distrações custariam caro, como de fato custavam.

Foi muito reconfortante encontrar outras crianças vestindo aquele uniforme também, algumas de pé, outras sentadas, mas o som das risadas e das conversas aquecia o coração e eu observava meninas que deviam ter mais ou menos a mesma idade que eu, pensava se minhas novas colegas seriam legais comigo e como seriam meus novos professores.

Os portões já estavam abertos quando chegamos. Por tratar-se de uma região bastante arborizada, senti um cheiro que me trazia certa paz: o de mato molhado. Pela calçada caminhei como se fosse meu próprio lar e seria a partir daquela tarde.

Folhas de papel sulfite estavam coladas em todas as paredes dos blocos que mais pareciam casas antigas e reformadas para se transformarem em uma escola de tamanho mediano. Minha classe era a 5ª B. B de bonança, quem sabe. B de bagunceira. E, sim, a partir do momento em que entrasse naquela sala de aula, ninguém saberia quem foi Tita antes daquele dia.

Algumas pessoas entraram na classe. Na relação de nomes só vi meninos. Praticamente 25 para 8 ou 9 meninas, contando comigo. Desleal proporção. Na 4ª série éramos 18 alunas para 14 garotos.

Alguém me cutucou no ombro direito. Olhei para trás e deparei-me com uma menina.

— Ei, você pode me ajudar?

— Claro que posso!

— Você sabe onde fica a 5ª B?

— 5ª B? A 5ª B é aqui. — respondi-a. — 5ª B é minha sala.

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⏰ Última atualização: Jun 25 ⏰

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