04 . pré-rolê.

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A diretoria estava tão silenciosa que me assustava. Os únicos barulhos que eu conseguia ouvir era dos passarinhos do lado de fora da janela e meu pé batendo freneticamente da cadeira de madeira em frente da mesa do diretor.

Ele analisava alguns papéis antes de nos olhar. Na cadeira ao meu lado estava a professora homofóbica Sr. Hwang e ao seu lado estava Yeji , a filha, em pé com as mãos apoiadas no ombro da mãe. Eu sabia que ela iria distorcer a história inteira contra mim, e é óbvio que o diretor iria acreditar nela, já que os alunos dessa geração "não servem para nada".

Eu entrelacei meus dedos das minhas próprias mãos sobre as coxas, suspirei fundo deixando o nervosismo sair junto com o ar e me segurei para não sair no tapa com aquela preconceituosa.

— Isso é realmente um caso grave. — O diretor, Sr. Lee, apoiou os cotovelos na mesa e lançou um olhar de decepção para mim.

— Grave? Isso é gravíssimo e inadmissível! — A professora levantou o tom de voz, desencostando as costas da cadeira para se inclinar ao diretor. Ela manipulava bem, seu comportamento mudava quando queria parecer a certa da história.

— Realmente, inadmissível você me tratar diferente só porque eu sou gay. — Eu olhei para ela que foi covarde o suficiente para nem me encarar de volta. — Lembra quando fez aquela piada de mau gosto com os homens que morrem de aids? Que você só conseguiu se preocupar com a sexualidade deles.

— Isso é um absurdo! — Ela se exaltou. Seu rosto ficou vermelho e as sobrancelhas ficaram agressivamente franzidas. — Ainda bem que Yeji está aqui para dizer que isso é mentira senhor Lee, se não esse menino iria falar cada besteira que eu nem imagino.

— Por favor, peço que mantenha a calma. — Ele inclinou as mãos em um ato de passividade, como se aquilo fosse deixar aquela louca mais calma.

— Calma? O senhor não está vendo que ele está tentando me desestabilizar?

— Todo esse escândalo só porque eu gosto de pau-

— Choi, por favor, não piore as coisas. — A voz do diretor era calma. Aquilo me dava raiva mas ao mesmo tempo eu entendia, ele só queria entender os dois lados da situação. Gritar não adiantaria nada.— Senhorita Yeji, por favor, dê a versão do que você ouviu.

— A professora já havia acabado todas as suas explicações sobre a matéria. — A postura de Yeji se encolheu, ela só conseguia encarar o chão. Eu não culpava ela por ter uma mãe daquelas, deveria ter sido chantageada muitas vezes para fazer algo desse tipo. — Ela deu a opinião dela sobre as bandeirinhas que colaram no banheiro, então, Yeonjun rebateu de forma agressiva — Ela me olhou. — no calor do momento.

— Yeji? Por Deus! Sério que não consegue entender as problemáticas que sua mãe faz e fala?

— Choi, entendemos sua indignação mas isso é uma opinião da professora. — Eu quis morrer de raiva nesse momento, queria voar na mesa do diretor e jogar ele pela janela. — Nós podemos resolver essa situação amanhã? Ou depois? Iremos averiguar melhor as câmeras da sala e vamos ver qual será sua punição. — Ele levantou as mãos em direção da porta. — Dispensados.

Me levantei tomado pela raiva completa e sai da sala. Eu nem me toquei do que estava fazendo, me lembro vagamente de entrar no banheiro para lavar o rosto e depois ir no bebedouro para não ter que voltar para a sala de aula.

Yeji estava ali, enchendo as mãos de água em forma de tigela para beber. Eu cheguei mais perto, fiquei em silêncio até que ela percebesse a minha presença. Vocês tem noção que tudo estava nas mãos dela? Se eu fosse expulso ou suspenso, seria por causa dela. Se ela não mudasse a versão da história, se ela não falasse a verdade, eu iria estar ferrado.

Winter's brother (Yeongyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora