Capítulo 9 - Povo do céu

280 23 3
                                    

Raewyn passou a noite com Neteyam afastados da aldeia. Neteyam encontra-se adormecido sobre o peito de Raewyn e esta faz-lhe carinho nos cabelos protegendo-o de todos os males do mundo. Raewyn começa a dar beijos no rosto de Neteyam tentando acordá-lo. Já estava na hora de voltarem. 

— Bom dia Neteyamur. 

Neteyam abre os olhos devagar e sorri, ter Raewyn como a primeira coisa que vê assim que acorda e algo que ele passou a querer experenciar todos os dias. 

— Bom dia Rae. - Neteyam dá um selinho a Raewyn e volta a abraça-la aconchegando-se.

— Temos de voltar. Tenho de falar com os meus pais.

— Podemos voltar mais tarde. Quando voltarmos a nossa paz vai acabar. Vamos aproveitar enquanto ainda podemos estar juntos. 

Raewyn rende-se e rebola colocando-se em cima de Neteyam.

— Okay... mas não podemos demorar. - Neteyam assente enquanto o seu polegar faz carinho na cintura de Raewyn. - Fala-se sobre o teu antigo clã.

Com tanto tempo que tinham passado juntos, Raewyn não conseguia acreditar que não sabia nada sobre o antigo clã de Neteyam. Ela queria saber como era a vida que Neteyam tanto sente falta. Ele sente falta de casa. Ela quer que ele se sinta em casa. Com ela.

— O que queres saber?

— Tudo.

Neteyam ri e com as memórias a correrem pela sua mente ele começa a contar a Raewyn tudo o que se consegue lembrar. Falou-lhe da Hometree e em como ela tinha sido destruída, falou-lhe de Iknimaya, o ritual de passagem no qual os jovem Na'vi devem encontrar o seu Ikran, falou-lhe de como adora as árvores e de explorar sentindo-se livre.

— Qual é a sensação? De voar. - Raewyn olha fascinada para Neteyam quando este lhe conta sobre o seu Ikran.

— É como... - Neteyam para de falar e levanta-se assustando Raewyn.

— Que se passa?

— Anda. - Neteyam agarra na mão de Raewyn e afastam-se ainda mais da aldeia onde começavam a surgir algumas árvores. Neteyam faz um som estranho e Raewyn franze o rosto.

— O que estás a fazer?

Segundos depois Raewyn percebe a estranha atitude de Raewyn. À sua frente tinha acabado de surgir um enorme animal voador. O Ikran de Neteyam.

— Querias saber qual é a sensação. - Neteyam sobe o seu Ikran e estende a mão a Raewyn para que ela suba também - Anda descobrir.

Raewyn agarra na mão de Neteyam e impulsa-se para subir. Agarra-se à cintura de Neteyam com força e encosta o queixo ao seu ombro.

— Descontrai. 

Raewyn é apanhada de surpresa quando o Ikran levanta voo e fecha os olhos com força. Ela sente o vento bater no seu rosto e sabe que deve estar bem longe do chão.

— Abre os olhos Rae. Confia em mim.

Raewyn abre os olhos sem largar a cintura de Neteyam e os seus olhos arregalam-se maravilhados. Ela nunca tinha visto o recife naquela prespetiva. O seu skimwing apenas voava poucos metros acima da superfície da água. Mas aquilo... é lindo. Ela vê a luz refletida na água límpida e os pequenos animais aquáticos a nadar nela. 

Com cuidado solta a cintura de Neteyam e abre os braços sentindo o vento atravessa-la como se estivesse a levar todos os males com ele. 

— Isto é a melhor sensação de sempre! - Raewyn não consegue parar de sorrir, como se os músculos do rosto estivessem congelados.

— Sabia que ias gostar. 

Raewyn volta a encostar-se a Neteyam e fica a sentir as suas costas subirem e descerem devido à respiração. Raewyn adora sentir os batimentos e a respiração de Neteyam. Fá-la sentir viva. 

Neteyam fá-la sentir viva.

Quando voltam a pousar em terra Raewyn abraça Neteyam com força.

— Obrigada.

— Pelo que?

— Por tudo. Por existires. Por estares ao meu lado. Por me fazeres perceber o que é estar viva. 

— Obrigado. - responde Neteyam.

— Pelo que?

— Por tudo. Por me fazeres perceber o que é amar e ser amado. Por me fazeres feliz.

Neteyam sela os seus lábios com os de Raewyn e tal como na primeira vez que se beijaram ambos sentiram as famosas borboletas na barriga e o coração errar umas batidas. 

Apesar de não quererem, sabiam que tinham de voltar. Não podiam afastar-se do mundo real como se ele não existisse. Apesar de ser a única coisa que queriam fazer.

Começam a dirigir-se para a aldeia e Raewyn começa a sentir a boca secar e um na garganta. Neteyam percebe o seu desconforto e entrelaça os seus dedos com os dela tentando acalmá-la. Quando chegam à aldeia Raewyn solta a mão de Neteyam e ele dá-lhe um beijo na testa.

— Vai correr tudo bem, vou estar aqui quando voltares. - Raewyn sorri com as palavras de Neteyam e depois começa a afastar-se - Amo-te!

Raewyn volta para trás e dá um selinho rápido a Neteyam.

— Amo-te mais.

Raewyn chega ao Marui dos seus pais e os seus olhos enrugam em confusão ao ver Neytiri e Jake também presentes. Mas o que mais a incomodou foi ver a sua mãe chorar.

— O que se passa?

Os quatro adultos assustam-se com a sua chegada repentina e entreolham-se antes de Ronal falar.

— O povo do céu. Eles voltaram. E mataram Roa! Eles vieram para atacar o clã do recife.

Raewyn sente o coração cair-lhe aos pés.

I see you //NeteyamOnde histórias criam vida. Descubra agora