CAPÍTULO 06

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Enquando Westcliff tomava vinho com lorde Lee, Jungkook foi ter uma conversa particular com o pai. Dirigiram-se à biblioteca, uma sala grande e bonita, com pé direito duplo e estantes de mogno que abrigavam mais de dez mil volumes. Um aparador tinha sido construído em um nicho para deixá-lo nivelado com as estantes. Jungkook ficou feliz em ver que havia várias garrafas de bebida sobre o mármore do aparador. Sentindo que precisava de algo mais forte que vinho do Porto, achou a garrafa de uísque.

– Dose dupla? – sugeriu ao pai, que assentiu e grunhiu, concordando.

Jungkook sempre detestara falar com o pai. Jeon Dae-jung era o tipo de alfa que gostava de dizer o que as outras pessoas deviam fazer e pensar, acreditando conhecê-las mais do que elas mesmas. Desde a infância Jungkook tivera de suportar que lhe dissessem quais eram seus pensamentos e motivações, e então ser punido por eles. Não parecia importar se ele tinha feito algo bom ou ruim. Mas apenas sob que ângulo seu pai decidia ver suas ações.

E Dae-jung sempre mantivera viva a ameaça de deserdá-lo. Por fim, Jungkook lhe dissera para deserdá-lo de vez, que não se importava. E saíra para fazer sua própria fortuna, começando praticamente do nada. Agora, quando se encontrava com o pai, era sob seus próprios termos. Ah, Jungkook queria ter direito à parte europeia da fábrica do pai, mas não ia vender sua alma por isso. Entregou um copo de uísque ao pai e tomou um gole, deixando o sabor cremoso e doce do éster correr por sua língua. Dae-jung sentou-se em uma cadeira de couro diante do fogo. Franzindo a testa, estendeu a mão para verificar a posição da peruca na cabeça. Ficara escorregando a noite toda.

– Você pode prender uma alça no queixo – sugeriu inocentemente Jungkook, provocando uma careta feroz do pai.

– Seu pai acha atraente.

– Pai, acho difícil acreditar que isso possa atrair qualquer coisa que não seja um esquilo apaixonado. – Jungkook arrancou a peruca e colocou-a em uma mesa próxima. – Esqueça isso e fique confortável, pelo amor de Deus.

Dae-jung resmungou, mas não discutiu, relaxando em sua cadeira. Jungkook, então, apoiou um braço contra o console da lareira e olhou para o pai com um sorriso discreto.

– Bem? – indagou Dae-jung, erguendo, ansioso, as pesadas sobrancelhas. – O que você achou de lady Jieun?

Jungkook deu de ombros de um jeito indolente.

– Ela vai servir.

As sobrancelhas abaixaram.

– “Ela vai servir”? É tudo o que você tem a dizer?

– Lady Jieun não é mais nem menos do que eu esperava. – Depois de tomar outro gole de uísque, Jungkook disse sem rodeios: – Creio que não me importaria de me casar com ela. Embora ela não me interesse nem um pouco.

– Um ômega não tem de ser interessante. Não quando se é para casar.

Jungkook se perguntou se, infelizmente, não haveria alguma sabedoria escondida naquilo. Com uma esposa como lady Jieun, não haveria surpresas. Seria um casamento calmo e sem atritos, que o permitiria ter tempo suficiente para cuidar de seu trabalho e de suas ocupações pessoais. Tudo o que ele teria de fazer era lhe prover generosos saques bancários, e ela gerenciaria a casa e teria filhos. Lady Jieun era bonita e agradável, com seu cabelo escuro e sedoso, e incrivelmente segura de si. Se Jungkook algum dia a levasse a Nova York, ela se sairia esplendidamente bem com os nova-iorquinos. Sua postura, sua criação e sua confiança fariam com que fosse muito admirada.

Uma hora em sua companhia, e sabia-se praticamente tudo o que havia para saber sobre ela. Ao passo que Park Jimin era algo novo e fascinante, e ele não tinha sido capaz de tirar os olhos do ômega loirinho durante o jantar. Jimin não tinha a beleza meticulosamente bem cuidada de Jieun. Em vez disso, seu desabrochar era alegre e casual, como o das flores silvestres. Seu cabelo loiro, saltando em pequenos cachos em torno de seu rosto, deixava Jungkook louco com o desejo de estender a mão e brincar com as mechas rebeldes e luminosas de anjo.

UM AMOR PARA AS NOITES DE LONDRESOnde histórias criam vida. Descubra agora